1ª Coríntios

1Cor 1

        Endereço
1,1-2 Paulo abre a sua carta lembrando a sua condição de “apóstolo” e especificando que o é “por vontade de Deus”. É sua função, na Igreja, anunciar que Jesus realiza em si a figura do “Cristo”. Dirige-se a uma das igrejas de Deus, constituída por fiéis que “em Cristo Jesus” foram santificados com o compromisso de perseguir sua santificação juntamente com todos os que “invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso”.
            Saudação
1,3 A fórmula é a mesma das cartas anteriores (1Ts, 2Ts, Fl), com toda a sua profunda significação. Lembra a graça de Deus que se manifestou em Cristo (Ef 1,3) e a comunhão de vida que podemos alcançar através do Espírito (Ef 4,3).
            Oração
1,4-7 A oração é uma constante na vida do Apóstolo. É por meio dela que entendemos os aspectos do Desígnio de Deus e os dons que nos concedeu. Em Cristo Jesus, recebemos toda riqueza (Cl 1,27): pelo Espírito que Deus Pai nos concedeu em virtude da redenção no sangue de Cristo, temos a condição  de sermos repletos de toda ciência e prudência, a ponto de compreender o Mistério que é Cristo, em quem, os que tiverem esperado, participarão da sua herança, juntamente com os que se tornaram o povo da sua conquista, após ter-se purificado (Ef 1, 7-14). (Notamos a identidade de conceitos de Paulo aqui e em Ef).
1,8-9 Aquele que começou em nós a sua obra, fiel a si mesmo, levará à perfeição em nós o querer e o poder, para que sejamos encontrados irrepreensíveis “no Dia de Nosso Senhor Jesus Cristo”. 

5a feira da 21a semana TC Ano par
            Reflexão (1Cor 1,1-9)
            Deus é o autor e realizador de toda e cada igreja local. Cristo Jesus é coautor. Por ele, a Igreja é santificada em virtude da sua imolação. É nele, constituído Cabeça com todo poder, que também os fiéis se santificam. Por ele, nos vieram toda graça e verdade. O testemunho do Espírito é consolidado pela Palavra e pelo conhecimento que a sua prática promove. Nenhum dom faltará para os que, vigilantes, esperam a Revelação de Nosso Senhor Jesus Cristo. Tornados, dessa forma, irrepreensíveis pelo Espírito de Nosso Senhor, estarão salvos da ira, no dia da sua vinda (Rm 5,9). Tudo está garantido pela fidelidade de Deus que, tendo-nos conhecido desde sempre, por livre determinação de sua vontade nos predestinou a uma vida de comunhão com Ele, querendo que sejamos conformes ao seu Filho “Jesus Cristo, Senhor nosso” (Rm 8,29).
            Paulo, nessa abertura da sua carta, em vista daquilo que irá expor, propositalmente acentua a condição de Jesus na Igreja, com as suas prerrogativas de santificador e cabeça. É dele que recebemos o selo do Espírito que promove em nós todo dom.

            
  Vocabulário

Igreja  Em relação a esse termo, em 1Ts, no endereço, temos somente “Igreja”, embora dela se diga “em Deus Pai e no Senhor Jesus Cristo”. Em 2Ts, sempre no endereço, já temos uma especificação “em Deus nosso Pai”. Em Fl 1,1, da Igreja temos uma definição: “santos em Cristo Jesus... com os seus epíscopos e diáconos”. Em 1Cor 1,1-2 é especificada a santificação: “aqueles que foram santificados em Cristo Jesus, chamados a ser santos com todos os que em qualquer lugar invocam a nome de nosso Senhor Jesus Cristo”. Em 1,4-9 é especificado porque a Igreja é de Deus: “porque, em Cristo Jesus fostes cumulados de todas as riquezas” (v.5); “é Ele, também, que vos fortalecerá até o fim” (v.8). “É fiel o Deus que vos chamou à comunhão com o seu Filho Jesus Cristo, Senhor nosso” (v.9).

Admoestações

1Cor 1,10-4,7 Primeira admoestação
            Premissa.  Enquanto Paulo debate a sua primeira admoestação, acaba nos explicitando os seus conceitos teológicos. Deles temos uma premissa na parte introdutória: a grandiosa síntese da visão da Igreja, que inclui o seu princípio, a sua causa imediata, Cristo merecedor do Espírito em virtude da sua imolação, a vocação do fiel à santidade, pelo desenvolvimento do testemunho do Espírito nele, a condição de Cristo como Cabeça da Igreja. 1º) A origem sobrenatural da Igreja. Ela é obra de Deus em virtude de Jesus Cristo que morreu por nós. É nele que somos justificados e santificados.  Por Ele, o Espírito infundiu em nós o testemunho que, pela vivência, de nossa parte, da fé e da caridade, se abre a uma esperança inabalável. Cristo Jesus foi constituído Senhor da Igreja pelo Pai que a ele outorgou todo poder. Por ele passamos de graça em graça, ele que tem a primazia e é a Plenitude que plenifica tudo em todos. 2º) O Espírito age pela Palavra para converter e depois para nutrir os fiéis. 3º) Quem prega a Palavra do Evangelho, deve evitar a “sabedoria da linguagem” para que os ouvintes escutem falar somente do mistério de Deus. Deve se preocupar em servir a Deus com fidelidade, para que tudo não seja em vão. De fato, seremos provados pelo fogo. 

1,10-18 Notamos a insistência de Paulo em lembrar a condição de Jesus em relação aos fiéis da Igreja: ele é o Senhor (1,2.3.7.8.9.10). Ela é proposital, em vista daquilo que os fiéis de Corinto devem pensar para que mantenham a concórdia entre si. É ele que nos salvou pela sua cruz. É na sua morte que somos sepultados para ressuscitar para uma vida nova. Paulo, juntamente com Apolo e Cefas, são meros cooperadores, enviados “para anunciar o Evangelho” (v.17). Intencionalmente, Paulo evita recorrer à linguagem da sabedoria humana “para que não se torne inútil a Cruz de Cristo, ... poder de Deus” (v.17.18).
1,19-25 Trata-se de uma digressão que ilustra o que Paulo tenta incutir nos fiéis de Corinto. A sabedoria humana não é capaz de “reconhecer Deus na sabedoria de Deus” (v.21). A sua linguagem é a do homem psíquico que “não aceita o que vem do Espírito de Deus” (2,14). A sabedoria de Deus não se manifesta segundo os critérios da expectativa dos sábios desse mundo. O seu poder se manifesta naquilo que é escândalo para o judeu e loucura para o gentio. Cristo crucificado é “poder de Deus e sabedoria de Deus” (v.24), algo mais sábio e mais forte daquilo que os sábios deste mundo possam conceber.

6a feira da 21a semana TC Ano par
            Reflexão (1Cor 1,17-25)
            As opiniões divididas dos fiéis de Corinto patenteiam quanto o homem é banal quando tenta interpretar a Revelação pelos seus pensamentos. Enquanto a cruz é um escândalo e uma insensatez para o judeu e o grego, de fato, é o caminho que a Sabedoria criadora ditou para que o Adão verdadeiro chegasse à glorificação e se tornasse princípio de salvação para todos os homens, tornados, pela sua encarnação, seus irmãos. Isso já tinha escandalizado os próprios discípulos de Jesus. Não foram eles, todavia, surpreendidos ao vê-lo subir ao céu na condição de Filho do Homem glorificado? (Jo 6,62).
            Uma vez que Deus oferece ao homem todos os fundamentos necessários para a sua credibilidade, ao abraçar a fé, as verdades reveladas se tornam um patrimônio imenso de sabedoria que ele nunca poderia alcançar pelo simples esforço da sua mente, garantido, agora, pela autoridade do próprio Deus que se revela.

1,26-31 A condição humilde dos fiéis de Corinto é mais uma ilustração da forma segundo a qual Deus age. Ele reduz ao nada o que é, pelo que é vil e desprezado pelo mundo. A parte final quer concluir a argumentação para que todos superem as divisões. É no Senhor que devemos nos gloriar. A sabedoria, a justiça, a santificação e a redenção são frutos da ação de Cristo Jesus. Pela conclusão podemos observar que Paulo, propositalmente, desde o início da carta insiste na característica que deve ser atribuída a Jesus Cristo. Ele é o Senhor. Todavia, se de um lado a argumentação visa  estabelecer a primazia de Cristo, de outro lado, ela não deixa de nos oferecer verdades importantes: 1ª) uma síntese do que é vida cristã (1,5-9); 2ª) a Cruz de Cristo é poder de Deus e sabedoria de Deus (1,23-24).

Sábado da 21a semana TC Ano par
            Reflexão (1Cor 1,26-31)
            A verdadeira riqueza e grandeza é aquela que recebemos de Deus. Se cada fiel de Corinto considerasse a sua origem, humanamente nunca poderia se gloriar: não há letrados, não há pessoas influentes, não há nobres. A sabedoria que lhes permite ver no Cristo crucificado o Poder de Deus e a sua Sabedoria, confunde os sábios. O poder que, agora, está nos fracos “confunde os fortes”. O humilde foi exaltado. Tudo isso ocorreu porque somos de Cristo que nos enriqueceu com a sabedoria que vem de Deus ( Ef 1,8), com a justificação, santificação e redenção (Rm 5,1-9).


1Cor 2

2,1-5 Aqui temos a explicação de como se dava a pregação de Paulo. O anúncio era feito com palavras despojadas de qualquer eloquência. Eram palavras sobre a Cruz, que agiam na força do Espírito (1Ts 2,3). A fé, então, era suscitada pelo poder de Deus. Estamos diante da prerrogativa carismática do ministério dos Apóstolos (cf. Rm 1,11). 

2a feira da 22a semana TC Ano par
            Reflexão (1Cor 2,1-5)
            Paulo continua a sua argumentação no intuito de desfazer as ridículas  divisões criadas por preferências fundamentadas em motivos banais. Tudo o que argumentou em 1Cor 1 deveria ser mais que suficiente. Acha, contudo, oportuno falar da sua experiência pessoal. Para ele ficou demonstrado, ao longo da sua atividade apostólica, que a ação do Espírito brota do conteúdo da pregação, não da oratória. O que deve ser apreciado, portanto, é o conteúdo do Mistério apresentado porque é por ele que o Espírito age. O Mistério de Deus que, em síntese, é Cristo crucificado, pela adesão provocada pelo Espírito, diante da Palavra da Vida anunciada, nos torna ricos em verdades de fé, nos faz experimentar o poder de Deus e nos enobrece pela graça da filiação divina. O discurso de Paulo se apresentava, propositalmente, despojado de oratória, porque era sua preocupação servir, em tudo, unicamente a Deus, na condição de mensageiro da Palavra da Vida (Fl 2,12-16).

2,6-9 A sabedoria que o Espírito comunica se diferencia da sabedoria humana que, infelizmente os coríntios estavam apreciando, orientados, nas suas preferências, pela retórica dos oradores. Com isso, quase nada captavam das verdades da “doutrina da justiça” (Hb 5,13)]. Não chegavam à compreensão do Mistério de Deus, pensado desde sempre: Cristo princípio de nossa adoção filial pela redenção; princípio de comunicação do entendimento e da ciência; em quem, os que tiverem vivido na esperança, herdarão a vida eterna, juntamente com todos os que foram marcados pelo Espírito e tiverem vivido a sua purificação como povo da conquista (Ef 1,3-14). O mundo desconhece essa doutrina. São aqueles que amam a Deus, pela observância dos mandamentos, que conhecem a sua manifestação (Jo 14,14-21).
2,10-12 Autor da sabedoria é o Espírito que nos leva ao conhecimento de Deus promovendo em nós o entendimento dos dons da graça de Deus.
2,13 A sua linguagem é espiritual, dirigida ao espírito em termos espirituais.
2,14-16 Quem não chega à fé lida com os valores do Espírito segundo critérios humanos, os da sua psique. Por isso acha loucura o que nós aceitamos no Espírito. Pela sabedoria espiritual, nós, “que temos o pensamento de Cristo”, podemos julgar todo pensamento, instruídos pela última Verdade que é Deus.

