Cristologia (1) Introdução (i)
Para
falar da Pessoa divina de Jesus, d’Aquele que, portanto, sendo Deus se revelou
aos homens mediante a natureza humana assumida pela Encarnação, devemos nos
ater à maneira que os Apóstolos adotaram. O ponto de partida foi a sua fé na
Divindade d’Aquele que ressuscitou dos mortos e o fato de ter sempre unido este conhecimento
único da Pessoa do Senhor a todas as profecias que o anunciaram, embora, nestas, não pudesse ser encontrada nenhuma manifesta proclamação da divindade do Cristo do
Senhor. [Há, contudo, aos menos, duas profecias que somente se tornam passíveis
de explicação no seu sentido quando acontece a Encarnação, indicando, dessa
forma, que em si, contêm o anúncio da divindade do Salvador. A primeira é a de
Gn 3,15. Como poderia um descendente da estirpe humana ser capaz de resgatar a
própria humanidade uma vez que todo e cada membro dela tinha caído sob o
domínio da Serpente? O explica a Pessoa humano-divina de Jesus. Jesus se torna
em tudo igual a nós exceto o pecado e, pela condição da sua Pessoa divina é
capaz, pelo sofrimento, de chegar a ser coroado de honra e de glória enquanto,
no meio dos seus irmãos, se torna o Sumo Sacerdote que entrou no Santuário com
o seu sangue, capaz de nos purificar dos nossos pecados. A segunda é a de Is
7,14. Como poderia acontecer que um filho de uma jovem mãe pudesse ser o
Emanuel, a não ser em sentido figurativo, como o tinha sido cada juiz que, na
força do Deus de Israel era capaz de feitos extraordinários que alcançavam a
libertação do povo de Deus da opressão dos seus inimigos?] Em geral toda
profecia, enquanto é preparação do Tempo em que se realiza plenamente o Plano
de Deus, fala de Cristo; é a maneira pedagógica com que Deus prepara a
revelação última de si. Por causa disso deve ser assumida para que cada uma
delas se torne um vocábulo bíblico capaz, mediante a devida modificação à luz
do acontecido, de falar d’Aquele que morreu segundo as Escrituras e que
ressuscitou segundo as Escrituras. Com este método, embora exija muito
trabalho, executado em espírito de sabedoria e revelação sobre a Palavra, é
possível falar de Jesus Cristo de forma adequada, alcançando, assim, todos os
tesouros da sabedoria e da ciência que estão contidos naquele em quem habita
corporalmente a plenitude da divindade. Ele é, como afirma São Paulo, o
Mistério de Deus, isto é, a revelação que Deus faz de si à altura da capacidade
humana de entender e, contém tudo o que Deus é capaz de dizer ao homem, não
obstante a linguagem antropomórfica, analógica e simbólica que ele não pode
deixar de adotar, e que utiliza segundo a sua infinita Sabedoria.
Ao
longo da exposição sobre Cristo Redentor, muitas coisas já foram ditas de Jesus
Cristo visto até como Pessoa divina. Chegou, contudo, a hora de falar dele de
forma direta porque ele mesmo é Deus. Somente enquanto se torna conhecido pela
Encarnação é que começamos a falar dele com os termos da nossa linguagem
humana, nisto ensinados até por ele mesmo. O fato realmente novo que se soma a
toda a revelação do Antigo Testamento é o da divindade da sua Pessoa,
anunciada, até o tempo da sua vinda, simplesmente como Messias, Redentor e
Salvador. Existe nele uma condição peculiar, qual é aquela de viver, com o Pai
e com o Espírito, dos quais ele, pela primeira vez nos fala como de Pessoas divinas,
ele mesmo sendo uma das Pessoas da Ssma. Trindade. Ele nos descreve a sua
condição com o termo de Filho, tirado da nossa linguagem antropomórfica. Na
tentativa de expressar de forma mais precisa a condição de Jesus como Pessoa da
Ssma. Trindade, João diz dele que, em Deus, ele é a Palavra. Também este termo
tem sua origem na linguagem antropomórfica que o autor de Gn 1 utilizou para
falar de Deus de forma analógica. Somente que, em João, deve ser entendido
relacionado à Pessoa divina de Jesus, qual se revelou pela Encarnação. Abre-se
para nós um mundo grandioso qual é o da Divindade da qual é possível falar de
forma nova porque, ao manifestar-se, enquanto revela a sua glória pela criação,
na Pessoa de Jesus Cristo revela a sua Natureza Trinitária. Dela, Jesus é o
Resplendor, a Imagem. De toda a Glória divina possível para ser entendida pelo
homem, Deus nos fala pelo Filho. Ele é a sua Palavra, isto é, a sua Revelação.
