Carta aos Filipenses

Introdução

            Paulo escreve essa carta no outono do ano 56. No fim da mesma, declara que foi somente dos filipenses que aceitou a ajuda financeira, enquanto trabalhava no meio deles na evangelização. Expressa, também, a sua gratidão porque, embora já esteja trabalhando em outro lugar, ainda se lembram em financiá-lo. Esse é o sinal que nos explica a profunda ligação afetiva que existia entre Paulo e a comunidade de Filipos que vemos expressada desde o início da carta: “Deus me é testemunha, o quanto vos amo em Jesus Cristo” (1,8). O Apóstolo manifesta uma grande alegria no Senhor porque, pela ajuda financeira que os fiéis de Filipos lhe enviaram, os mesmos estão merecendo  participar da graça da qual ele está gozando por causa da prisão que suporta na alegria no Espírito Santo, por sofrer por causa do Evangelho.
  Notamos, todavia, em Fl 4,2, que Paulo fala expressamente de uma situação lamentável. Duas das suas cooperadoras na evangelização, por falta de prudência, implantaram uma contenda na comunidade. Paulo, então, escreve a sua carta no intuito de sarar a divisão que se criou. Ele a considera grave porque mina a harmonia  de sentimentos que deve existir entre os fiéis de cada comunidade local. Isso lhe oferece a oportunidade de se estender sobre o que realmente agrada a Deus na vida cristã. Se existe uma ambição no fiel, esta deve ser a de servir tendo em si “os mesmos sentimentos de Cristo” (2,5), em espírito de total desprendimento, portanto, e, em espírito de submissão em relação aos que presidem na comunidade, exatamente porque trabalham em seu favor.              Para isso, apresenta o seu exemplo e, até, se prolonga em descrever o que está acontecendo ao longo do seu cativeiro, para que fique claro o que  acontece quando alguém vive o seu serviço com os devidos sentimentos. O Espírito nele opera uma efusão da sua caridade, coroada de uma esperança que não poderá ser confundida. A alegria será o fruto dessa perfeita condição espiritual. Os que trabalham em espírito de rivalidade e dissensão, impedem que esse processo de santificação se realize. Depois disso, Paulo faz apelo aos sentimentos que a sua reflexão possa ter suscitado a fim de que os que sempre mostraram tanta ligação afetiva com ele, se determinem a realizar em si a perfeita caridade, para que retorne a igreja local de Filipos à perfeita harmonia de sentimentos e à perfeita união.
           Este é o pensamento de Paulo, quanto a um dos princípios da vida dos fiéis da igreja, que permeia a carta toda e que pode ser assim resumido: temos que ter os mesmos sentimentos de Cristo, que, abdicando à glória da sua condição divina, assumiu a condição de servo, merecendo assim a glorificação. Para isso, sejamos solícitos em guardar a unidade do Espírito (2,1; Ef 4,3), na doutrina e na virtude (2,2), em espírito de prudência, que é próprio daquele que se sente pobre diante de Iahweh e que, por causa disso, considera os outros superiores a si.
            No fim da carta, apercebemo-nos que Paulo faz uma admoestação, exortando, encorajando e conjurando “a viver de maneira digna de Deus” (1Ts 2,12).  Com isto nos dá de entender como nós também temos que proceder em situações semelhantes (Rm 15,14). A admoestação deve ser acompanhada por motivações teológicas, pelo reconhecimento de tudo o que de bom já foi alcançado, para que a correção seja aceita. O erro não pode ser motivo de execração; é algo que, simplesmente, tem que ser corrigido.

Fl 1

1,1-2 Exôrdio
1,1. Endereço. No endereço, Paulo chama a si mesmo e a Timóteo de “servos”*. Devemos procurar a explicação desse termo a partir de Fl 2, 23, momento em que Paulo diz que Timóteo é para ele como um filho que trabalha com ele na evangelização como um servo. Paulo está sugerindo que todos os que trabalham na igreja na evangelização, devem ambicionar, antes de mais nada, servir. Esta deve ser, lembrará Paulo no final da carta, a aspiração de Evódia e Síntique que já trabalharam com ele na evangelização (4,3). Na comunidade não deve haver dissensões e rivalidades e, sobretudo, rebeldia em relação aos que foram postos no comando. Se consideramos como tema da dissertação de Paulo Fl 2,5: “Tende em vós os mesmos sentimentos de Cristo” que se fez servo, podemos dizer que a carta tem um específico intuito, o de restabelecer a harmonia entre os  membros da comunidade de Filipos. O fato que Paulo mencione os bispos e os seus diáconos como termos de uma relação pacífica, levanta a suspeita que Evódia e Síntique estavam se desentendendo, também, com os que deveriam reverenciar, colocados, por Paulo, no comando.
1,2. Saudação. Na saudação, Paulo sintetiza todos os seus desejos para uma comunidade: que a graça da justificação possa sempre mais crescer pela vida e o testemunho da fé e que a comunhão de vida com Deus Pai, pelo Espírito, chegue à sua perfeição pela ação do Senhor Jesus Cristo. Paulo, no fim da carta voltará a lembrar a “graça”. Trata-se daquela justiça que Cristo nos mereceu com o seu sacrifício de Cruz: a "unidade do Espírito", que fomos chamados a promover pelo cultivo da paz (Ef 4,3).