3a feira da 22a semana TC Ano par
            Reflexão (1Cor 2,10b-16)
            Aqui, vemos Paulo argumentar sobre aquilo que já provou por uma argumentação teológica. Os valores que o Espírito revela, não podem ser entendidos pelo homem psíquico. É o homem espiritual que os entende. Pela sua posse,  ele entende quanto foi enriquecido. É grande sabedoria reconhecer que o opróbrio da cruz foi o caminho da glorificação para Cristo Jesus. Da mesma forma, é grande sabedoria reconhecer na imolação de Cruz o Princípio da nossa justificação, a fonte da nossa santificação, a condição da nossa reconciliação com Deus. Devem-se considerar amados por Deus os que possuem essa sabedoria. Por ela conhecem o pensamento de Deus em toda a sua profundeza em virtude do mesmo Espírito que o penetra e perscruta, enquanto o participa pela ação dos seus dons.
           No homem, é o seu espírito que lhe permite se conhecer. O mesmo acontece em Deus. É o Espírito que dele tudo conhece. Cristo Jesus nos mereceu participar do conhecimento de Deus peala ação do Espírito que opera em nós através dos seus dons. O homem marcado pelo Espírito compreende o que o homem psíquico considera insensatez.
           Paulo participa da sabedoria do Espírito por causa da sua vida de fé que ele desenvolve pelos dons do Espírito. Todavia, ele desenvolve ainda mais a compreensão dos mistérios de Deus em virtude do carisma apostólico que opera pela sua pregação. Seja em Paulo como nos fiéis, a fé se apoia "no poder de Deus" (2,5).
           Quando desenvolve junto com o crescimento da vida divina implantada como uma semente no batizado, os dons do Espírito são potenciados. Segundo este processo, os fiéis podem alcançar a condição de homens sábios. Tivessem tido a sabedoria, os homens de governo não teriam "crucificado o Senhor da glória". Pela sabedoria desenvolvida a partir da santificação gerada pela palavra da pregação apostólica é possível desfrutar o Poder de Deus que se manifesta na vergonha e loucura da Cruz.
           Devemos observar que aquilo que Paulo recusou ostentar quando evangelizou a comunidade de Corinto, Paulo o ostenta, com prazer, nos seus escritos. Estamos diante da linguagem de alguém que gosta de dialética e que expõe o seu pensamento através de uma argumentação minuciosamente montada. A muito custo nos é dado extrair dela, enquanto evitamos sermos por ela desviados, a doutrina que ele exp´^os quando deixou o Espírito agir, sem que a sua "palavra e pregação nada tivêssem da persuasiva linguagem da sabedoria" (2,4). Por outro lado, a bem da verdade, devemos reconhecer que a forma rebuscada segundo a qual Paulo expõe os seus conceitos, ressalta grandemente o valor que neles reconhecemos.


            Reflexão sobre 1Cor 1-2
Os traços autobiográficos de Paulo nos permitem avaliar a sua sabedoria e santidade. Vive o seu ministério somente preocupado em transmitir a Palavra que age pelo Espírito que ela carrega. Como já tinha explicado aos tessalonicenses, age com lisura, não querendo agradar, nem cativar. Enfim, está preocupado em ser julgado, no Dia do Senhor, como quem trabalhou de forma meritória. Por causa dessa atitude perfeita está em condições de captar o que o Espírito perscruta nas profundezas de Deus. O homem psíquico disso não é capaz. O prova o fato que os sábios desse mundo levaram à morte o Autor da Vida.
O homem espiritual compreende que Deus é a Bondade que, fiel a si mesma, age no amor, realizando o seu Desígnio, o de tornar os homens seus filhos adotivos em Jesus Cristo. Compreende a Pessoa de Jesus e vê nele o Adão que vive a sua glorificação pela sua imolação, enquanto se torna Princípio de justificação e santificação para os irmãos. Chega a saber que o Espírito merecido por Cristo com a sua Morte infunde nos fiéis o Testemunho da fé e o desenvolve com os seus dons. Pelo Espírito, portanto, os fiéis compreendem que o Cristo crucificado é Sabedoria de Deus e Poder de Deus. Esta é verdadeira ciência que confunde os sábios desse mundo, a verdadeira riqueza, princípio de vida eterna. São elas que nos dignificam!
A questão das divisões na Igreja de Corinto sugeriu portanto a apresentação da Igreja no seu dinamismo trinitário que leva os fiéis a se santificar, a figura de Cristo crucificado, Sabedoria de Deus e Poder de Deus, a descrição da ação do Espírito no ministério do Apóstolo, na santificação do homem espiritual com os seus dons, a análise da própria natureza do Espírito em Deus.


1Cor 3

3,1-2 Foi impossível para Paulo falar aos coríntios do Mistério por uma linguagem do Espírito porque, no momento da sua conversão estavam passando de homens carnais a uma condição de criancinhas em Cristo. Os fundamentos que o Espírito plantou eram ainda leite de criancinhas, não alimento sólido.
3,3-4 A atitude infantil ainda está presente porque os coríntios vivem em discórdias.
3,5-9 Na Igreja, quem opera é Deus. Os homens que pregam são cooperadores que Deus compensará conforme o seu trabalho. Os fiéis são seara e  templo de Deus.

4a feira da 22a semana TC Ano par
            Reflexão (1Cor 3,1-9)
            Paulo, ao retomar o problema das divisões em Corinto, delas especifica o infantilismo dos fiéis daquela comunidade. As divisões indicam que os coríntios ainda são do mundo e que pensam segundo o homem carnal. De fato, não sabem distinguir entre o que o homem opera e o que Deus opera. O homem colabora, Deus realiza. A recompensa dos Apóstolos e dos outros pregadores do Evangelho será segundo o seu trabalho. Da mesma forma será recompensado cada fiel segundo a cooperação prestada à ação do Espírito nele. O incremento da ceara e a edificação da Igreja em templo de Deus no Espírito pertencem somente a Deus. 

3,10-15 A Igreja de Corinto teve Paulo como arquiteto. Ele lançou o fundamento, que só pode ser Cristo. Os que vão edificando sobre ele, terão sua obra experimentada pelo fogo, no Dia do Senhor. Se a obra subsistir, receberão o pagamento. Também, o mesmo fogo os purificará.
3,16-17 Devem ser execrados os que lidam com a Igreja de maneira imprópria profanando o Templo de Deus.
3,18-22 Os fiéis não devem se deixar conduzir por sabedoria humana. É loucura ter prefereências por líderes. Paulo, Apolo, Cefas, o mundo, a vida, a morte, todas as coisas estão em função dos membros da Igreja que pertence a Cristo e a Deus.

5a feira da 22a semana do TC Ano par
            Reflexão (1Cor 3,18-23)
           As divisões provocam a destruição do Templo de Deus. São manifestações de quem abandonou a vida do Espírito para praticar o que é do homem carnal. Após ter sido gerados em Cristo,  os fiéis de Corinto deveriam estar se alimentando com o alimento sólido que poderiam deglutir no Espírito, cultivando, dessa forma, os seus dons até produzir os seus frutos. Eles são os que o Espírito santificou e que, habitando neles, quer promover o testemunho que está neles  através da verdadeira sabedoria. Infelizmente, procuram “nos homens motivos de orgulho”esquecidos que Cristo morreu por eles.
      A visão de Paulo nos permite ver o mundo que Paulo, na condição de homem espiritual, contemplava, movido pelo Espírito: a Igreja fruto de uma ação trinitária, na qual os fiéis, marcados pelo Espírito são chamados à santificação; Cristo crucificado, Poder de Deus e Sabedoria de Deus; a vida no Espírito que torna os fiéis capazes da verdadeira sabedoria; a gravidade da discórdia, fruto de quem, abandonando a vida no Espírito, segue o pensamento humano: perdida a santidade o fiel se torna princípio de desmoronamento da sua Igreja.

1Cor 4

4,1-5 Depois de ter deixado bem claro que tudo o que somos é por graça de Deus, em Jesus Cristo, Paulo ilustra de maneira mais específica a condição dos ministros da palavra. São meros servidores de Cristo com o encargo de administrar os mistérios de Deus. É Jesus o Senhor, Cabeça da Igreja, aquele que esperamos como Juiz (1,7-9). Os Apóstolos, os evangelistas, e os doutores são servidores (3,5). De fato, têm a função de administrar os mistérios. Para isso receberam um dom específico (Rm 12,6-7:Ef 4,11-13), mas sempre na condição de servos. Nessa condição devem temer o julgamento do Senhor. A apreciação dos ouvintes não tem peso algum.

6a feira da 22a semana TC Ano par
           Reflexão
       Aflora a convicção de Paulo em relação às divisões. Os que a provocaram são os líderes que se aproveitaram da fragilidade intelectual dos ouvintes. Fala com a autoridade de “apóstolo de Cristo Jesus, por vontade de Deus”. De sua parte, se apresentou “cheio de fraqueza, de temor e de tremor”. Os próprios coríntios constataram a eficácia do Espírito, movidos à conversão pelas suas palavras. Ele falava com a verdadeira sabedoria de quem se deixa guiar pelo Espírito que perscruta as profundidades de Deus e “exprimiu verdades espirituais em termos espirituais” (2,13). As reações de homens carnais que promoveram invejas e rixas certamente não foram provocadas por ele que como “bom arquiteto” colocou como fundamento Jesus Cristo crucificado “Poder de Deus e Sabedoria de Deus”, escândalo para os judeus, loucura para os pagãos. Não foi valorizado à altura por aqueles que o seguiram na pregação, alguém construiu com “madeira, feno ou palha” (3,12).Criaram-se duas situações graves de pecado que estão implodindo o Templo de Deus, uma vez que as ambições humanas de uns pregadores provocam reações de sabedoria humana nos fiéis. O processo da santificação no Espírito acabou estancado. O Poder de Deus e a Sabedoria de Deus que estão no Cristo crucificado, cessaram de agir, uma vez que os membros da Igreja de Corinto deixaram de ser impulsionados pelo Espírito de Deus.

4,6-7 Quando alguém se orgulha porque acha ter algo melhor, por preferir um pregador da palavra, se esquece que, de fato, tudo é de Deus. Como isso pode se tornar motivo de rivalidade?
Síntese
            O preâmbulo coloca as premissas da argumentação que a segue. Os coríntios estavam divididos porque entusiasmados pelo pensamento ou de Paulo ou de Apolo ou de Cefas ou de Cristo. Um infantilismo que seria superado se os coríntios fossem capazes de “degustar a doutrina da justiça” (Hb 5,13). Somente em Cristo encontramos a nossa justificação, na sua Morte, que manifesta o Poder de Deus e a Sabedoria de Deus. Judeus e gregos não a compreendem. Ela se manifestou, também, quando tornou os fiéis de Corinto, de origem humilde, em sábios e mostrou que tudo vem de Deus.
            Paulo, ao anunciar o evangelho de forma despojada de qualquer ostentação de sabedoria humana, deixou claro que a fé devia se basear no poder de Deus que se revelava pelo Espírito. Possuímos a verdadeira sabedoria pelo Espírito que  sonda as profundidades de Deus. É por ele que compreendemos “os dons da graça de Deus”. Essas verdades não poderão ser conhecidas enquanto os coríntios permanecerem ligados às coisas do mundo.
            Apolo, Paulo são meros servidores, chamados para plantar e regar. A Igreja é de Deus. É ele que a faz crescer. Que os servidores prestem atenção com que intuito agem porque serão julgados pelo fogo. Foram postos a serviço da Casa de Deus, o Templo edificado no Espírito. Não se procura nos homens motivos de orgulho, o que seria sabedoria humana.
            Paulo conclui a sua argumentação afirmando que ele só se preocupa com a apreciação que dele Deus fará e lembrando que qualquer prerrogativa vem de Deus, de maneira que ninguém pode se orgulhar como se não a tivesse recebido.