O discurso, embora feito em linguagem antropomórfica, enquanto é conduzido pelo
próprio Deus, é extremamente revelador.
Perguntas para reflexão:
1ª) De que forma Deus falou de si
aos hebreus?
2ª) De que forma Jesus nos fala
de Deus?
3ª) De que forma o Mistério
Trinitário enriquece o nosso conhecimento de Deus?
Cristologia (2) Introdução (ii)
Deus
que se revelou a Israel a partir da vocação de Abraão, que, pela história do
seu povo, nos fez entender qual é a condição em que se encontra toda e cada
criatura e que, pela profecia, nos anunciou um Redentor, “nos últimos tempos,
que são os nossos, nos falou pelo Filho, que é o herdeiro, pelo qual fez os
séculos. Resplendor da sua Glória e Expressão do seu Ser sustenta com a sua
palavra o universo” (Hb 1,1-3). A condição divina d´ Aquele que se apresenta
segundo a condição humana é a surpreendente realidade que nos obriga a criar
uma Cristologia que responde à seguinte questão: quem é Jesus de Nazaré que,
enquanto, segundo a linha profética, à qual se liga pelo testemunho de João
Batista, prova ser o Messias, se revela de condição divina pela sua
Ressurreição, que sela a sua Morte como imolação redentora? Foi segundo esta
linha de raciocínio que procedeu a reflexão apostólica a partir da tumba vazia.
Isto nos é ensinado pelo próprio Evangelho do domingo da Ressurreição. Vemos
que o discípulo que ama chega mais depressa à fé, enquanto é seguido por todos
os outros que, depois de ter renegado o Cristo na sua Paixão, embora ela fosse
exatamente uma das últimas realizações das Escrituras em Jesus, após ter-se
revelado Profeta e Messias, voltam a amá-lo. Retomam o caminho da fé que tinham
abandonado ao ver o Messias sucumbir diante dos seus inimigos e começam a
amadurecer, meditando as Escrituras: realmente o Cristo devia sofrer para
entrar na Glória. Estamos diante da seqüência dos evangelhos dos domingos
depois da Páscoa. Os Apóstolos perscrutam as Escrituras, exatamente da forma
que o Senhor ressuscitado lhes ensina, seja aparecendo aos discípulos de Emaús
como a eles mesmos reunidos no cenáculo. Corrigem então o seu messianismo
terreno e começam a encontrar o pleno sentido do Reino de Jesus. Diante da
condição divina do seu Mestre que se revelava na sua ressurreição, entendem
todo o peso do seu ensinamento profético. Jesus veio levar à perfeição a
própria Lei que, numa outra teofania, o Deus único e verdadeiro tinha ditado a
Israel no Monte Sinai. Desta vez a revelação ocorre de forma definitiva. As
Escrituras que servem para meditar sobre a Morte e a Ressurreição do Messias, à
luz a Divindade de Jesus, que fulgura na sua ressurreição, adquirem seu sentido
pleno: Jesus é o Adão novo do qual o Adão antigo era figura. Enquanto podíamos
dizer com Paulo, mas só por alegoria, que todos morremos em Adão, nos referindo
ao Adão de Gn 3, devemos dizer, mas desta vez de forma real, que todos, em
Cristo têm a vida. A Descendência da Mulher, realmente, esmaga a cabeça da
serpente e o Mal é definitivamente vencido porque Jesus é de condição divina; o
Emanuel anunciado por Is 7,14 é uma presença real de Deus no meio dos homens
porque a sua Palavra se fez carne. Por esta última verdade chegamos àquilo que
a Encarnação traz de totalmente novo: o mistério da Vida Trinitária em Deus.