Comentário
            A forma que Paulo utiliza para falar daquilo que nós chamamos “hierarquia” da Igreja, merece a nossa atenção. Em primeiro lugar, a respeito da sua autoridade apostólica, ele é até peremptório em afirmá-la. Vemos, todavia que ela vem acompanhada, sempre, por uma dedicação extrema para que os fiéis se conscientizem que ele, com os outros Apóstolos, foi enviado para anunciar o Evangelho de Deus que não pode ser alterado. A sua dedicação assume atitudes de mãe que nutre os seus filhos e de pai que consola e conforta enquanto mostra o caminho a ser percorrido (1Ts 2,7b.11). Espera essa mesma atitude daqueles que por ele foram postos na função de liderar as comunidades, preocupados, sobretudo, com o trabalho da evangelização. Devem estar preparados, ser persistentes em pregar a palavra de Deus, todavia abalizados, no seu ensinamento, por uma vida íntegra. Dessa forma, os fiéis acatarão a sua doutrina e os reverenciarão na sua posição de comando. Por sua vez, os fiéis têm que fazer habitar no seu espírito a Palavra de forma abundante (Cl 3,16), porque o dever do testemunho não é somente dos que estão no comando, mas de todo e cada membro da Igreja. A Igreja local é chamada a anunciar, como um todo, o evangelho de Deus: os fiéis, em união com os seus bispos com os seus diáconos. Se surgem dissensões é porque algo está errado: ou os fiéis presumem  saber mais do que aqueles que estão no comando, ou estes não estão à altura da sua posição.

         Oração de Paulo
1,3-5 Ao lembrar o que pede em favor dos filipenses nas suas orações, Paulo recorda, com muito tato, porém, propositalmente, o que  iniciou entre eles e que deve continuar a existir, deixado de lado todo desentendimento: a comunidade deve continuamente produzir frutos pelo Evangelho, até chegar à perfeita santidade, numa plena comunhão de sentimentos (gr.: koinonia) entre os seus membros. É a mesma preocupação  que João mostrará ao escrever a sua 1ªCarta: 1Jo 1,3-4. A alegria do Apóstolo é plena quando os fiéis vivem a sua santificação em comunhão de fé com ele.
1,6. É nessa condição que Deus levará a termo o que iniciou para um feliz encontro com Cristo Jesus.
1,7. Paulo não pode pensar de forma diferente a respeito dos filipenses, porque os guarda no seu coração e os considera sócios da graça uma vez que se sensibilizaram diante dos seus sofrimentos por causa do evangelho.
           
Comentário
            Paulo repete nesses versículos o termo “comunhão” [1,5.7: “para que haja comunhão de sentimentos” (v.5); “vós que comungais comigo da mesma graça” (v.7)], que considera uma exigência para percorrer um caminho de santificação numa comunidade e condição pela qual os filipenses podem estar perfeitamente unidos a ele até nas cadeias. Isto confirma que Paulo está visando, com o seu escrito, solucionar um grave problema de desentendimentos. Basta pensar com que ênfase apela para que todos se empenhem em se corrigir (2,1-4). A “unidade do Espírito”, que somente se alcança quando estamos em paz com Deus porque amamos os irmãos, é condição imprescindível para avançar na santificação.

1,8 Paulo ama os Filipenses  com um amor profundo. Estamos diante dos mesmos sentimentos que Paulo manifestou em 1Ts. É o amor que despontou  de uma longa agonia para gerá-los na fé, que vê florescer na compreensão dos mistérios de Deus e na perseverança nas tribulações por causa da Palavra de Deus. Os filipenses, todavia se distinguem de todos os outros fiéis porque se solidarizaram com Paulo de forma peculiar, expressada mediante a sua ajuda financeira, dessa forma se tornando partícipes das suas tribulações (4,14).
1,9-11. Diante disso, impetra uma caridade que transborde sempre mais em conhecimento e em todo discernimento, para agradar a Deus, sempre preferindo o que mais lhe aprouver, para que sejam encontrados puros e irrepreensíveis quando chegar o Dia do Cristo, repletos do fruto da justiça, que podemos alcançar por Jesus Cristo e não pelas nossas obras, para a glória e o louvor de Deus.
           
Comentário
            Os termos dessa impetração nos revelam uma precisa teologia de Paulo, no que se refere à natureza da vida cristã. Ela deve ser complementada, todavia, com as outras reflexões que da mesma ilustram as facetas. O fiel é chamado à perfeita caridade. Ela é alcançada quando vivemos em plena comunhão de sentimentos com Deus, guardando a paz e a plena comunhão com os irmãos (Ef 4,3: “solícitos em guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz”). O discernimento é a virtude pela qual aquele que ama a Deus procura fazer, em tudo, a vontade de Deus. Essa é a maneira de viver a vida que Cristo nos conquistou pela sua imolação. É ela que nos tornará irrepreensíveis no dia da ira (Rm 5,9). Essa condição de perfeição, fruto do amor benevolente do nosso Deus, que nos abençoou em Cristo com toda sorte de benção espiritual, fará de nós o peã de sua Glória (Ef 1,6).