Outras admoestações

1Cor 4, 8 – 6,19

1Cor 4,8-21
4,8 Estamos diante do começo de uma nova admoestação, sinalizada no preâmbulo (1,6-7). O estilo é retórico. Paulo quer severamente repreender a atitude afrontosa que alguns coríntios estão tendo a seu respeito. Usa até de ironia: não precisam mais dele, uma vez que estão seguros em se auto-orientar, sem sentir falta de nada, não precisando mais do Apóstolo. Sentem-se como reis. Paulo adverte que a meta, inicialmente conquistada, está ameaçada em se perder. A riqueza que está em Cristo cessa em nós quando falta o testemunho de vida.
4,9-13 Em forma de tema, Paulo está dizendo que não é tão fácil assim. Considerando as tribulações que Deus quer que ele continue passando,  entenderão, então, qual é o caminho da verdadeira sabedoria que ele possui porque já não o faz esmorecer a contínua condição humilhante em que sempre acaba se encontrando. Parece estar vivendo uma provocação que Deus constantemente permite, a de ser considerado um louco, um fraco, que nem tem sequer coragem de se defender, alguém que merece o desprezo. Essa é a condição na qual se encontra,de fato, Paulo, quando, ao contrário, os coríntios deveriam ter sido agradecidos pelo trabalho de evangelização que realizou entre eles. Dessa forma, mais uma angústia veio se somar à fome, sede e nudez, maus tratos, morada incerta, fadigas das viagens, além do trabalho para o seu sustento. Foram todas essas provações que lhe ensinaram a bendizer quando amaldiçoado, a ter espírito para suportar quando perseguido, a ser capaz de consolar embora atingido por calúnias. O caminho da realeza é o desprezo, a ponto de ser considerado “como lixo do mundo, a escória do universo”. Paulo acabou de lembrar a sua vida de apóstolo, como aliás já o fez escrevendo aos tessalonicenses e aos filipenses, para mostrar mais uma vez de que maneira o fiel segura o que, por graça, Deus lhe concedeu.
4,14-17 As advertências de Paulo são as de um pai que “pelo Evangelho gerou os coríntios em Cristo” (cf. 1Ts 2,11). É o seu exemplo que devem seguir se querem realmente estar saciados, ricos e reinar (v.8). Existem claras “normas de vida em Cristo Jesus” que dele aprenderam todas as igrejas que ele fundou. São elas o caminho da santificação. Timóteo, seu fiel discípulo que o acompanha em todo lugar, voltará a relembrá-las (1Ts 3,2; Fl 2,19).
            Pelos indícios que as cartas nos oferecem, devemos supor que a doutrina que Paulo ensinava era algo de vasto e monumental. Incluía a História de Israel, os anúncios dos Profetas, a reflexão dos Sábios para falar do Deus verdadeiro que se revelara. Isso tudo servia para introduzir o tema da Redenção que o Criador prometeu para toda a humanidade e, depois, se estender à Pessoa divina de Jesus, o Filho que Deus Pai enviara com o Espírito, realizador da Redenção, manifestado abertamente Filho de Deus com poder, em Espírito de santidade, pela sua ressurreição dos mortos. Explicava, enfim, o Batismo, a Eucaristia, a imposição das mãos, e ensinava os compromissos morais a serem vividos na expectativa da Vinda do Senhor.
4,18-21 Os que se encheram de orgulho, achando-se em condição de poder contestar Paulo, certos que não voltaria a estar com eles, estão arriscados a enfrentar o poder que ele afirma ter porque sabe que possui o Espírito de Deus (2,7-16). O Reino de Deus se manifesta com poder (Mt 12,28). Paulo já o pôde provar quando os evangelizou (2,4). 


Sábado da 22a semana do TC Ano par
            Reflexão (1Cor 4,6b-15)
            Elementos autobiográficos de Paulo
            Paulo se confronta com os princípios morais até aqui anunciados. Os servidores do Senhor devem ser “fiéis”, “cheios de fraqueza, receio e tremor” (2,3). O Senhor os julgará no Dia da sua Vinda.
            Quer corrigir o erro dos coríntios que se ensoberbeceram “como se não tivessem recebido” e tomam “o partido de um contra o outro” (v. 6).
            As divisões emperraram o processo de santificação na comunidade de Corinto. Os fiéis estão vivendo como homens carnais, segundo a sabedoria do mundo. Paulo se propõe, então, como modelo de vida. Todos os elementos que se referem à sua pessoa nos ajudam, agora, a traçar a sua personalidade.
            No começo, ao definir a vida da Igreja, se apresenta como “Apóstolo de Jesus Cristo por vontade de Deus”, frase que nos revela a sua  convicção.
            Em 1,17, nos anuncia a sua forma de proceder: “Cristo me enviou para anunciar o Evangelho sem recorrer à sabedoria da linguagem” (1,17) (Paulo desenvolverá o tema ao falar do Cristo crucificado, Sabedoria de Deus e Poder de Deus e quando explicará que é a linguagem despojada, que o apresenta como um fraco diante da eloqüência dos sábios deste mundo, que permite a explicitação do Espírito quanto à loucura do Cristo Crucificado). É a primeira das convicções que o torna sábio e forte (4,10).
            A sua “fraqueza” é uma condição que se impõe, movido pelo “receio e tremor” (2,3). A recompensa de tudo isso é que “as suas palavras eram uma demonstração do Espírito e Poder” (2,4).
            Imbuído de verdadeira sabedoria, ensina “a sabedoria misteriosa e  oculta que Deus, antes dos séculos, de antemão destinou para a vossa glória” (2,7. cf. 2,1; Rm 8,29; Ef 1, 3-14). “A nós, Deus o revelou pelo Espírito... a fim de que conheçamos os dons da graça de Deus” ( 2,10.12). “Nós temos o pensamento de Cristo” (2,16).
            O que se requer do administrador é que seja fiel” (4,2).
           
            Prerrogativas que acompanham o Apóstolo no seu ministério
1ª) “Somos loucos por causa de Cristo” (4,10. cf. 2,21-25).
2ª) “Somos fracos” (4,10. cf 2,1; 1,17; 2,2)
3ª) “Somos desprezados” (4,10). Agora, o desprezo vem, também, dos coríntios. O Apóstolo alega as razões: sem morada certa, fatigamo-nos trabalhando com as próprias mãos.
4ª) Somos amaldiçoados
5ª) Somos perseguidos
6ª) Somos caluniados (4,12-13)
7ª) “Somos considerados como lixo do mundo, a escória do universo” (4,13). É a sétima condição que associa Paulo a Cristo na sua Paixão.
            Tudo isso se realiza em Cristo.
            Acabamos de entender a perfeita virtude e santidade de Paulo. É nessas condições que se dirige aos coríntios e os seus sentimentos são os seguintes: “Não vos escrevo tais coisas para vos envergonhar, mas para vos admoestar (Rm 15, 14-19). E o faz como pai que, numa "demonstração de Espírito e poder" (2,4), pela Luz do Evangelho os gerou à Vida, em Cristo Jesus (4,15).
            “Sede meus imitadores” na verdadeira sabedoria, riqueza e nobreza, uma vez que sigo a Cristo na sua Paixão, pronto para a imolação, no mais absoluto esquecimento.


1Cor 5 
              O caso de incesto
            Na Igreja, as práticas pecaminosas dos impudicos, avarentos, idólatras, injuriosos, beberrões, ladrões, etc. assumem uma gravidade maior para os que abraçaram a fé. A respeito dos que as praticam, a comunidade dos fiéis deve assumir uma atitude radical, afastando-os, para que os outros não sejam contaminados. É de desejar que isso provoque uma tomada de consciência por parte do indivíduo a fim de que possa ser salvo no Dia do Senhor.
            A linguagem é hiperbólica. Serve para ilustrar a gravidade da decisão e da advertência. O indivíduo já está sob o poder do Maligno. O gesto oficial de repúdio é só uma sinalização de um isolamento. Será uma pessoa “non grata” enquanto não abandonar sua conduta irresponsável. É tudo o que a Igreja pode fazer, embora, com isso, o indivíduo seja lembrado que deve procurar escapar do julgamento do Senhor no Dia da sua vinda.


1Cor 6
               Apelação aos tribunais gentios
6,1-11 Além das divisões provocadas pelas dissensões devido às preferências acerca dos pregadores, Paulo tem que lidar com outro caso de rixa: um membro da comunidade citou em tribunal um irmão que supostamente o defraudou. Para Paulo, isso é vergonhoso uma vez que o fiel deve aprender a deixar que outro o defraude, em espírito de longanimidade (Mt 5,39-42). Todavia, os defraudadores têm que se lembrar que não herdarão o Reino dos céus (v.9). Aliás, “nem os impudicos, nem os idólatras, ....” (vv. 9-10).  Deve ser preocupação dos fiéis da Igreja promover a vida divina que Deus Pai nos concedeu em nome do Senhor Jesus Cristo, pela ação do Espírito que nos lavou, justificou e santificou. Paulo fica incomodado ao ver que tudo isso não é vivido à altura numa Igreja que ele fundou com tanto trabalho. Por isso mostra a sua indignação ao ver denegrida a imagem da igreja por membros tão irresponsáveis.

3a feira da 23a semana do TC Ano par
            Reflexão (1Cor 6,1-11)
            Já estamos no terceiro dos casos que Paulo quer tratar para evitar que a vida da Igreja de Corinto emperre. Os fiéis devem proceder como homens espirituais. Como as rixas, os atos impudicos do filho com a madrasta, da mesma forma, o pedido de justiça contra um defraudador, revela o homem carnal. A Igreja acaba denegrida diante dos pagãos. Há um longo caminho a ser percorrido para conquistar o Reino dos Céus. Segundo a sabedoria de Cristo, Paulo, então, declara que não entrarão nele os que voltam a ser impudicos, idólatras, adúlteros, devassos, ladrões, avarentos,  bêbados,  injuriosos, porque fomos perdoados, santificados e justificados em nosso Senhor Jesus Cristo, pelo seu Espírito.
            A segunda parte de 2Cor desenvolve ainda mais as convicções até aqui reveladas por Paulo de tal forma que podemos construir a sua personalidade. É um fiel que chegou à estatura adulta de Cristo. Tem o Espírito de Cristo. Na condição de homem espiritual, está em condições de compreender o Plano de Deus, o mistério que é Cristo, e de experimentar a ação do Espírito em toda a sua plenitude. Dessa forma, aceita ser louco por Cristo, porque então é sábio, ser fraco, porque então é forte, ser insultado, menosprezado, porque então pode provar ser verdadeiro Apóstolo. A nudez, a fome, a necessidade de trabalhar para o seu sustento, o menosprezo até ser considerado escória do mundo, acabaram de associá-lo a Cristo na sua Paixão e de promover nele uma esperança inabalável.
            Nessa condição em Cristo, tem as armas para derrotar qualquer sábio que se apresente e de conduzir à fé todo homem. Esse é o fundamento da sua convicção, enquanto tenta admoestar os fiéis de Corinto. A firmeza vem acompanhada pelo seu amor como de um pai que os gerou e quer apresentar a Igreja de Corinto como uma virgem pura a Cristo Jesus.
            Disso tudo resulta que existe um imenso caminho a ser percorrido pela comunidade de Corinto, até chegar à estatura de Paulo que, consciente do caminho que percorreu, se propõe como modelo. Os coríntios devem se tornar homens espirituais

6,12-20 O homem glorifica o Criador quando vive segundo as regras do seu desenvolvimento. Todas as maneiras desregradas devem ser rejeitadas. Nesse caso Paulo está falando da fornicação. Quem se une a uma prostituta está indo contra a lei do matrimônio, porque viola a unicidade da relação carnal permitida pelo Criador. Ocorre a profanação do corpo que se tornou templo do Espírito. Aquele que agora deveria ser uma coisa só com Cristo, pelo Espírito, mancha o seu corpo com uma relação desregrada. Deveria lembrar o preço que Cristo pagou para que ele não voltasse a ser escravo do pecado por causa da fornicação.
            A argumentação de Paulo ilustra a gravidade de todo e cada pecado: é um desvio que profana o homem e entristece o Espírito. Isso ocorre na gula, no roubo, na embriaguez, na ira, na preguiça, etc.