A
reflexão apostólica sobre as Escrituras acaba criando vocábulos teológicos
mediante a transformação interna do conteúdo das figuras sugeridas pela
Profecia, à luz da condição divina de Jesus, revelada pela sua Ressurreição.
Grandiosa
era a visão que a Profecia tinha apresentado enquanto Deus, pedagogicamente,
preparava a vinda do Redentor. Mas ainda faltava ser conhecida em todo o seu
esplendor porque não era iluminada pela luz da divindade daquele que a mesma
anunciava. Agora, como diz São Paulo aos Romanos, estamos diante do Senhor
Jesus Cristo que, segundo a Profecia é o Evangelho de Deus anunciado, enquanto,
na sua Pessoa é o Evangelho realizado, e que, pela Igreja, é o Evangelho
proclamado. Não é algo de grandioso somente porque nos traz a salvação. É
grandioso, também, e, sobretudo, porque revela o Plano sapientíssimo do Pai e
toda a santidade com que age o Filho de Deus.
Deus
que é a Caridade, isto é Vida Trinitária, quer, para as suas criaturas, o
máximo da realização da qual são capazes. São Paulo fala de uma glorificação de
toda a criação atrelada à glorificação do homem. Conseqüentemente, Deus
canaliza todo o seu Poder e Sabedoria para alcançar o seu objetivo que visa à
divinização o homem. O amor de Deus resplandece ainda mais quando, diante da
rebeldia do homem ele é chamado a agir na Misericórdia. A expressão máxima do
amor misericordioso do nosso Deus é a Encarnação pela qual a Palavra que se fez
carne vem nos visitar, colocando a sua tenda entre nós. O Plano de Deus
contempla uma reconciliação mediante uma justificação. Mas é exatamente o
contexto da redenção que nos dá a oportunidade de ver toda a riqueza da
Sabedoria de Deus através do seu Mistério que é Cristo em nós esperança da
Glória.
Perguntas para uma reflexão:
1ª) Quais são as primeiras
descobertas da Igreja apostólica que aprofundam sua fé no Senhor ressuscitado?
2ª) Além da salvação, quais são
os outros valores que nos são participados em Jesus?
3ª) Por que a Misericórdia é a
expressão máxima da Caridade divina?
Cristologia (3) – O Cristo ressuscitado
Os
evangelhos que nos falam da ressurreição são fruto de uma reflexão à qual os
Apóstolos foram impelidos pelo sinal da tumba vazia. Aquele Jesus que chegaram
a reconhecer como Messias e que lhes tinha predito a sua Paixão e Ressurreição
se revelava o Santo que não podia conhecer a corrupção (At 2,31). São Pedro,
com os outros apóstolos, proclama: “Deus o ressuscitou dos mortos e disso nós
somos testemunhas” (v.32). O testemunho dos Apóstolos se fundamenta na convicção
inabalável que Cristo Jesus ressuscitou, promovida neles pelo Espírito Santo, a
partir do momento em que Jesus se manifestou diante deles com as chagas
gloriosas da sua Paixão. Na base dessa convicção corroborada pela visão aos
discípulos de Emaús e pela Ascensão, no
topo do Monte das Oliveiras, chamado Galiléia, isto é, topo arredondado, surgem
as narrativas teológicas da ressurreição que se diversificam pelos detalhes,
não pelo conteúdo de fé, acerca da Ressurreição de Cristo.
Mateus
fala da ressurreição como de uma constatação de um fato acontecido. As mulheres
que se perguntam quem lhes rolará a pedra do sepulcro são aquelas às quais o
Anjo da ressurreição lhes explica o que elas são chamadas a crer: “Aquele que
procurais não está aqui, ressuscitou”. Desde o momento em que Jesus entrega o
espírito ao Pai, no momento da sua Morte de Cruz, ele entra na Glória da
Divindade. Aquilo que os discípulos transportam para o túmulo é o corpo, o
cadáver daquele que foi o Jesus enquanto estava na terra. Sepultado o corpo de
carne, ressuscita um corpo espiritual (1Cor 15,44). A matéria que Jesus
glorificou é sinal, para nós, da sua ressurreição corporal e da glorificação da
matéria que, necessariamente, é arrastada na condição gloriosa do Adão
glorificado. O Anjo da ressurreição transmite o que o próprio Jesus diria.