            Vocabulário

Servo. O termo servo tem a sua especificação em 2Cor 4,5s, que, por sua vez esclarece Rm 1,1, enquanto associado a Rm 1,9. É a condição daquele que consagra a sua vida a Deus no ministério de anunciar o Evangelho. Paulo propõe a si mesmo como modelo, porque vive esse ministério consciente de ter sido chamado por Deus e por ele avaliado para essa função. Por ele vê agir o Espírito com eficácia, através das suas palavras. Por isso, longe dele o erro, doutrinas contaminadas, o engano, o desejo de agradar, a adulação, o intuito de lucro. Na total dedicação, se faz pequeno. Num amor maternal gera à fé aos fiéis que sempre amará com a mesma intensidade.
Igreja. Quando esse termo se refere especificamente a uma comunidade de um lugar, define o seu sentido, que é análogo ao sentido da comunidade dos fiéis que tem como fundamento os Apóstolos. A Pedra angular continua sendo Jesus Cristo, Mediador da graça que o Pai promove nos fiéis, seus filhos, até à plena caridade. É liderada por quem o Apóstolo constituiu em autoridade, com a específica tarefa de instruir na fé. Em relação a esses epíscopos, os fiéis têm o dever de reverenciá-los porque, juntamente com os seus diáconos, trabalham para o seu crescimento. O programa de cada igreja é  de explorar a Graça do “nosso Deus e Salvador”, que se manifestou, e promover a unidade do Espírito.
A comunidade dos filipenses, desde o seu início, progride no Evangelho em “comunhão”, cada um dos seus membros promovendo em si a caridade em vista da sua plenitude e em comunhão, quanto à doutrina, com aqueles que foram constituídos em autoridade. Por isso, não há divisões na fé, não há rivalidades; ao contrário, todos sofrem unidos por causa do anúncio da palavra: condições ideais para levar a termo a santificação. Mais uma vez, Paulo lembra que a perspectiva do Dia do Senhor Jesus deve continuar a ser um elemento fundamental, uma vez que promove a contínua vigilância: uma constante na vida do fiel.
Paulo tem certeza que Deus aprova em tudo o comportamento dos filipenses, uma vez que estão em plena comunhão de caridade. Ele está unido a Deus enquanto possui a doutrina da fé sem erro, vive o seu serviço com perfeição, pela observância dos mandamentos de Cristo, ama os seus irmãos com perfeita caridade. Os fiéis  imitam sua fidelidade ao Evangelho,  a dedicação no seu anúncio e no amor fraterno.
Justificação. A justificação é a graça que Jesus nos mereceu com a sua Morte redentora. Ela deve crescer mediante o exercício da fé, isto é, pelo contínuo aprofundamento na compreensão do Mistério de Deus e pela observância dos mandamentos de Cristo, condição para amarmos os irmãos (1Jo 3,23s).


6a feira 30a semana TC ano par
             Reflexão (Fl 1,1-11)
             Esta perícope inicial apresenta o esquema da vida vida cristã nos seus pontos básicos. Somos justificados pela ação do Espírito que Jesus Cristo nos mereceu com a sua Morte de Cruz. Configurados a Cristo Jesus, Sacerdote, Profeta e Rei e enriquecidos com as virtudes da fé, da esperança e da caridade, desenvolvemos a santificação do batismo através do cultivo dos dons do Espírito, sob a lida da hierarquia da Igreja, bispos e diáconos. Tornados capazes de dar testemunho da Palavra, promovido em nós pelo espírito de entendimento da verdade e de discernimento em relação às boas obras para as quais Deus nos destinou, caminhamos até à estatura adulta de Cristo, sobretudo quando nos dedicamos ao anúncio do Evangelho, cheio dos frutos da justiça. Percorrido o caminho da purificação dos pecados, no dia em que o Senhor virá, admitidos à presença de Deus, seremos o cântico de louvor da sua glória.
             

1,12-18
            Paulo fala de si mesmo para provar que há uma condição de santificação no trabalho da evangelização, quando o mesmo é empreendido em espírito de serviço. O é para ele e para todos aqueles que, por benevolência, a ele se associam para falar as palavras do Evangelho. Não o é para aqueles que agem por inveja. O que de fato estes alcançam é o aumento de seus sofrimentos que já tem que suportar por causa das suas prisões.
            Resulta que tudo o faz crescer na vida que ele experimenta enquanto está associado a Cristo na sua Paixão, exatamente porque vive o seu ministério com os mais puros sentimentos. Não o move um espírito de contenda, de vaidade, e sim, a determinação de anunciar com fidelidade o Evangelho de Deus e a vontade de servir a Deus no anúncio do Evangelho do seu Filho (Rm 1,9).