A figura de Paulo
Podemos atribuir a Paulo o título de santo, segundo o sentido que ele dava a esta qualificação. Ele pregava que todos os que dessem a sua adesão a Cristo Jesus deviam se santificar. Esse programa de vida implicava o amadurecimento da justificação alcançada pela fé, mediante o cultivo da própria fé: “Revela-se a justiça de Deus da fé para a fé” (Rm 1,17). A justificação é a ação que Deus realiza naquele que ao escutar a palavra do evangelho da salvação, dá a sua adesão de fé a Cristo. Com a adesão de fé já ocorreu uma primeira moção do Espírito. Este continuará a operar mediante a santificação do Batismo, para desenvolver no fiel a vida de Cristo, que se manifesta nele pela sua configuração sacerdotal, régia e profética. A resposta à ação do Espírito tem o seu princípio no cultivo da fé, pelo espírito de entendimento. Isso permite o desenvolvimento do espírito de conselho e de força, que se manifesta no testemunho daquele que sabe discernir qual é a vontade de Deus, “o que é bom, agradável e perfeito”. Isto permite a manifestação do culto espiritual naquele que chegou a possuir toda a ciência. O exercício da fé e o desenvolvimento dos dons do Espírito permitem chegar à plena caridade, em virtude do testemunho pelo qual unimos nossa vida à de Cristo na sua Paixão.
            Paulo nos expõe esse programa de vida cristã nas suas cartas. Por tudo aquilo que ele diz de forma autobiográfica, entendemos claramente que ele o vive. Ao longo de toda a sua vida procurou se nutrir com a Palavra para se compenetrar sempre mais com o Mistério de Deus que é Cristo. Ele até se vangloria disso quando escreve aos Efésios. Segundo os termos de 1Jo 5,20, Paulo ia possuindo sempre mais o Pai e o Filho, a ponto de poder chegar à plena comunhão com o Verdadeiro. Pela constância nas tribulações que continuamente se apresentavam na sua vida missionária, viveu em plena comunhão com Cristo na sua Paixão, a ponto de a sua caridade transbordar numa esperança da vida eterna que receberia do Justo Juiz, que o unia a Cristo de forma inseparável: “nada mais poderia separá-lo do amor de Cristo, ... nem a morte, nem a espada nem qualquer outra tribulação” (Rm 8,35).
Temos a síntese de todo esse processo de santificação na Carta aos Colossenses (Cl 1,3-12).
            Dentro das características do seu caráter, vemos que, na condição de quem Deus chamou, ele fez por merecer a eleição para participar com Cristo da sua Glória.
            Ele era um hebreu da diáspora. Por sorte, teve a oportunidade de estudar em Jerusalém, aos pés de Gamaliel, de maneira que a sua formação o tinha levado a atingir o espírito da Lei. Não podemos duvidar do seu zelo que visava preservar a tradição dos pais, quando o vemos perseguir a Igreja de Cristo. Na sua conversão notamos a gratuidade do dom da fé, enquanto o fariseu e rabino judeu reconhece a sua ignorância (1Tm 1,13).
            Uma vez convertido, todo o patrimônio da sua cultura judaica se torna uma bagagem preciosa para entender  Cristo, realizador da Profecia, e para reconhecer toda a transcendência da sua divindade diante da sua condição de Ressuscitado.
            Nas suas cartas notamos o esforço hercúleo de fazer com que a Lei se encaixe harmoniosamente com a fé em Cristo. É por esse esforço que ele consegue nos transmitir o conceito da “graça”, enquanto nos leva a apreciar todo o seu valor.
            A 1Cor, fortemente autobiográfica de 1 a 6, sobretudo quando é comentada por 2Cor 10-11, nos permite enumerar as características da personalidade de Paulo. E´ um servo do Senhor que, rapidamente chegou a viver a plenitude da ação do Espírito. Fê-lo por merecer, pela fidelidade ao ministério para o qual foi chamado. Isso o levou à convicção de estar agindo na plenitude do amor com os fiéis das Igrejas que fundou, o que lhe permitia a ousadia de admoestar com extrema firmeza. Ele é superior a todos, nesse caso, capaz de confundir aqueles que se acham sábios. Além disso, está certo de poder conduzir à fé todo pagão.
            1º) O Espírito pôde agir nele porque aceitou  ser “fraco para então ser forte”,   viver despojado de toda aparência de sabedoria humana, para possuir toda a riqueza da Graça, ser amaldiçoado para escapar da ira do Senhor no Dia da sua vinda. Tornado um homem espiritual, tem a sabedoria do Espírito que o torna capaz de tudo julgar.
            2º) Segundo o que ensina em Cl 1, 3-12, Paulo chegou a viver todo o processo de santificação que o Espírito pode operar em quem, após ter dado a sua adesão a Cristo, desenvolvendo a graça do batismo  pelos dons do entendimento e conselho que torna o fiel capaz de viver o testemunho, vive em toda ciência, oferecendo a Deus “o louvor dos seus lábios”. Capaz, então, de suportar toda provação, tendo chegado à plenitude da santificação, por ter despontado nele a esperança inconfundível, experimentou o Poder divino que o levou à realização de toda boa obra para a qual Deus o destinou.
            3º) A sua relação com os fiéis foi de amor pleno. Ama-os como uma mãe que gerou os seus filhinhos e os admoesta como um pai que os gerou. A riqueza dos seus escritos brota dessa sua condição privilegiada segundo a qual, também, exerce o seu múnus de Apóstolo. Dessa forma, somos santificados, de forma plena (Rm 15,14-16 ; 1,11-12), pelos seus escritos, até o tempo presente.


Questões

1Cor 7  Casamento e virgindade

7,1 Após ter tratado casos que ameaçavam a integridade da vida da comunidade, Paulo lida com questões apresentadas pelos coríntios. Segundo o seu estilo, o Apóstolo inicia especificando o tema: a abstenção sexual é coisa boa.
7,2 Deixa de sê-lo se um dos cônjuges vê que, por causa disso, está exposto à fornicação.
7,3-4 Quando, portanto, a mulher deseja se relacionar sexualmente com o marido, esse deve ter a sensibilidade necessária para atendê-la. A mulher tem que fazer o mesmo.Trata-se de uma obrigação moral em virtude do compromisso matrimonial.
7,5 Paulo dá um conselho. A separação física entre os cônjuges, em vista de uma vida espiritual mais intensa, não pode se protelar indefinidamente. O desejo incontido pode expor um ou ambos os cônjuges à tentação da fornicação.
7,6 Não é que necessariamente deva ser dessa forma. É uma mera concessão que o Apóstolo considera. De fato, poderia haver uma abstenção por tempo indeterminado, mas que pode ser aplicada somente quando ambos os cônjuges estão de acordo (v.37).
7,7 A respeito de uma condição de melhor relação com Deus pela oração, Paulo afirma que a sua é a ideal, porque é celibatário. Trata-se, todavia, de um dom de Deus.
7,8 A condição celibatária, de separado e de viuvez é ideal para a vida de oração. Ninguém, porém, deve impô-la a si mesmo se a ela não foi chamado.
7,9 No casamento, o impulso sexual tem a sua condição de ser atendido.
7,10-11 Prerrogativas do casamento. Sua característica é a indissolubilidade. Quem se separou do seu cônjuge não pode se casar de novo. O marido não pode repudiar a sua mulher para casar novamente.
7,12-13 No caso em que o outro cônjuge tenha permanecido pagão, caso aceite conviver, não deve ser repudiado.
7,14 A graça da qual o cônjuge cristão usufrui, santifica o outro cônjuge. Prova-o a santificação que os filhos recebem, enquanto os pais os associam a si na fé, pelo batismo.
7,15  Aquele que se tornou cristão não pode obrigar o outro a conviver consigo. E tão pouco, nesse caso, fica ligado por algum vínculo, porque a união com Deus pede que viva em paz com aquele que permanece pagão.
7,16  Ninguém pode pensar que pode dar a fé ao seu cônjuge.
7,17 Acerca da condição em que a pessoa se encontra quando abraça a fé, Paulo estabelece claras regras.
7,18 O circunciso não dissimule a sua circuncisão. O incircunciso não procure a circuncisão.
7,19 Circuncisão e não circuncisão nada contam diante da fé.
7,20 Mais regras para quem é chamado à fé.
7,21 O escravo não pense  em se livrar da escravidão. Não há impossibilidade em viver a fé na escravidão.
7,22 No Senhor, ele é liberto. Tornou-se, com o livre que abraçou a fé, escravo de Cristo.
7,23 A condição de quem serve a Cristo, prescinde da condição social em que se encontrava quando abraçou a fé. Libertemo-nos da maneira humana de pensar.
7,24 Estamos diante de uma fórmula que estabelece uma inclusão com o v.17.
7,25 As pessoas que preferem não casar se livram das angústias do tempo presente. Paulo o pode dizer por experiência própria, em relação a uma família que não constituiu. Portanto, não deve se preocupar. Quem, porém, está ligado pelo vínculo do matrimônio deve permanecer casado.
7,28 O celibatário e a virgem que casam não pecam. Terão, todavia, que enfrentar as tribulações da carne.
7,29 As sugestões de Paulo dependem da visão escatológica que ele tem da vida. Os valores eternos que a fé apresenta, relativizam a condição de casado, de sofrimento, de alegria, de preocupações materiais: “pois passa a figura deste mundo”.
7,32 Livres de todas as preocupações torna-se condição plena de realização “cuidar das coisas do Senhor e do modo de agradar ao Senhor”.
7,33 O esposo está dividido porque tem que agradar à esposa também. A esposa, por sua vez, fica também dividida.
7,35 Paulo quer sugerir o melhor. Não quer armar uma cilada. Aquele que não tem o coração dividido “permanece junto ao Senhor sem distração”
7,36 Na vida conjugal entre cristãos é louvável a abstenção da relação sexual; mas não é pecado praticá-la.
7,37-38 Paulo, aqui, apresenta uma forma singular de vivência conjugal entre cristãos. Não devemos considerá-la tão estranha, caso tenhamos presente a figura de José em relação a Maria, da forma que a apresenta a reflexão sapiencial do autor de Mt 1,18-23. Na história da Igreja ela se concretizou até entre reis e rainhas.
7,39 O vínculo conjugal cessa com a morte de um dos cônjuges. Mas quem fica viúvo deve casar com quem tem a mesma fé cristã.
7,40 Pelo que Paulo explicou acima, fica claro que permanecer na viuvez é uma condição mais agradável ao Senhor.


4a feira da 23a semana TC Ano par
            Reflexão (1Cor 7,25-31)
            O mesmo Apóstolo, que já provou, para aqueles que com ele pertencem a Cristo, que combate com as armas que não são carnais e que por elas destrói “os raciocínios presunçosos e todo poder altivo que se levanta contra o conhecimento de Deus” (2Cor 10, 4b-5) e que já afirmou ter o pensamento de Cristo (2,16), na condição daquele que “possui o Espírito de Deus” (7,40), na condição de homem espiritual, expressa o seu julgamento espiritual sobre casamento e virgindade. A visão escatológica é que o norteia. As realidades eternas relativizam tudo o que tem valor temporal. Nesse caso, aquele que não se casa para se consagrar ao serviço de Deus, escolhe a melhor parte, porque, na sua vida está preocupado em agradar ao Senhor. Não é assim de quem é casado, que deve agradar, também ao outro cônjuge.

1Cor 8  O escândalo

8,1-3 É anunciado o tema: Não basta agir segundo a ciência. Quem age segundo a caridade é amado por Deus.
8,4-6 Premissa. As carnes sacrificadas aos ídolos nada significam porque os ídolos são um nada. “Existe um só Deus, o Pai, de quem tudo procede e para o qual caminhamos, e um só Senhor, Jesus Cristo, por quem tudo existe e para quem caminhamos”.
8,7 Há, contudo, recém convertidos que acostumados aos sacrifícios oferecidos aos ídolos, ainda têm a sensação de estarem comendo as carnes sacrificadas.
8,8 Quem tem a ciência sabe que o alimento não influi sobre a consciência.
8,9 Quem se libertou do escrúpulo, deve tomar cuidado para não escandalizar o fraco.
8,10 O fraco poderia voltar a se alimentar da carne oferecida aos ídolos diante da atitude imprudente do esclarecido que se senta à mesa de um templo.
8,11 A ciência tornou-se causa de perecimento do fraco “pelo qual Cristo morreu”!
8,12 A atitude imprudente é um pecado contra Cristo.
8,13 O fiel esclarecido deve abster-se de comer carnes sacrificadas aos ídolos para continuar a ter em si a caridade.
5a feira 23a Semana TC Ano par 
               Reflexão (1Cor 8) A Caridade
            Diante da possibilidade de um fiel escandalizar o seu irmão, até por um comportamento que é motivo de escândalo somente pelo fato que o irmão é fraco na sua formação cristã, Paulo sugere que deve ser preterida a ciência e ser praticada a caridade. Movido pelo amor fraterno, aquele que é “forte” se torne “fraco”. Para não escandalizar o irmão que ainda acredita que comendo da carne das vítimas imoladas a ídolos está realmente participando do culto a eles prestado, aquele que, pela sua ciência, está certo que isto não é verdade, renuncie sentar-se à mesa do templo onde a carne é servida como refeição. Trata-se de um simples gesto de atenção que, todavia, é um gesto de caridade que promove a vida divina em quem o pratica.