Aliás, na intenção de Mateus, ele é o próprio Jesus com os sinais da sua
condição divina: as vestes brancas e o rosto resplandecente (Mt 28,3). Os
conteúdos da Ressurreição dos quais a tumba vazia é o sinal, estão aí,
representados por figuras e metáforas próprias da linguagem bíblica, de cunho apocalíptico.
Lucas,
que é o nosso interprete da linguagem bíblica de Mateus, descreve o mesmo
quadro com o intuito de nos transmitir os conteúdos doutrinais de uma
ressurreição que Jesus predissera. A sua exposição é mera paráfrase do quadro
de Mateus porque, de fato, pouco pode ser acrescentado à perfeição
teológico-bíblica do primeiro evangelista. Lucas, todavia, acrescenta algo
importante: a ressurreição está ligada à predição da Morte como algo
determinado por Deus em relação ao Filho do Homem. Ela é, portanto, um
mistério, no que diz respeito à sua natureza. Contudo, como fato, revela a
condição única de Jesus. Na sua ressurreição tem algo ligado às profecias
messiânicas que apontam para uma sua condição divina. A fé na divindade de
Jesus foi algo que amadureceu como uma evolução do conceito da messianidade de
Jesus. Esta sofreu uma transformação diante dos sofrimentos da Paixão, enquanto
aceitos como próprios do Messias, e, à luz da sua ressurreição que apontava
para a condição divina do Cristo do Senhor, foram entendidos como gestos
divinos para uma Redenção dos homens. Uma doutrina de imensas consequências
era, então, a que Jesus deixava aos apóstolos enquanto se despedia deles, prometendo,
contudo, que o Espírito lhes lembraria todas as coisas e os levaria à plenitude
da verdade.
Toda
a riqueza de uma doutrina que sabe reconhecer no homem Cristo Jesus a condição
de Pessoa divina do Filho é atribuída ao Espírito. Desta ação, pela qual a
Igreja se torna arauto da divindade de Jesus, Lucas nos faz uma admirável
exposição pela descrição do que aconteceu no dia de Pentecostes. É pelo
Espírito que a Igreja anuncia a divindade de Cristo e é ainda pelo mesmo
Espírito que todos os homens, independentemente das suas línguas ou raças,
acatam a mesma fé. Com isso, desde o início, a Igreja está de posse da doutrina
acerca do Senhor ressuscitado que proclama o Filho abertamente manifestado com
poder no Espírito de santidade (Rm 1,4). A reflexão teológica foi multiplicando
os seus conteúdos e distinguindo-os sempre mais até nos dar a doutrina que até
agora professamos.
Perguntas para uma reflexão:
1) Qual é o sinal e quais são as
aparições que levam os Apóstolos a uma convicção inabalável de que Jesus
ressuscitou?
2) Quais são os termos e as
figuras da linguagem bíblica de Mateus quando fala da ressurreição de Jesus?
3) De que forma Lucas liga a
ressurreição de Jesus às profecias do A.T.?
Cristologia (4) – O Adão verdadeiro
Jesus
Cristo está no centro de toda a história. Ele une em si a condição humana e a
condição divina. É Deus, como pessoa: a segunda Pessoa da Ssma. Trindade. É
homem, também, porque o Filho do Pai eterno assume a natureza humana a partir
do momento em que é concebido no seio de Maria por obra do Espírito Santo. Logo
aparece uma observação importante a ser feita. É verdade que, segundo a
natureza humana, Jesus é fruto da ação do Espírito de Deus. Contudo, é, também,
verdade que, como Pessoa divina realiza, com o Pai e o Espírito, essa obra;
enfim, é verdade que quem se encarna é somente a segunda Pessoa da Ssma.