            No pensamento de Paulo, tudo ocorre tendo como pano de fundo a sua atividade de ministro do Evangelho de Deus; missão importante porque: 1º) fala do Mistério de Deus, 2º) por ela, ele se tornou instrumento do Espírito que opera pela sua palavra, 3º) é o caminho da sua santificação e salvação. Declara, agora, aos filipenses que está experimentando uma grande alegria ao ver que as suas prisões são ocasião de anúncio de Cristo no pretório e em outros setores do governo. Isto motivou muitos irmãos no Senhor a anunciar confiantes a  palavra do Evangelho. Reconhecem que Paulo recebeu de Deus a função de sustentar as posições conquistadas pela pregação do Evangelho. Com sentimentos de benevolência, portanto, anunciam o evangelho de Cristo, movidos pelo amor. Há contudo quem prega Cristo por rivalidade, com intenções impuras, para suscitar mais sofrimentos à sua prisão. Mas isto não vai desanimá-lo. De qualquer forma, ele se alegra porque Cristo é anunciado, não importa se com intuito hipócrita ou na verdade.
1,19-20. Aliás, uma vez que isto, também, é mais uma ocasião para que esteja unido a Cristo na sua Paixão, não pode deixar de experimentar nele a alegria do Espírito Santo. É mais uma condição para sua salvação. Pede, portanto, que o ajudem com suas orações para que ele , pela ação do Espírito Santo, que é o Espírito de Cristo, persevere na expectativa e na esperança não sendo jamais confundido, e, com toda confiança, como sempre, assim, agora, seja engrandecido Cristo em seu corpo, continuando ele a viver ou vindo a morrer. Captamos esse sentimento de Paulo ao ler Fl 4,10-20.


Comentário
            Paulo, não condição de membro da Igreja, “chamado a ser Apóstolo” (Rm 1,1; Ef 4, ), sabe o quanto tem que lutar pela sua salvação. Dela sempre mais se aproxima a medida que supera cada provação que se apresente. A sua constância, que promove  sua esperança, lhe permitem tornar-se sempre mais forte e corajoso, a ponto  de se tornar aspiração sua que Cristo seja glorificado em seu corpo. Atrás dessas palavras está toda uma experiência que falará de maneira extensa em 2Cor. Naquela altura, experiências apostólicas extremamente dolorosas o levarão à convicção que somente há alguma esperança de sucesso no apostolado quando há uma direta intervenção de Deus. Ter-lhe-ão dado, ao mesmo tempo, a convicção que, na força de Deus, nunca será vencido e que quando enfraquecido e que se torna forte.

1,21. Não obstante reconheça que ainda não conquistou o prêmio, Paulo, todavia, tem consciência que está vivendo em si, em tudo, a vida de Cristo. Em Cl 1, Paulo dela nos expõe o dinamismo: uma vida de fé e de caridade que se nutre do Evangelho e se aperfeiçoa através do cultivo dos dons do Espírito até ter a ciência e o discernimento para fazer sempre em tudo a vontade de Deus; chegando à perfeição pela superação das tribulações que abre à experiência dos frutos do Espírito e a uma caridade coroada por um esperança que não poderá ser confundida.
            É evidente que a morte corporal será a condição da posse daquilo que agora é alcançado na fé (Hb 1,11).

1,22. Paulo sabe que pode ainda contribuir como instrumento de obras preciosas em favor da Igreja. Não é vaidade ter de si uma justa estima (Rm 12,3). A partir de uma visão terrena, na verdade, a sua presença na Igreja pode ser muito útil. Segundo a perspectiva de Deus, Paulo é insignificante, basta pensar o que era quando perseguia a Igreja de Cristo. Foi o Senhor que o  valorizou. O que ele é agora, o é porque fruto da graça.

1,23. A sua opção é aquela que Cristo aprova. Porque o ama, quer que permaneça. Isso redundará em grande alegria para os filipenses que voltará a encontrar.

1,27. Paulo, agora, apela para uma reciprocidade baseado em sua declaração de predileção, a ponto de querer sofrer por eles os encarceramentos, na condição de ministro do Evangelho. Na base da sua declaração de aceitação em permanecer vivo para voltar a eles, expressa o desejo que promovam a unidade do Espírito, tendo os mais puros sentimentos e que lutem unidos na mesma doutrina pela fé do Evangelho. Pede também para que não desanimem diante dos adversários. O mal que estes praticam é sinal de perdição, enquanto para os fiéis que sofrem, é sinal de salvação. Que reconheçam  nos sofrimentos que têm que suportar em favor de Cristo, uma graça que Deus está lhes concedendo.
1,30. Os filipenses estarão tendo a mesma luta que já viram Paulo suportar, da qual, agora, estão tendo notícia.