            À luz de tudo aquilo que até este capítulo Paulo ensinou aos coríntios pela sua carta, podemos notar quanto a caridade pode ser ofendida. Os coríntios, movidos por uma ingênua animosidade, tomaram partidos, esquecidos de que Cristo deve ser a Pessoa exclusiva da sua adesão. Paulo, além de estar convencido disso tudo, lhos explica com uma pergunta retórica: “Não foi ele que morreu por nós?”.
            Não podemos duvidar que as divisões tinham como origem o zelo sugerido pelo fervor de viver a fé que Paulo lhes tinha transmitido com a pregação do Evangelho. Todavia, como no caso em que tentavam encontrar o caminho através da prática da castidade (1Cor 7), faltava ainda que neles amadurecesse o espírito de discernimento que os levaria a toda ciência. Paulo possuía a virtude da ciência, isto é, não a mera compreensão e sim, esta como instrumento para viver, segundo a prudência, a prática da caridade, atento em viver o amor fraterno.
            Todo esse processo necessário para desenvolver em nós a vida divina, isto é uma vida de união com Deus, tendo sempre os sentimentos de Deus, é apelidado por Pedro como caminho ascético da “Purificação dos pecados” (2Pe 1,3-11). Por sua vez, este caminho ascético é amplamente desenvolvido pela Primeira Carta de São João que, ao mesmo tempo, define qual é a natureza do “amor de Deus”.
            Por aquilo que aconteceu aos coríntios quando tomaram partido ou em favor de Apolo ou de Pedro ou de Paulo ou de Cristo e pela reação de Paulo, fica claro que a virtude de caridade é fruto do desenvolvimento harmônico da fé, que promove o conselho, fé e conselho se tornando princípio de fortaleza no testemunho. Fé, conselho e fortaleza, unidos a tudo o que eles provocam de boas obras, levam a toda ciência, que já não incha, mas que, pelo contrário, leva à prática do amor fraterno.
            Pelo que podemos deduzir diante das informações que temos da vida de Paulo, é possível traçar o caminho que o levou à perfeita caridade. A partir do momento em  que supera o zelo doentio em favor da fé dos seus pais, que o levava, na ignorância, a perseguir a Igreja de Cristo,  vive  o aprofundamento das Escrituras, enquanto a ele junta a pregação do Evangelho. Cria-se, então, a condição para que o Espírito Santo o escolha, junto com Barnabé, para a ação missionária que fundará Igrejas locais na Ásia e na Grécia. O testemunho, no meio de contínuas tribulações, lhe propiciará todos os dons do Espírito, a ponto de estar convencido de estar entre os “perfeitos”, não como se já tivesse conseguido o prêmio, mas porque tinha a clara percepção de ter-se tornado um “espiritual”, isto é, um fiel capaz de perscrutar as coisas de Deus, segundo o Espírito (2,12s).
            Movido pelos mais puros sentimentos, exerce o seu ministério apostólico com toda dedicação e desprendimento e chega a se alegrar nas tribulações que considera condição para ser associado à experiência de vida gloriosa, qual Jesus vinha conquistando enquanto caminhava para a imolação de Cruz. Paulo conquistou essa condição por tudo aquilo que sofreu em Éfeso (2Cor 1,8).
            Por tudo isso, podemos dizer que a caridade é uma virtude que Deus desenvolve na medida em que o fiel participa das suas imprescindíveis etapas. A condição é ditada pelas palavras de Jesus: “Quem escuta os ensinamentos do Pai e dele aprende, vem a mim” (Jo 6,45b).

1Cor 9

9,1-2 Para comprovar a sua argumentação, Paulo apresenta a sua condição. Mais do que ninguém ele vive a liberdade dos filhos de Deus, na condição de quem se tornou Apóstolo por vontade do Senhor que a ele apareceu.
9,3-5 Embora fosse seu direito, ele renunciou ao sustento, procurando-o com suas próprias mãos, e a uma esposa cristã.
9,6-7 Nem por isso, os outros podem exigir que ele e Barnabé devam trabalhar sem receber o sustento.
9,8 Não o ensina a própria Lei?
9,11 Quem semeia os bens espirituais, por si, tem direito a participar dos bens materiais daqueles que foram beneficiados.
9,12 Esse direito, em relação aos coríntios, diz respeito particularmente a ele. Mas a este renunciou “para não criar obstáculo ao Evangelho de Cristo”, embora o próprio Senhor o tenha autorizado.
9,15 Anunciar gratuitamente o Evangelho é para ele motivo de orgulho e uma necessidade.
9,16-17 Sua preocupação é exercer “um encargo que lhe foi confiado”.
9,18 Considera seu salário a própria renúncia que faz do mesmo.
9,19 A condição descompromissada que a sua opção lhe propicia faz com que viva o seu apostolado servindo a todos, ”a fim de ganhar o maior número possível”.
9,20-21 Se fez judeu com os judeus, embora não mais reconhecendo os preceitos da Lei, uma vez que tinha aderido a Cristo, realizador da Lei.
9,22 Com os fracos aceitou viver segundo as condições dos fracos.
9,23 A evangelização é a sua caridade, em vista,da  salvação.
9,24-27 Espelha-se Paulo nos esportistas. Alcança o prêmio aquele que se esforça ao máximo. É preciso abster-se de tudo para ganhar a coroa imperecível. Por isso, trata duramente o seu corpo “a fim de que não aconteça que, tendo proclamado a mensagem aos outros, venha eu mesmo a ser reprovado”.
6ª feira 23ª Semana TC Ano par
            Reflexão (1Cor 9)
            Neste capítulo da carta notamos que Paulo está ressentido diante de pronunciamentos por parte de uns coríntios a seu respeito. Torna-se necessário precisar que Paulo o fez por merecer com a sua mania de ser super sincero. Nesse caso, se um judeu não tem pelos na língua, tão pouco os têm os coríntios. Disto, Paulo já teve uma prova no areópago quando tentou uma relação amigável com a sua retórica laudativa. Sem meios termos os coríntios o deixaram falar sozinho quando declarou que Jesus tinha ressuscitado dos mortos.
            A forma descontente com que Paulo se expressa acaba, contudo, em nos esclarecer mais ainda sobre a sua pessoa e as suas convicções. É cativante constatar a sua abnegação. A persistência em não aceitar até aquilo que era seu por direito, contente diante da certeza de estar merecendo uma recompensa infinitamente superior por parte de Deus, nos convence em perseguir no trabalho apostólico, única e exclusivamente o Reino de Deus e a sua justiça.
            Não há motivo, todavia de sermos radicais, porque assumiríamos os riscos dos quais a própria Lei de Deus quer nos poupar. Ao mesmo tempo, não é educativo dispensar a cooperação dos fiéis. O sacerdote tem que assumir a atitude sugerida pelo “Discurso da missão” (Mt 10). Diante do espírito abnegado dos apóstolos, o próprio Deus suscita nos fiéis a vontade de cooperar, de forma que “o resto é dado em acréscimo”.
            As incertezas se apresentam quando não há engajamento. Também,como o era para Paulo, o seu sucesso existia quando tudo, humanamente, desmoronava: reconhecimento, segurança econômica. É, então, que se torna evidente a ação do Espírito que permite que os fiéis, juntamente com os seus pastores, se edifiquem num templo de Deus (Ef 2,21s). 

1Cor 10

À semelhança de Israel, que foi tentado no deserto, nós sofremos tentações. Todavia, nos assiste um Deus fiel que não permite que sejamos tentados acima das nossas forças. Reflitamos sobre o que foi escrito para a nossa edificação para que não pereçamos no Dia da ira.
            O sacrifício participado pela consunção das carnes da vítima  é comunhão com a divindade. Assim o era, embora pretensamente, quando o pagão oferecia uma vítima em sacrifício ao seu deus. Assim o era para o hebreu. A nossa comunhão com Deus ocorre pela participação do pão e do cálice de vinho. Eles são o corpo e o sangue do Senhor, em virtude da instituição do Memorial da sua Morte. A epiclese é eficaz. A narrativa, também. O pão e o vinho se tornam o sinal sensível do corpo dado e do sangue derramado. Os méritos da Morte do Senhor são aplicados às nossas almas.
            O único pão partido faz de muitos um único corpo.
            No antigo Israel, os que comiam as carnes sacrificadas estavam em comunhão com a divindade em virtude do sacrifício oferecido sobre o altar.
Há uma contradição quando bebemos do cálice do Senhor e queremos, também, beber do cálice dos demônios, “participar da mesa do Senhor e da mesa dos demônios”. Por isso, devemos fugir das práticas da idolatria.
            As carnes sacrificadas aos ídolos vendidas no mercado não devem ser questionadas. São alimentos tanto quanto os outros.
            Porém, a partir do momento em que alguém faz questão quanto àquelas carnes, é bom delas se abster para não ofender a sua consciência.
            Temos que evitar o escândalo. Temos que nos sensibilizar com a consciência dos outros e, por isso, evitar o que poderia escandalizá-los, uma vez que deve ser preocupação nossa a salvação de cada um.



1Cor 11  A solene liturgia

11,1 As palavras desse versículo são a exortação final de 1Cor 7-10 e, ao mesmo tempo, a abertura de 1Cor 11. Os fiéis devem imitar Paulo na atenção que devem prestar aos irmãos para não escandalizá-los. Esta é uma importante manifestação de caridade.
11,2 Paulo, juntamente com os outros Apóstolos, foi incumbido pelo Senhor de  transmitir o que dele receberam. Os fiéis da Igreja fazem  bem se acatam o que eles transmitiram e observam o que eles ensinaram. Que o escutem, portanto, naquilo que vai sugerir.
11,3 A ordem hierárquica é a seguinte: Deus, Cristo, o homem, a mulher. A relação não está fundamentada no desmando. A da mulher, em relação ao homem é análoga àquela de Cristo com Deus. O Filho, reconhece a condição de liderança do Pai, embora igual a ele segundo a natureza divina.
11,4 Numa assembléia litúrgica, o homem não deve apresentar-se com cabelos longos, em atenção à assembléia, uma vez que esse é o costume pelo qual se distingue um homem honrado. É uma questão de sensibilidade, sobretudo quando, o homem quer rezar ou profetizar na frente de todos.
11,5 Também a mulher que quer fazer o mesmo, deve se apresentar com o véu cobrindo os longos cabelos, uma vez que, seja os cabelos longos no homem, como a vaidade ostensiva da mulher, com seus cabelos longos, ofendem a sensibilidade dos outros membros da assembléia.
11,6 Como a mulher reconhece ser uma situação constrangedora para ela ter a cabeça raspada, assim deve se sensibilizar diante da reação da assembléia, diante da sua cabeleira claramente ostensiva, quanto à vaidade.
11,7-16 Paulo argumenta querendo apoiar o costume que vigorava nas celebrações litúrgicas. Apela à criação do homem e ao costume das mulheres em considerar a longa cabeleira algo de que podem se gloriar, como de um véu para a sua cabeça. Devem cobrir essa vaidade, ainda mais que os cabelos compridos podem ser associados aos cabelos compridos dos homens. Tudo em respeito à celebração litúrgica, no caso do homem ou da mulher quererem proclamar a sua oração ou forem chamados, pelo Espírito, a profetizar. Em relação ao homem, devemos notar a maneira livre com que Paulo e os hebreus, em geral, utilizavam a Escritura para a sua edificação: uma palavra era utilizada, caso fosse vista como meio para expressar uma ideia.  É bom lembrar que para Paulo, cabelos longos ou curtos, cabeleira com véu ou sem véu não tem valor algum. Ele está dirimindo uma questão que lhe foi apresentada por parte dos fiéis de Corinto. As suas sugestões somente querem apelar à sensibilidade daqueles que podem compreendê-lo uma vez que o Espírito os chama a orar ou a profetizar em favor da assembléia. Sugere um comportamento prudente, até para não ficarem desacreditados.
11,17-22 A respeito das assembleias dominicais, que assumiam aspectos de confraternização, Paulo reprova a preocupação dos que querem consumir o que é seu. Nesse caso, é melhor que estas pessoas comam em sua casa, para evitar cisões.
11,23-27 Aqui temos o ensinamento específico de Paulo sobre a Eucaristia. Trata-se de um ensinamento do Senhor que ele transmite: 1º) é memorial da Morte do Senhor, pela participação da carne da vítima entregue; 2º) é participação do sangue que sela a Aliança; 3º) Todas as vezes que a Igreja celebra a “fração do pão”, estará fazendo Memória do Senhor que se entregou como vítima de expiação.
11,28 A celebração deve se realizar cada um tendo consciência que está comendo o Corpo do Senhor para participar da sua imolação, manifestação suprema de amor. Do contrário, ela acarreta uma condenação.
11,30 As mortes que se apresentam de forma e em número acentuado, no meio da comunidade, devem ser uma advertência.
11,31 Agindo em espírito de discernimento evitamos o julgamento de Deus.
11,32 Os que entendem as advertências corretivas que Deus envia, escapam da condenação à qual o mundo é destinado.
11,33-34 A Ceia deve se caracterizar pelo amor fraterno.