Trindade, Aquele que ao entrar no mundo diz ao Pai: “Não te foram aceitos os
sacrifícios e os holocaustos, eis-me aqui –está escrito no Livro- para fazer a
tua vontade.” (Hb 10,5). Aparece, dessa forma, de maneira clara, que Jesus é
consubstancial ao Pai, mas que, na condição de homem em que se tornou, lhe foi
inferior, mas só por um pouco, até que leve a sua humanidade à perfeição, pela
obediência até a morte de Cruz (Fl 2,6-11). Então, Deus, isto é o Deus
Trinitário, o exalta: o homem Cristo Jesus recebe o Nome de Senhor. Jesus é,
então, a Glória de Iahweh, aquela Glória que começou a se manifestar a partir
do seu nascimento e que teve a sua suprema manifestação no momento da sua
ressurreição, de forma que o seu lugar último é o trono do Pai (Ap 3,21). O
Homem Cristo Jesus, elevado ao céu, participa, a pleno título, da Glória da
Divindade. Acontece o indizível, o homem se torna Deus e, àqueles que, em
virtude da Encarnação, se tornaram seus irmãos, é dado de se tornarem filhos
adotivos do mesmo Pai, pela fé nele e na sua redenção. A forma com que se dá a
nossa divinização ilustra toda a riqueza da divindade que Cristo possui e nos
comunica. Ele é o Adão verdadeiro, aquele no qual Deus pensou quando falou:
“Façamos o homem a nossa imagem e semelhança”. Jesus, que se tornou em tudo
igual a nós, exceto o pecado, é o único homem que, pela perfeita obediência e
pela imolação, sinal supremo do reconhecimento do homem da sua dependência do
Criador, conduziu a sua humanidade à perfeição, por virtude própria. Por isso,
o Santo, isto é Deus, não podia conhecer a corrupção, na humanidade assumida. O
Adão novo se torna, então, princípio de santificação para os seus irmãos, que
se santificarão enquanto fizerem do Modelo que ele lhes deixou, o seu Caminho.
Contudo, Jesus, não é só Modelo de vida, é, também, Princípio de vida, porque,
em virtude da sua imolação, se torna fonte do Espírito que purifica e renova.
Jesus Crucificado é o Caminho vivo, o autor e realizador da fé. Na condição de
Palavra que se fez carne, Jesus, como diz São João, se torna a Luz, capaz de
comunicar a Vida (Jo 1). É Aquele que o Pai, no momento da ressurreição constitui
Dia, a primeira das criaturas: “Tu és meu Filho, eu a ti constituo Dia, Luz”
(Sl 2,7). Por causa disso está nele “toda a primazia” (Cl 1,18). Com a sua
Vinda ao mundo, o mistério anunciado mediante a promessa de um Redentor (Gn
3,15) é desvendado. Como poderia um descendente da estirpe humana estar em
condições de remir, quando todos estão debaixo da desobediência? Isto acontece
porque o Novo Adão é Deus.
Perguntas para uma reflexão:
1ª) Quais são as prerrogativas de
Cristo Jesus, o Adão verdadeiro?
2ª) De que forma é possível, em
Cristo novo Adão, a nossa divinização?
3ª) De que forma se realiza em
Jesus a profecia de Gn 3,15?
Cristologia (5). A interpretação que São
Paulo faz da figura do Adão do Gênesis (Rm 5,12-21): Nosso Senhor Jesus Cristo é o Novo Adão. Pela
justificação nos faz reinar para a vida eterna.
Para
explicar de que forma os homens, justificados pela fé, participam da Glória de
Deus mediante Cristo Cabeça, em virtude da Redenção atuada com plena sabedoria
até a imolação, Paulo faz, da figura do Adão do Gênesis, a profecia de Cristo,
princípio da estirpe dos filhos de Deus (Rm 5,14). Teologicamente, a figura de
Adão de Gn 3 retrata o homem que fracassa diante do plano de Deus. A moldura
cronológica na qual a narrativa é colocada só a engancha a Abraão enquanto esse
é princípio da história da salvação, no tempo. É, portanto, somente por um
artifício literário que a figura emblemática de Adão, se torna princípio de uma
História de pecado, da mesma forma que a Descendência dos Patriarcas é um
artifício literário para que entendamos que Deus desde sempre pensou em
resgatar o homem das suas culpas, enquanto queria configurá-lo ao seu Filho.
Resulta de tudo isso que a Bondade sempre age no amor, querendo sempre o máximo
do nosso bem possível. Diante da culpa, Deus doa o Filho para que o homem receba
a filiação divina no máximo das condições para podê-la realizar, sem que sejam
preteridas as suas inalienáveis responsabilidades.
Paulo
sabe perfeitamente que a narrativa sapiencial de Gn 3 tem um sentido didático.