Resumo
            Aquilo que podia ser intuído em 1,1 como sendo o propósito da carta,  o de exortar os filipenses a uma pureza de sentimentos no seu agir e a uma unidade de doutrina, acaba patenteado em 1,27: “Promovei a unidade do Espírito, lutando com uma só alma pela fé do Evangelho”.
            O endereço (1,1) já indica a temática da carta pelo termo “servos” que Paulo aplica a si e a Timóteo e pela condição dos destinatários “santos”, que estão em Filipo com  bispos e diáconos.
            A saudação (1,2) indica o caminho para corrigir a desunião e a rebeldia: guardem a “graça” e a “paz” pela ação de Deus Pai (2,13-16) e do Senhor com o seu Espírito (1,19).
            A oração (1,3-11) evoca a comunhão de sentimentos (gr.: koinonia) de outrora, que dava a Paulo a certeza da eleição dos filipenses. Ainda não a perdeu, porque, no seu amor visceral em Cristo Jesus, por eles oferece as suas tribulações no cativeiro, vendo-os associados a si na graça (1,7), enquanto tentam ir em seu socorro (4,14). Devido a isso, está pedindo que cheguem à perfeição para o dia de Cristo.
            O sucesso que ele alcança enquanto sofre por causa do evangelho e a alegria que experimenta, no Espírito de Jesus Cristo, deveriam convencê-los que é no serviço que se realizarão. Experimentarão a vida em Cristo que a ele inspira até o desejo de sair desse corpo para estar com o Senhor.
            Eis então o programa: guardem a unidade do Espírito pelo vínculo da Paz (Ef 4,3); vivam a unidade da fé para lutar juntos pelo Evangelho; não esmoreçam nas perseguições.


Vocabulário

Vida Cristã – O fiel opera a sua santificação no serviço e na comunhão de fé com os bispos, guiado pelo Espírito que é próprio do pobre de Iahweh. Quanto à doutrina, a sua alma procura a comunhão com aqueles que foram postos como guias. É solícito em guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz. Paulo explicita esse conceito em Ef 4, quando exorta à imitação de Cristo nas virtudes que a sua imolação revelou, porque, assim, será mantida a unidade no Espírito, com o Filho e o Pai. O fiel terá a sua plena atuação dentro de um Corpo, que é a Igreja, onde Cristo Jesus constituiu Apóstolos, Profetas, Evangelistas, Pastores e Doutores, em vista da edificação de todos os membros até chegar à plenitude da estatura de Cristo, para juntos se edificarem no templo de Deus, no Espírito Ef 4,11-13).
            A rivalidade, a vanglória são prejudiciais, impedem o crescimento da Igreja,  ferem a comunhão de vida que deve existir entre os seus membros. Isto, porque interrompem em si a comunhão com Deus, uma vez que entristecem o Espírito.
            O espírito de serviço promove a santificação porque visa a doação de si em prol do Evangelho de Deus. Enquanto a Igreja cresce, o fiel experimenta a efusão da caridade coroada pela alegria e a paz, frutos do Espírito (Gl 5,22).
            A condição privilegiada da santificação acontece quando é dado ao fiel participar da Paixão de Cristo mediante as tribulações que sofre por causa do Evangelho. É então que ele vê a vida de Cristo florescer nele, a mesma que Jesus conheceu enquanto caminhava para a Cruz (2Cor 4). Ela abre o espírito a uma esperança de ressurreição e herança da vida eterna, na condição de filhos adotivos em Cristo (Rm 8).
            Na carta aos filipenses, Paulo ilustra esses conceitos dentro de contextos que lembram momentos da sua vida relacionados a eles. A fundação lhe recorda a comunhão de sentimentos que existia entre os fiéis. A ajuda que acaba de receber, e que comenta em Fl 4 o leva a pensar que os filipenses estão merecendo participar da sua graça conquistada através de seu encarceramento. Por isso, reza para que cheguem a uma condição de perfeição que os torne aceitos por Cristo, em sua Vinda. É nesse momento que nos diz em que consiste a perfeição da vida cristã: sempre procurando qual é a vontade de Deus .