2ª feira da 24ª semana TC Ano par
Reflexão
            Em 11, 17-34, Paulo aponta para a maneira errada de celebrar a Ceia e a corrige. Para isso, lembra a forma segundo a qual a ensinou: nela, o Senhor nos deixou o memorial do seu supremo gesto de amor. Para que os fiéis participem dignamente da sua celebração, devem ter sentimentos condizentes. A Eucaristia oferece, como alimento “a carne dada para a vida do mundo” (Jo 6,51) e chama, à semelhança do Batismo, ao testemunho. Ambos são necessários para que a graça santificante de Deus aja. Ms ela não poderá proceder sem a cooperação do homem. Jo 6,27 lembra que “devemos trabalhar pelo alimento que o Filho do Homem nos dá”.
            O depoimento de Paulo nos mostra como a Eucaristia era parte integrante da catequese apostólica e nos fala especificamente de um sinal, sacramento da Morte do Senhor. Por isso, Paulo não duvida em afirmar que “todo aquele que comer do pão e beber do cálice do Senhor” comunga com o sacrifício da Cruz. A celebração indigna da Ceia frustra a sua eficácia.
             A Teologia tomista tentou dar a sua contribuição na tentativa de aprofundar a compreensão do mistério. Introduziu o termo “presença” que argumentou pela “transubstanciação”. Quando assumimos a explicação teológica como doutrina e esquecemos a doutrina que nos foi transmitida pela linguagem da catequese apostólica, reduzimos demais o espectro da verdade revelada porque substituímos a forma com que Deus se revelou com a maneira de nos expressar segundo conceitos filosóficos.
            A instituição da Eucaristia acontece no contexto da ceia da páscoa hebraica, onde a libertação é celebrada comendo da carne do cordeiro. Jesus, utilizando os pães ázimos e a copa do vinho, institui a Nova Páscoa em que a vítima se torna mais importante da própria libertação porque dela é o autor. A libertação será então oferecida sempre pela participação da carne da vítima.
 A fração do pão, juntamente com a celebração da Palavra foi praticada desde o início da vida de Igreja (At 2,42), mantida a significação do gesto de Jesus que na sua Última Ceia,  partiu o pão e o distribuiu dizendo: “Tomai o meu  corpo entregue por vós”. Isso resulta claramente quando Paulo conclui: “Eis por que todo aquele que comer do pão ou beber do cálice do Senhor indignamente, será réu do corpo e do sangue do Senhor” (10, 27). A insistência do Apóstolo sobre essa verdade em 10, 28-29 exclui qualquer possibilidade de considerar a Eucaristia um mero símbolo. Ela é, como o são os outros sacramentos, “sinal sensível da graça invisível” contudo, segundo as seguintes especificações de “carne dada para a vida do mundo” que dá a vida a quem dela come. É a carne do Verdadeiro, Jesus Cristo, Vida eterna (1Jo 5,20): “Quem comer de mim, viverá por mim” (Jo 6,57). Nisso, a Eucaristia supera, por excelência, os outros sacramentos: é o sacramento do gesto supremo do amor de Jesus para os seus irmãos (Jo 15,13), princípio de todos eles.

 2ª Reflexão
            Em Cl 1, Paulo nos diz que Jesus quer apresentar ao Pai a sua Igreja numa condição perfeita. Paulo se sente na mesma obrigação, na condição de Apóstolo. Nesse sentido “completa em seu corpo o que falta à Paixão de Cristo” (1,24).
            Mc 8,27-36 cita as palavras de Jesus: “quem perde a sua vida por causa de mim e do Evangelho a alcança para a vida eterna”.
            Paulo se apercebe disso e o declara em 2Cor: enquanto se associa a Cristo na sua Paixão, vê a vida prosperar nele. Nada, portanto o desanima (4,7; cf. 1Cor 4,9-16).
            Em 1Cor 11,17-34 lembra a Eucaristia como fonte da sua imolação vivida como ministro do Evangelho de Deus. Ao celebrar a Ceia do Senhor se alimenta da Vítima pascal que ao instituir o sinal da sua imolação, quer que os que comungam do pão e do cálice do Senhor, vivam segundo o seu amor (Jo 13,1; 15,13).
            O fiel é chamado a percorrer o mesmo caminho. É o caminho da Páscoa que Jesus realizou carregando a cruz. Apresenta condições de desprezo. Mas, o discípulo não se envergonha porque a Cruz é Poder de Deus e Sabedoria de Deus e a sua justiça aumenta pela fé vivida na perseverança nas tribulações, até conquistar uma esperança inabalável. Esta será condição de ser reconhecido pelo Filho do Homem diante do seu Pai, no dia da sua Vinda com todos os santos.
            A Eucaristia na vida do cristão
1Cor 11,17-34 nos oferece a doutrina apostólica. - O termo Ceia (v.20) relaciona a Eucaristia à Ceia pascal judaica na qual Jesus alude ao cordeiro imolado, na condição de vítima e aos pães ázimos e à copa de vinho, na condição de alimento, pelos gestos e pelas palavras. Consumidos, o pão partido e o Corpo entregue, nos fazem participar da condição da vitima imolada.
            - A Páscoa do Senhor se caracteriza pelo amor aos seus (Jo 13,1; 15,13 ). A atitude egoísta não condiz ao cristão, quando a celebra.
            - O fiel deve trabalhar pelo alimento que o Filho do Homem dá: Aquele que desceu do céu e dá a vida ao mundo (ir a ele para viver segundo o seu Espírito, pela observância dos mandamentos que promovem o amor aos irmãos, o que o torna verdadeiro discípulo, capaz de dar a vida por eles (1Jo).
            Não dá para murmurar dizendo: “Como pode o filho do carpinteiro ser “Aquele que desceu do céu”?
            A vítima imolada, enquanto recebida pela celebração da Ceia, pelo pão e o cálice do Senhor, é vida do mundo (6,52). Quem vive os ideais do seu sacrifício alcança a vida eterna. Mc 8, 27-36 explica o motivo: perdemos a nossa vida por causa de Jesus e do Evangelho, o que dá para repetir em nós a imolação de Cristo, porque completamos, dessa forma, o que falta à Paixão de Cristo. As prerrogativas nos são transferidas. Os santos participarão do triunfo do Filho do Homem.


1Cor 12  Os dons do Espírito

12,1 Paulo quer explicar o que são exatamente as manifestações do Espírito no meio de uma comunidade reunida em assembléia.
12,2 Não se trata mais de culto aos ídolos que, não existindo, não podem se comunicar.
12,3 Na Igreja, as suas manifestações de culto, são verdadeiras manifestações do Espírito, não mais manifestações fruto de fenômenos da natureza humana.
12,4 Na Igreja, de um só Espírito descem todos os dons.
12,5 É pelo Senhor que os dons são participados.
12,6 É Deus que opera tudo em todos.
12,7 Em relação aos dons do Espírito, eles são dados em favor de todos.
12,8 Quem fala com sabedoria é o fiel que vive o temor de Deus, alcançado pelos dons do Espírito que nele se desenvolveram. O seu conselho é fruto de uma vida de entendimento e fortaleza que amadureceu na piedade. Por isso reflete em si o conhecimento pleno que ele possui de Deus, no Espírito.
12,8 O dom da ciência, promovido pelo espírito de entendimento, permite a visão global da revelação. Pode prescindir do pleno desenvolvimento dos outros dons. É por isso que Paulo admite que a ciência possa induzir o fiel a se vangloriar por sua causa (8,2)
12,9 O dom da fé pode se manifestar quando um fiel realiza milagres. A fé, para ser perfeita, deve, contudo, desenvolver-se pelo testemunho, na constância.
12,9 O dom das curas pode ser concedido sem que nenhuma peculiar condição de santidade seja exigida. Claramente, nesse caso, é um dom que o Espírito concede exclusivamente em favor dos irmãos.
12,10 O dom de fazer milagres é dado em casos peculiares, por se tratar de uma demonstração extraordinária do poder Deus.
12,10 A profecia é particularmente valiosa porque reflete a vontade de Deus por meio da palavra de um homem sob o impulso do Espírito.
12,10 O discernimento dos espíritos é a condição de poder entender perfeitamente qual é a vontade de Deus na vida do irmão, podendo, dessa forma aconselhá-lo.
12,10 O dom de falar línguas testemunha numa comunidade a universalidade da vocação cristã.
12,10 O dom de interpretar quem fala em línguas, é complementar. É para que os membros da assembléia entendam a louvação que é elevada a Deus por aquele que fala em línguas. Paulo até sugere que, se não há quem interprete as palavras daquele que ora, então é melhor que o fiel deixe de falar.
12,11 A ação descrita em detalhes por Paulo é obra do Espírito. Ocorre em diferentes membros de um único corpo.
         Nota  1Cor 12,1-11 apresenta, em detalhes o quadro de uma Igreja cristã que serve o seu Deus, Nada há de manifestações de culto idolátrico. Ela é Igreja de Deus onde age o Espírito do seu Senhor, Jesus Cristo. Há dons relacionados à condição imprescindível de vida divina em cada fiel: fé, caridade e esperança. Eles são desenvolvidos pelo Espírito, na medida em que o fiel coopera, chegando até a manifestações extraordinárias. Os carismas das curas, dos milagres, das línguas, do discernimento, da profecia somente se apresentam quando é o Espírito que diretamente os promove. Não podem ser procurados de forma obsessiva.
12,12 É pelo Espírito que todos os fiéis que são de Cristo, formam um só corpo.
12,14 Os diversos órgãos do corpo explicam, por analogia, a diversidade dos dons participados pelo único Espírito de Cristo.
12,18 Paulo insiste na comparação para sublinhar a unidade na Igreja, não obstante a diversidade das funções e dos dons.
12, 27 Na Igreja, Deus, por meio de Cristo Senhor, suscita, segundo uma clara ordem, quanto à sua importância, Apóstolos, Profetas, Doutores. Ef 4,11 acrescenta Evangelistas e Pastores e explica que todos eles estão em função da edificação dos fiéis. Os dons são distribuídos pelo Espírito: uns fazem milagres, outros realizam curas, outros consolam, governam, falam línguas, as interpretam.
12,31 Os dons podem provocar uma justa estima de nós mesmos (Rm 12,3: “ditada pela sabedoria, de acordo com a medida da fé que Deus dispensou a cada um”).