Fl  2

2,1-4. Fl 1 foi toda uma premissa, para Paulo apelar para que os filipensenses tivessem todos o mesmo sentimento correto, tendo a mesma caridade, aquela que o Espírito faz amadurecer e estabelece nos corações  para que haja plena comunhão de vida com Deus Pai. A contenda e a vanglória não combinam com o espírito de serviço no anúncio do Evangelho. Deve ser cultivada a prudência, própria do pobre de Iahweh, para cada um considerar o outro superior a ele, sem mais olhar para as suas prerrogativas, e sim para as dos outros.
Exegese
2,1 Os termos que Paulo aqui utiliza (conforto e consolação) tem o exato significado que encontramos em 1Ts 2,12, onde diz que ele agia como um pai pedindo com insistência para que fizessem como ele ensinava, porque sabia qual era o seu bem. Os seus não são meros sentimentos humanos, mas aqueles que o amor de Cristo, que o leva a si doar como ministro do Evangelho de Deus (1Ts 2,9), lhe inspira. Agora espera que os filipenses correspondam à altura.
2,1. “Vivam, na sua perfeição a comunhão do Espírito, isto é a vida de amor que está em Deus e da qual comungam (Ef 4,3)”
2,1. “Diante do meu amor visceral em Cristo, e da minha compaixão ao ver o mal que estais provocando a vós mesmos...”
2,2. “... revertei a situação e levai à plenitude a minha alegria...”
2,2. “... chegando a pensar segundo o espírito de discernimento, a ter a mesma caridade, unidos na doutrina, unidos na virtude, discernindo o que é bom”
2,3. “Nada façam por contendas, nem por vangloria”
2,3. “Mas segundo o espírito de prudência próprio do pobre de Iahweh, que só quer se enriquecer com os valores de Deus, considerando-vos reciprocamente um superior ao outro”,
2,4. “... parando cada qual de olhar para os seus valores, pelo contrário, considerando cada qual os valores dos outros”.
2,5. O modelo é Jesus Cristo.
2,6-11. As convicções teológicas que Paulo tentou apresentar aos filipenses, nesse momento se transformam em um cântico espiritual. É o que acontece quando a Palavra é celebrada na solene Liturgia no dia do Senhor. (Ap 1,10). Cl 1,15-20; Ef 1,3-14 e Fl 2,6-11 podem ser as mais extensas demonstrações. Mas elas não são as únicas. As outras podem ser mais breves, mas não menos solenes, todas elas fruto da ação do Espírito em quem vai refletindo sobre a Palavra que leva à contemplação da grandeza da vocação cristã, da herança reservada nos céus, do poder com que Deus atua, da ação de Cristo que, de alma vivente, tornado Espírito vivificante, faz passar o fiel de glória em glória. Para que todos os fiéis participem de tudo isso, Paulo, até eleva a sua oração a Deus Pai: para que  possam compreender, como ele compreende, o Mistério de Deus (Ef 1,17-23).
            Paráfrase.
Cristo Jesus, embora sendo de condição divina, não considerou irrenunciável  ser igual a Deus, pelo contrário, despojou-se da glória da divindade, assumindo a condição de servo, pela semelhança que assumiu com os homens. Na condição de homem em que se tornara, se associou aos humildes, aceitando obedecer à vontade de Deus, obediente até a morte, morte de Cruz.
            É esse homem que Deus exaltou e que recebeu uma condição superior a qualquer outra imaginável. Tornou-se merecedor da nossa adoração e das ordens celestiais, porque ele foi constituído Senhor. O homem Jesus, o Cristo, reflete em si a Glória de Deus Pai.
3a feira 31a semana TC ano par
             Reflexão (Fl 2,5-11)
            Esse cântico espiritual de Paulo volta a sugerir os sentimentos que acaba de expressar em 2,1-4, enquanto propõe como modelo a Pessoa divina de Jesus. O homem Cristo Jesus é a Pessoa divina da Sabedoria criadora, "resplendor da Glória de Deus, Imagem do seu Ser" (Hb 1,3) que assumiu a condição de filho de homem. Impelido pelo Espírito, enquanto crescia em idade, crescia, também, em sabedoria e graça (Lc 2,52). Chegou à perfeição porque aprouve a Deus esmagá-lo pelo sofrimento (Hb 2,9). Tendo ele abraçado esse caminho "obediente até a morte e morte de Cruz", a Divindade o exaltou. Jesus tornou-se o Filho que "recebeu um nome acima de todo nome" que o coloca acima de todo poder e dominação, principados e potestades". 


2.12. Após ter proposto o Modelo e ter dado todas as motivações para imitá-lo, Paulo pede que seja obedecido, para que os filipenses cheguem a fazer o que realmente serve para a sua salvação, como filhos obedientes que agem no temor e tremor.
2,13. Deus  poderá operar neles, o querer e o poder, aquele que é segundo a sua vontade,  somente após eles terem se despojado da sua vanglória.
2,14-16. A persistência nas rivalidades que geram rixas e dissensões, os tornariam um povo de murmuradores iguais a da “geração má e perversa” no meio da qual vivem, quando, pelo contrário, deveriam, na condição de filhos de Deus, irrepreensíveis e puros, ser “mensageiros da Palavra da vida”, como astros no mundo. Se os filipenses forem obedientes e cessarem com as suas rivalidades, para que Deus possa “operar, segundo a sua vontade, o querer e o operar”, eles serão a sua coroa e a sua glória “no Dia de Cristo”. Caso contrário todo o seu trabalho estará perdido.
2,17-18. Quanto o Apóstolo gostaria poder derramar o seu sangue, sabendo que seria um “serviço” em favor da fé dos filipenses. Isto seria motivo de alegria e regozijo. Por isso, expressa o desejo que os filipenses cheguem a ter esses mesmos sentimentos, recuperando e promovendo a verdadeira vida de fé.
2,19-30. Paulo termina a sua argumentação e passa a informações, elogiando também  a Timóteo. Por ele, nos indica de que maneira esse seu discípulo se santifica: esquecido de si mesmo, se preocupa com a santificação dos filipenses,associando-se a Paulo no serviço do Evangelho de Deus. Epafrodíto é outro exemplo de colaborador no anúncio do Evangelho de Deus.