3ª feira 24ª semana do TC Ano par
            Reflexão
            O Espírito na Igreja
            Jesus é o lugar privilegiado do Espírito. A partir do Batismo ao Rio Jordão, Aquele que está com ele desde a sua concepção e o faz crescer em sabedoria e graça, permanece com ele para realizar a missão para a qual o Pai o enviou. O impele para o deserto, onde se revela o Homem novo que vence o Demônio. Está sobre ele para anunciar a Boa nova, exorcizar e curar.
            Prometido por Jesus como Espírito da Verdade, merecido pela sua imolação, é dado no dia da ressurreição para que a Igreja chegue a toda ciência e sabedoria.
            Os Apóstolos manifestam a sua presença pela glossolalia, os milagres e o espírito de fortaleza com que testemunham diante dos tribunais. A sua ação opera a santificação, enquanto uns membros da Igreja são chamados ao ministério ou de Apóstolos ou de profetas, ou de doutores, enquanto outros recebem os seus carismas: das línguas, da profecia, das curas, do discernimento dos espíritos. Os ministérios e os carismas são dados em vista da santificação da Igreja para que, como um todo, se edifique em templo de Deus, no Espírito. O dom mais importante e que é participado a todos os seus membros, é a graça que neutraliza qualquer distinção, uma vez que é prerrogativa de todo e cada membro da igreja. Nessa condição, a Igreja é chamada a dar continuidade à obra de Cristo , enquanto a caridade é explicitada no exercício das funções e dos carismas ou da simples vivência na condição de membro da Igreja.
            Na medida em que o fiel perde a sua vida por causa de Cristo e do Evangelho, pelo Espírito que o marcou com o seu selo, cultiva em si o princípio da sua ressurreição na carne. No dia da sua vinda, será reconhecido pelo Filho do Homem diante do seu Pai.
            A vida no Espírito e os carismas
            Notamos que nas cartas de Paulo, dirigidas a outras Igrejas, não se fala, de forma tão específica, dos carismas. Nelas prevalece a apresentação da dinâmica da vida cristã nos seus elementos essenciais: a fé abraçada diante da manifestação do Espírito em virtude da pregação apostólica. Quando os vemos lembrados a respeito da Igreja de Corinto, constatamos que o Espírito os manifesta para fortalecer uma Igreja frágil, dividida em partidos contaminada por incestuosos e fornicadores. A sua fragilidade se apresenta, também nos escrupulosos e, por contraste, nos escrupulosos que se incham, convencidos de ser sábios. Há rebeldes em relação a Paulo, quando este tenta dar orientações. Ele tem que lembrar que é ele que possui o Espírito, enquanto os coríntios revelam ser criancinhas que ainda precisam de leite maternal. Reprovável, também, é o comportamento dos coríntios a respeito das celebrações da Ceia do Senhor.
            Com a competência de quem possui todos os dons e virtudes do Espírito, Paulo, então ensina: "Não quero que estejais na ignorância" (12,1). Na religião cristá prevalece o testemunho da verdade sobre fenômenos desordenados quais a idolatria manifesta possuir (12,2). Seja nas manifestações produzidas pela compreensão da verdade como nas que professam a fé, tudo depende do Espírito que "perscruta as coisas de Deus" (2,10).
              Na condição de  homem espiritual (2,15-16), Paul o declara: "o mesmo Deus realiza tudo em todos" (12,6). A diversificação das funções e dos dons visa a utilidade de todos (12,7). Sabedoria e ciência são dons que estão em todos (12,8) As suas manifestações extraordinárias dependem do grau do seu desenvolvimento. Eles estão relacionados à fé (12,9). Poder de curas, fazer milagres, profetizar, discernir, falar línguas são carismas preciosos que muito ajudam o desenvolvimento da vida recebida no Batismo, "mas é o único e mesmo Espírito...(12,11).
               O Espírito coordena a ação de cada membro, como num só Corpo, do qual Cristo é a Cabeça. Nós haurimos de um único Espírito.
               A diversidade não é classificação. Nela temos que reconhecer a complementação. Na Igreja temos Apóstolos, Profetas, Evangelistas, Doutores, Pastores e Fiéis. Na condição de fiéis, devemos ambicionar, acima de tudo, os dons que edificam a caridade.

1Cor 13

13,1 Os dons estabelecem o campo no qual cada membro da Igreja, segundo a sua função, deve contribuir na edificação da mesma, pela sua santificação, condição de comunhão com Deus pelo conhecimento que se desenvolve em nós na proporção em que vivemos a caridade (1Jo 4,7). Esse é o “caminho que ultrapassa a todos” em vista da conquista dos “dons mais altos”. Falar línguas tem valor quando se torna o culto dos nossos lábios motivado pelo amor de Cristo.
13,2 A comunicação com os mistérios de Deus pelo dom da profecia e da ciência e a fé que transporta as montanhas são manifestações ocas, sem a caridade.
13,3 As obras de assistência, os gestos mais heroicos, quando realizados “para serem vistos pelos homens” já produziram a sua recompensa.
13,4 É na paciência, na solicitude, na estima dos outros (Fl 2,3), no reconhecimento que é Deus que opera tudo em todos (v.13) que desenvolvemos a vida divina que está em nós,...
13,5 ... enquanto ela é corroída pelas aspirações incorretas, interesseiras (Paulo pensa sobretudo nos pregadores da Palavra que procuram agradar e adular, e que agem por interesse).
13,5 A irritação mostra pouca caridade.
13,5 O rancor exclui a caridade.
13,6 Vive a caridade quem ama a Verdade e detesta o mal.
13,7 É próprio da caridade desculpar tudo no irmão.
13,7 A caridade se abre a uma esperança que não será confundida quando persevera nas tribulações.
13,8 A caridade é união com Deus pelo Espírito, condição definitiva de vida à qual somos chamados.
13,9 A profecia, os dons das línguas e da ciência cessarão de ter a sua função. São condições que contribuem de maneira circunstancial na edificação da Igreja.
13,10 Quando virmos a Deus com ele é, então cessará o que é imperfeito.
13,11 Será como quando nós passamos a ter uma compreensão de adultos em relação à compreensão de quando éramos crianças.
13,12 A visão que agora temos é confusa. O conhecimento é limitado. Na condição perfeita da visão face a face, a comunhão de vida com Deus será plena.
13,13 A minha comunhão com Deus, uma vez que ainda não é vida de visão face a face, é vivida na fé e na esperança. Quando se manifestar o que somos, não haverá mais necessidade de fé e de esperança porque possuiremos o que, na terra, precisávamos argumentar, porque ainda não o tínhamos alcançado.


4a feira da 24ª semana TC Ano par
            Reflexão
            Paulo continua o raciocínio do capítulo anterior. Quer, contudo, ressaltar, agora, a importância da graça. Os ministérios e os dons são importantes; devem, todavia, ser exercidos na caridade para que Deus, ao exaltar os seus santos, coroe os seus dons. A glossolalia, a profecia, a sabedoria e a ciência, sem a caridade, fariam de nós monstruosos vaidosos que, no seu narcisismo,  se comprazem consigo. Aplicadas, na caridade, à edificação da Igreja, são poderosos instrumentos que nos glorificam diante de Deus. O mesmo acontece com a fé capaz de transportar as montanhas.
            Paulo que, na sua caridade, se espelha em Cristo, lembra tudo o que deve acompanhar cada ministério e cada dom do Espírito, ele que, como Apóstolo, trabalhou mais do que todos e que possui todos os dons. 1º) A paciência, entendida como amor misericordioso. 2º) O altruísmo, que sente mais satisfação em dar do que em receber porque permite sentir a vida divina crescer em nós. 3º) O contentamento em ver como Deus derrama os seus dons para que seja glorificado nos seus santos. A inveja, a ostentação e o orgulho são a sua negação.
            Além disso, a caridade evita o que não convém para não escandalizar o fraco; abdica às vantagens pessoais, não é irascível nem rancorosa; ama a justiça e detesta o mal, porque ama o Verdadeiro; se manifesta numa fé inabalável que permite argumentar sobre a herança dos santos que nos espera. Manifesta-se, portanto, também, na esperança que nada pode esmorecer.
            A caridade é a vida divina em nós, promovida pelo dinamismo de tudo o que promove o amor ao irmão. Os dons da profecia e das línguas a ela estão relacionados na condição de recursos que o Espírito distribui em vista da vida da Igreja. O mesmo acontece com o dom da ciência, fruto da comunicação que Deus nos faz das suas verdades, todavia, numa linguagem adaptada à nossa compreensão. Quando veremos e conheceremos  Deus face a face, a informação da profecia resultará superada: estava adaptada à capacidade de compreensão como a de uma criança. A compreensão de quem se tornou adulto, por si, descarta a compreensão que tinha de quando era criança. Com a visão, cessará a maneira atual de possuir as verdades divinas e de argumentá-las. A esperança será compensada pela posse daquilo que ainda não vemos e nem conhecemos, enquanto se manifestará na sua condição mais plena aquilo que somos em virtude do nosso batismo no Espírito (12,13).


1Cor 14

14,1-5 “Procurai a caridade. Entretanto, aspirai aos dons do Espírito”. Essas palavras nos revelam a personalidade de Paulo. Ele é um homem de fé. Isto é, alguém que, pela fé em Jesus, procura viver a graça. O faz segundo a sua condição de apóstolo. Serve ao Evangelho de Deus, segundo o ministério ao qual o destinou o Senhor dentro da Igreja. Age com toda dedicação e lisura. Tem uma justa estima de si, qual sugerida pela fé que vive nele e que Deus foi a ele concedendo na medida em que a ele concedia viver, perseverando nas provações, “o caminho da fé em Cristo” (Ef 3, 12-13). Essa foi a maneira pela qual a caridade foi desenvolvendo nele, pela ação do Espírito que a derramou a ponto de abrir-se nele uma esperança inconfundível. Certamente o Espírito juntou aos dons da graça o dom da profecia, da qual, aqui,  Paulo fala com grande convicção. Dela lembra quando escreve aos Efésios, afirmando  ter o dom da ciência que lhe permite dominar o Mistério de Deus, que é Cristo, juntamente com os outros Apóstolos e os Profetas (Ef 3,5). Os dons do Espírito, uma vez que operam no fiel promovendo a sua caridade, são desejáveis. Pelo dom das línguas louvamos a Deus. Pela profecia “edificamos, exortamos e consolamos”. Entretanto, somente adquire  valor de  profecia que edifica, exorta e consola quando o que é dito por quem fala em línguas é interpretado.
14,6-12 O dom das línguas não ajuda a revelar, a entender, a anunciar a vontade de Deus, nem a ensinar. É como o som distorcido de um instrumento. Ele não permite saber qual é o instrumento que toca. É como uma língua desconhecida. Temos que desejar os dons do Espírito para a edificação da assembléia.
14,13-17 Torna-se necessária a interpretação do que é dito para que o fiel ore também com a sua inteligência e confirme com o seu “Amém”.
1,18-19 Paulo aqui declara possuir, também ele, o dom das línguas. Prefere, contudo, numa assembléia, falar para ser entendido, a fim de instruir, também, os outros.
14,20-25 À essa altura, Paulo argumenta com ironia a utilização indevida do dom das línguas. O nosso julgamento deve proceder sem malícia, sem, contudo, preterir a prudência. Ao julgar temos que ser adultos. Se não há quem interprete dá-se o caso citado pela Lei: o povo não escutou nem quando Deus falou por estrangeiros. O dom das línguas não é para os que creem, mas para os que não creem. Para os que creem serve o dom da profecia. Também, no caso que alguém entre no lugar onde estão os fiéis reunidos em assembleias, ele não será edificado pelos que falam línguas, mas pelos que falam segundo o dom da profecia que, arguindo-o, o levará a prestar a sua adoração a Deus.
14,26-28 Tudo deve ser feito para edificar a Igreja. Dessa forma, é importante um cântico, um ensinamento, uma profecia.  Somente fale alguém em línguas  caso haja quem o interprete.
14,29 -33 Os que profetizam falem segundo uma ordem, visando a instrução e o encorajamento.
1,34-38 Nas assembleias sempre havia quem tomasse a palavra e ensinasse. Em caso de manifestação do Espírito, também as mulheres podiam e deviam falar. Nos outros casos, segundo o parecer de Paulo, devia ser mantido o costume que a Lei judaica ensinava.
1,39 Paulo finaliza a sua explicação reafirmando o valor do dom da profecia e das línguas.
1,40 “Mas tudo se faça com decoro e com ordem”.