Fl 3

3,1-11.  A exortação a regozijar-se no Senhor sintetiza os ensinamentos que Paulo, até aqui, explicitou. A precaução que logo sugere se refere aos judeus, que tentam impedir que a salvação chegue aos pagãos. O alerta contra os maus operários diz respeito a uma constante preocupação de Paulo: a dos falsos pregadores, minados por erros, portadores de falsas doutrinas e até enganadores que vivem agradando, adulando, movidos por intuitos escusos de lucro. Outra grande preocupação são os cristãos judaizantes, eternos saudosistas dos ritos da Antiga Aliança. A circuncisão, ensina Paulo, era figura do que agora o Espírito opera em nós pelo Batismo. A glória de Moisés era transitória. A de Cristo é eterna e a mostramos retirando o nosso véu, para sempre. É inútil confiar nas tradições humanas. Circuncisão e Lei são um nada em comparação a Cristo. O conhecimento dele, Senhor da Igreja, é que proporciona a graça da justificação. A partir da minha adesão de fé a ele eu cresço na comunhão de Vida que ele opera em mim em virtude da sua ressurreição, mediante a participação em seus sofrimentos. Enquanto vivo o meu sacrifício espiritual, assumo a forma da sua imolação. O que proporciona a condição definitiva de ressuscitados.
3,1  A exortação “Regozijai-vos nos Senhor” retoma o pensamento iniciado em 2,12 e conduzido até 2,18. O sinal de uma salvação definitiva por parte de Deus é a alegria de ver que a vida se tornou um sacrifício espiritual agradável a Deus, que pode, até, ser coroado pelo derramamento de sangue.
3,2 A argumentação é retomada com o alerta sobre o que deve ser definitivamente rejeitado: a ação rancorosa dos judeus que se opõem à pregação do Evangelho, os operários da vinha do Senhor que fazem do seu ventre o seu deus (v.19) e os judaizantes saudosistas da Lei.
3,3 Os que foram marcados com o selo do Espírito de Deus e que, portanto, estão associados a Cristo na sua glória são o Novo Israel. Deixaram de confiar nas vantagens que adquiriram seguindo a tradição judaica.
3,4-5 Paulo poderia se vangloriar, acima de qualquer um, da sua circuncisão, de ser da "raça de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu filho de hebreus". 
3,6 Ele era um fariseu, irrepreensível quanto a Lei.
3,7 Contudo, se ele se apegasse a esses valores, preferindo-os ao amor que Cristo lhe mostrou, sairia perdendo.
3,8 Mais ainda, perderia a condição de estar em comunhão de vida com a relevação da Glória de Iahweh, aquele que foi constituído por Deus Senhor da Igreja. Por isso aceitou, sem titubeação, desfazer-se das vantagens que o homem terreno oferecia. Tinham-se tornado esterco.
3,9 A justiça que alcançamos pela fé em Cristo...
3,10-11 ... leva à plena comunhão de vida  que, por sua vez, permite experimentar "o poder da sua ressurreição" no Batismo (Rm 6,4). Quando, depois, a ele nos associamos na imolação, vivendo, na constância, as tribulações, alcançamos "a ressurreição de entre os mortos".
3,12-16 Por essa digressão, Paulo explica como o processo não tem solução de continuidade até que se realize a condição definitiva, qual é a ressurreição dos mortos.
3,17 Sugere, ainda, que os fiéis evitem seguir qualquer outro guia, adotando o modelo que ele está mostrando com a sua vida e que outros já vivem.
3,18-19 Os que visam o enriquecimento, os que têm ambições terrenas, "são inimigos da cruz de Cristo".
3,20-21 Os que "da fé para a fé" (Rm 1,17), promovem a justiça que Cristo Jesus nos mereceu pela sua imolação, até se associar à sua paixão para experimentar a vida pela morte, alcançarão a Cidade do céu. O Senhor Jesus Cristo, o Salvador, que "esperamos ansiosamente" (Ap 22,17), pelo poder que alcançou "de submeter a si todas as coisas", "transfigurará o nosso corpo humilhado" pelas tribulações, "conformando-o ao seu corpo glorioso".