 1Cor 15

15,1-2 Paulo nos lembra que a nossa fé deve se nutrir do Evangelho que os Apóstolos anunciaram. Eles receberam (gr.: para-lambano), de Jesus, a "mensagem" que nos transmitiram (gr.: para-dídomi) Se abdicarmos dela, teremos acreditado em vão. Recomendação que João repetirá para alertar os fiéis a respeito dos anticristos (1Jo 2,24). Torna-se necessário estar em comunhão de fé com os Apóstolos para estarmos em comunhão de vida "com o Pai e com o seu Filho Jesus Cristo" (1Jo 1,3).
15,3 O Apóstolo recebeu o Evangelho de Cristo que lhe apareceu (v.8). Na condição de ministro do Evangelho (Rm 1,1), no-lo transmite: Cristo, com a sua Morte realiza a profecia. Ressuscita segundo as Escrituras.
A ressurreição sela o sentido redentor da sua Morte, que resulta ter sido uma imolação da vítima que com o seu sangue nos purificou e selou uma nova Aliança com Deus. Pedro, no dia de Pentecostes (At 2), cita o Sl 16 :”o Santo não podia conhecer a corrupção” e diz do Senhor ressuscitado que era “O autor da vida”. "Terceiro dia" deve ser interpretado à luz de Os 6,2 (cf. nota de rodapé BJ): não indica o dia; quer proclamar um triunfo que salva porque provocado por Deus.
15,5-8 As várias aparições testemunham a sua ressurreição. Paulo cita até aquela que lhe aconteceu.
15,9-10 Paulo nos dá anotações autobiográficas que ilustram a sua pessoa, na condição de fiel depositário do patrimônio da fé. Perseguiu a Igreja de Cristo, mas, agora é Apóstolo e trabalha mais do que todos, favorecendo em tudo a graça de Deus.
15,11 O Evangelho que os fiéis receberam é transmissão do patrimônio da fé que os Apóstolos receberam do Senhor. 
15,12 Acerca dos que morreram, fundamentados no testemunho dos Apóstolos que anunciaram a ressurreição de Cristo, não podemos mais duvidar da nossa ressurreição dos mortos.
15,13-14 Suposto que não haja ressurreição, devemos dizer que Cristo não ressuscitou. Os Apóstolos, então, em vão testemunham e os que dão a sua adesão de fé confiam numa realidade que não existe.
15,15 Em si, o testemunho se torna uma falsidade, uma vez que testemunha-se o que Deus não realizou.
15,16 Conclusão: se, portanto,os mortos não ressuscitam, Cristo não ressuscitou.
15,17 Vã, então, é a nossa fé. A sua morte não foi redentora.
15,18 Os que morrem não alcançam a salvação.
15,19 Para que, então, crer em Cristo?
15,20-21 Não é assim! Cristo ressuscitou. Sua Morte nos redime. Ele é primícias dos que morrem. Ele é o Novo Adão que promove a vida, da mesma forma que o velho adão promoveu a morte.
15,22 Os que morrem em Adão, em Cristo receberão a vida após sua morte corporal.
15,23 Aqui Paulo formula a sua doutrina em linguagem apocalíptica. Projeta a glorificação de Jesus nos últimos tempos para associá-la à glorificação que ele realizará nos que nele adormeceram. Disso concluímos que, uma vez que o Senhor já ressuscitou, os que morrem recebem a sua glorificação à semelhança de Cristo Jesus.
15,24-25 Continua a linguagem apocalíptica que simula uma entrega solene que Cristo faria no fim dos tempos, do Reino ao Pai. De fato isto está acontecendo e a prova é que o próprio Paulo diz claramente que Cristo já submeteu “todo Principado, toda Autoridade e todo Poder” (cf. Cl 2,15).
15, 26 A Morte é a última a ser vencida dentro da linguagem apocalíptica. De fato, Cristo já venceu a morte e, glorioso, já não morre mais.
15,27-28 Falta somente que se complete o ciclo. Então ficará manifesto que Deus é o dominador, o seu Cristo é o realizador do reino, os fiéis são os que foram beneficiados.
15,29 A fé na ressurreição tem a sua comprovação no trabalho incansável dos que se esgotam em favor do Reino.
15,30 Paulo declara que os coríntios serão a sua glória eterna.
15,31-32 É pela fé no Senhor ressuscitado que Paulo enfrenta toda e qualquer provação. Não fosse pela certeza da sua ressurreição, ele se entregaria aos prazeres deste mundo.
15,33-34 Somos facilmente iludidos por aqueles “que tudo ignoram a respeito de Deus” e querem nos induzir aos maus costumes. Intensifiquemos as nossas reflexões sobre a Palavra de Deus, enquanto procuramos ser “sóbrios e evitar o pecado”.


6ª feira da 24ª Semana TC Ano par
            Reflexão
            Aqui, Paulo trata mais uma questão: a da ressurreição dos mortos. Dirige-se a fiéis que parecem ter feito do seu ventre o seu deus. Ao negar que há ressurreição dos mortos, mostram ter assimilado muito pouco do Evangelho que Paulo lhes transmitiu. Devem guardá-lo, se querem permanecer nele. Caso contrário, terão acreditado em vão.
            A abertura da argumentação, nos revela, mais uma vez quão extenso era o conteúdo da catequese apostólica,,quando empreendiam a fundação de uma Igreja local. Era a apresentação da Pessoa do Senhor, a partir da Pessoa de Jesus que os Apóstolos chegaram a reconhecer como o Cristo, porque nele se realizavam as Escrituras. Ele era o Adão novo, a Descendência prometida que voltava a dar a vida àqueles que, no antigo adão, atinham perdido. Ele era o Servo de Iahweh que, por ter oferecido a sua alma em sacrifício chegou a conhecer longos dias, uma posteridade sem fim e a fazer deslanchar o Plano de Deus (Is 53,10). As suas múltiplas aparições são o fundamento da nossa fé na sua ressurreição dos mortos. Paulo declara ter tido uma experiência pessoal do Senhor ressuscitado.
            A ressurreição do Senhor, comprovada pelas aparições, é o fundamento de mais uma verdade, a da nossa ressurreição. Os que negam a ressurreição dos mortos, implicitamente, renegam a ressurreição de Cristo. Nesse caso, o sinal que dá sentido à sua Morte redentora, porque mostra claramente que ele é o Servo de Iahweh, então, já não existiria mais. A pregação dos Apóstolos estaria esvaziada, como a fé dos que deram a sua adesão de fé à sua palavra.
            Mas não é assim. As aparições fundamentam as convicções dos Apóstolos. A ressurreição do Senhor é interpretada pela profecia que a revela em toda a sua originalidade. O testemunho do Espírito comprova as nossas convicções porque, por Ele prometido, os Apóstolos chegaram a ver em Jesus o Verdadeiro e, mais tarde, a Palavra da Vida, o Filho de Deus.
            Paulo, então, se pergunta:Estaríamos enganados? Seríamos falsas testemunhas? Estaríamos nos posicionando contra Deus?
            Quem está em contradição são os que negam a ressurreição de Jesus. Uma vez provado que realmente houve testemunhas da ressurreição, resulta que há ressurreição. Houve uma remissão dos pecados pelo Novo Adão, Cristo ressuscitou como primícias. Os que vivem a justificação ressuscitarão; serão reconhecidos pelo Filho do Homem diante do seu Pai por ter dado a vida por causa dele e do Evangelho (Mc 8, 27-35).
            Como conclusão, Paulo acrescenta a visão escatológica: desaparecerá todo poder maligno que governa os homens, porque o Cristo de Deus terá posto tudo debaixo dos seus pés. O próprio Filho submeterá ao Pai o mundo restabelecido na sua ordem. Deus, então, será tudo em todos.
            Essa era a motivação do trabalho apostólico de Paulo. Os que, vergonhosamente querem fazer do seu ventre o seu deus, procurem aprofundar a sua religião. Do contrário, terão acreditado em vão.

15,35-38 Paulo se serve de uma analogia para ilustrar de que forma os mortos ressuscitam. Como pelo sepultamento de uma semente temos uma nova vida, analogamente, com a nossa morte passamos por uma metamorfose. O corpo que recebemos é aquele que Deus estabeleceu para nós.
15,39-44 A ilustração é muito feliz. Há uma diferença entre corpos. Por isso há uma diferente metamorfose. Entre os diferentes corpos da mesma espécie, há, também um diferente grau de participação da luz. Podemos determinar as características do corpo que recebemos por metamorfose: torna-se incorruptível, glorioso, cheio de força e, de psíquico, torna-se espiritual.
15,45 A forma que Paulo apresenta está toda fundamentada naquilo que constata em Cristo com a sua ressurreição. A condição de “alma vivente” foi assumida por Jesus no momento da Encarnação. Com a sua Ressurreição, ele se torna “espírito vivificante”.
15,46 O homem psíquico se tornou espiritual.
15,47 O primeiro homem vem da terra, o segundo, vem do céu, tem sua origem na vida divina.
15,48 O homem terrestre tem sua condição determinada pela sua origem terrestre. A do homem celeste vem do céu.
15,49 A condição de cada momento, portanto, é determinada pela sua origem.
15,50 A carne e o sangue, que são corruptíveis, são incompatíveis com a incorruptibilidade. Estão destinados a se tornarem pó.
15,51-53 Válido inclusive quando falamos da nossa metamorfose segundo a linguagem apocalíptica. Os vivos herdarão a imortalidade segundo a condição dos que já tiverem morrido. Terão que forçosamente se despojar do homem psíquico. Está decretado por Deus que o homem passará de mortal e corruptível a imortal e incorruptível.

15,54-57 Em Cristo Jesus, nosso Senhor temos a condição de realizar em nós o Plano de Deus: alcançar a vitória sobre a morte, vencendo o pecado, pela força que a Lei não podia nos fornecer.
15,58 O nosso empenho está todo animado de esperança “nossa fadiga não é vã, no Senhor”.

1Cor 16

16,1-4 A sensibilidade em relação às necessidades materiais de comunidades carentes é uma manifestação de caridade. Ela não resolve o problema econômico. É contudo um alívio para quem está sofrendo privações.
16,5 Antes de voltar para Corinto, Paulo visita novamente as comunidades fundadas na Macedônia.
16,6 Surpreendentemente, vemos Paulo pedir aos Coríntios  ajuda para suas viagens.
16,7 É sua intenção também passar algum tempo com eles.
16,8-9 Está escrevendo a sua carta de Éfeso, aberta à pregação do Evangelho. Há contudo numerosos adversários. Pela 2Cor sabemos que Paulo passou, por uma dolorosa experiência que, todavia, o amadureceu espiritualmente.
16,10-12 As informações que Paulo nos oferece nos mostram de que forma o Evangelho se firmava nas comunidades cristãs.
16,13 Temos aqui uma síntese do que é a vida cristã: vigilância, na expectativa da Vinda do Senhor, fortalecimento contínuo da fé pela Palavra, testemunho da fé, crescimento na caridade.
16, 15-18 Deus suscita na comunidade de Corinto pessoas que se distinguem. Elas revelam de que forma haverá continuidade na Igreja.
16,20 As igrejas locais não tinham templos. Eram constituídas por pessoas que se reuniam nas casas dos mais influêntes por dedicar-se de maneira singular na difusão do Evangelho.
16,21 Paulo autentica a sua carta que acabou de ditar.
16,22 O grande amor que Paulo sente por Jesus Cristo o leva a considerar digno de exclusão quem não o ama e a expressar o seu ardente desejo de se encontrar com ele.
16,23 A graça é o dom que Deus nos comunica por Cristo, que deve ser sempre mais valorizado pelos fiéis.
16,24 Os coríntios poderão sempre contar com o amor de Paulo por eles, porque o Apóstolo os ama como aquele que os gerou à vida em Cristo Jesus.

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