Fl  4   A origem da carta

4,1-9 Por aquilo que Paulo diz, agora, como conclusão de toda uma reflexão que acenou a todos os pontos da questão tentando dela sugerir a solução, entendemos a motivação pela qual escreveu esta carta. Algo que tanto prejudica toda condição de santificação numa comunidade cristã tinha acontecido. Evódia e Síntique, que tinham sido suas companheiras “na luta pelo Evangelho” estavam sendo causa de desentendimento. Pede então a Sízigo, seu fiel companheiro que resolva o caso.
Vemos que Paulo é muito comedido em suas palavras, sem, contudo deixar transparecer de forma clara as verdades que têm que ser ditas.
Trabalhador incansável, modelo de vida cristã, revela ser uma autoridade que tem visão e que sabe se relacionar, de forma apropriada, com as comunidades locais.
As cartas do Apóstolo começam a nos dizer, de antemão, quão numerosas serão as intricadas situações que surgirão na Igreja onde, embora exista uma autoridade, a solução dos problemas depende do empenho de cada um dos seus membros. Devido a isso surgem, muitas vezes, a dificuldade de cumprir com as suas obrigações e de se relacionar com aqueles que foram constituídos no comando, nem tanto pela má vontade, mas pela imaturidade. Conseqüentemente, a maneira mais correta de agir por parte de quem está no comando, não é através atitude autoritária, mas da longanimidade que dosa a correção enquanto pondera quanto o fiel já tentou fazer de bem e o que o impede de agir bem naquele momento. Talvez a melhor solução seja a de pedir auxílio a quem pode contribuir com a solução do caso.
4,1 Permanecer firmes no Senhor é o que Paulo deseja ao filipenses, a graça na qual ainda não se firmaram (1,29), condição para alcançar "a ressurreição entre os mortos" (3,11).
4,2 No momento de aplicar o corretivo preparado com todas as possíveis argumentações, Paulo especifica os indivíduos e o mal que deve ser corrigido. Evódia e Síntique são exortadas a ser uma só alma (2,2).
4,3 Sízigo é convidado a auxiliá-las, socorrendo-as com amor fraterno (Ef 4,2). Paulo não se omite em reconhecer os seus méritos, uma vez que cooperaram na sua "luta pelo Evangelho". Indiretamente, enfim, lembra que, caso se corrijam, não terão perdido o que conquistaram, o de ter o seu nome inscrito no livro da vida.
4,4 Paulo, que, pela pureza dos seus sentimentos, consegue a alegria no Espírito Santo, porque entende que a vida se manifesta nele enquanto se vê morrer no seu corpo, deseja aos filipenses que cheguem a sentir o mesmo. 
4,5 Esta é a condição para poder esperar ansiosamente Jesus Cristo Senhor no dia da sua vinda.
4,6 Os que vivem a perfeita caridade sabem que sempre serão atendidos nas suas orações em tudo o que precisam (1Jo 3,22).
4,7 É pela sua prática que experimentarão o que é a paz que Deus dá, fruto da sua união perfeita com Deus pelo Espírito (Ef 4,3).
4,8 O fiel que chegou a viver na perfeita caridade, e Paulo provou que a vive, embora prossiga "para o alvo, para o prêmio da vocação do alto" (3,14), sabe que a sua vida é "tudo o que é verdadeiro". Ele quer estar unido ao Verdadeiro, "no Verdadeiro, Jesus Cristo... o Deus verdadeiro e Vida eterna" (1Jo 5,20). É isto que enobrece o fiel, que foi justificado pela fé em Cristo, que no seu sangue pode se purificar de todo pecado, ate chegar à perfeita caridade, merecedor do reconhecimento de Deus por causa da sua virtude.
4,9 Paulo volta a se apresentar, na condição de Apóstolo que levou os filipenses à fé, como exemplo a ser imitado. Então, saberão o que é a paz, porque perpetuarão em si o que o Senhor mereceu com a sua Paixão (Jo 19,20s).

4, 10-20 A ajuda financeira
            Paulo vê na ajuda financeira que os filipenses lhe enviaram um gesto cristão de valor singular. Como tinha dito Jesus, pela sua cooperação se tornam participantes da recompensa do Apóstolo (Jo 13,20; Fl 1,7). Esse é o motivo da sua profunda alegria. Não porque recebeu uma ajuda material que supriu às suas necessidades. Sustentado por aquele que o conforta, sabe enfrentar com a mesma serenidade qualquer situação. O seu gesto merece por parte de Deus uma recompensa. Foi uma oferta que agradou a Deus. Que ele os recompense segundo as suas riquezas para que Cristo Jesus seja neles glorificado.
            Esta perícope nos explica o que Paulo disse na sua oração de ação de graças logo no início da carta. Se ele vê na comunhão de sentimentos, que marcou o início da sua pregação apostólica, um sinal claro da aprovação de Deus, muito mais, por esse novo sinal,  vê os filipenses sócios na “graça”. Por isso, os tem no seu coração e os ama com o amor visceral próprio de Jesus Cristo, porque se associaram aos encarderamentos que sofre por causa do Evangelho (1,7).
            Criou-se uma condição de crescimento no Espírito que motiva Paulo a impetrar de Deus que os filipenses cheguem à perfeita caridade e que vivam em tudo agradando a Deus, até chegar ao dia do Senhor repletos de frutos da justiça que Cristo nos mereceu, resplandecentes como a luz do sol e sem mancha (1,9-11).

4,21-23 Saudação final
4,21 Na saudação, Paulo sublinha que a unidade está em Cristo Jesus, de quem todos têm que ter os mesmos sentimentos. Sua vocação é a santificação pelo cultivo da fé e da caridade que o Espírito implantou como princípios de vida nova. Pela fé se manifesta sempre mais a justiça de Cristo. Quando transborda a caridade, então a esperança a coroa e todo fruto do Espírito aparece.
4,22. São lembradas as preciosas conquistas fruto da sua condição de servo que sofre por causa das suas prisões, mas que chegaram a triunfar. A alegria espiritual é uma riqueza sem comparação.
4,23. Cuidem do dom da justificação que Deus nos concedeu por Jesus Cristo, a graça que, pelo espírito, nos põe em plena comunhão de vida com Deus, se realmente chegamos a conhecê-lo. Isto acontece quando observamos os mandamentos de Cristo, andamos como ele andou e estamos em plena comunhão entre nós.

2 comentários:

  1. MUITO BOM E QUE DEUS CONTINUE TE ILUMINANDO HOJE E SEMPRE. SUA BENÇÃO
    marcosantonioss@yahoo.com.br

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