A assume, contudo, de forma cronológica, segundo o sentido que o redator final
das Escrituras sagradas quis que tivesse, na sua exposição do Plano da
Salvação, inspirado na vocação de Israel para ser o povo de Deus que esperava
um Redentor. Adão se torna a perfeita figura de Cristo que é, de fato, em
virtude da sua condição divina, aquele que pode ser o Cabeça da estirpe humana,
Aquele que transmite realmente os valores da imortalidade e da Glória divina.
Aquele que, de fato, alcança uma remissão dos pecados em virtude da sua
expiação vicária e leva a reinar, em virtude de, único, ser capaz, diante de
Deus Pai, de perfeita obediência e imolação. Somente Cristo Jesus é Vida plena.
O
Evangelho prometido já ilustrava a Pessoa de Cristo (Gn 1-3).A moldura
cronológica, na qual a narrativa sapiencial de Gn 1-3 é inserida, permite
definir as prerrogativas de Cristo. Essas, contudo, não podem ser por sua vez,
aplicadas ao Adão de Gn 1-3, como realmente existentes nele, porque ele é só
figura (Rm 5,14). Cristo nos transmite a graça de Deus de forma eficaz, em
virtude da sua condição divina. É o verdadeiro Adão que justifica, que nos
constitui, individualmente, na condição de realeza, pelo Espírito,
possibilitando o domínio sobre os instintos e a consequente mediação de
louvação nossa entre o mundo e o seu Criador. Cristo, enfim, nos dá a vida
divina, sempre pelo seu Espírito, que é penhor de imortalidade, ressurreição na
carne, filiação divina, herança eterna. Pela comparação vemos quanto Cristo
Jesus enriquece o homem ao se tornar um de nós. É esse enriquecimento que
ilustra o que falta a ser completado por Deus na obra da criação do homem.
Contudo isso acontece num contexto de pecado.
A
narrativa sapiencial surgiu exatamente para explicar esse mistério, diante da
constatação da infidelidade de Israel ao seu Deus. O homem se rebela contra o
seu Criador porque quer se constituir num deus. Essa ambição desmedida, o
primeiro dos sete vícios capitais, é fruto de uma omissão, a da procura de Deus
pela contemplação das obras da criação, pelas quais o homem descobriria os
atributos de Deus, o seu Poder e a sua Glória. Todo homem está exposto a esse
fracasso. De fato o vive. A história da geração de Caim (Gn 4) o ilustra.
Cristo Jesus redime o homem, seja aquele que o precedeu como aquele que o
segue, mediante a comunicação do Espírito que, após tê-lo suscitado como
criatura animada, agora, se comunicando, nele se torna princípio de
imortalidade gloriosa. Enquanto redime a humanidade da sua condição de culpa,
real nos adultos, em potencial no recém-nascido, dizemos que tira o pecado
original. Enquanto comunica a vida divina, nos constitui na condição definitiva
contemplada pelo Plano da criação do Pai. A transmissão direta de uma culpa que
os ancestrais da humanidade teriam cometido é uma ilação. Nos equivocamos
diante de uma narrativa sapiencial que quer simplesmente ilustrar o comportamento
de todo e cada homem. Disso resulta que somente a Divindade, enquanto assume a
condição humana, pode ser, desta, o Princípio da sua regeneração e a força para atuar os ideais que o Criador tem sobre a criatura.
Perguntas para reflexão:
1ª) De que forma o Adão de Gn 1-3
é figura de Jesus?
2ª) De que forma Jesus transcende
a figura?
3ª) O que a figura de Adão
retrata do homem?
Cristologia (6) – O
Filho do Homem
Quando Jesus se apresenta para a sua
missão messiânica, enquanto atribui a si a função de profeta, é visto como
homem. Ele é um filho de homem, em tudo igual a nós. Como costumeiramente dizia
o hebreu, ele tinha todo o aspecto de um filho de homem: filho de Maria, a
esposa de José, o carpinteiro de Nazaré. Mas porque Pessoa divina, lhe é
reservada a condição da figura profética anunciada por Ez 1,26-28. O próprio
São João lhe atribui essa condição desde o início da sua vida pública, no
momento em que Jesus
diz a Natanael que verá o Filho do Homem glorificado, servido pelos anjos (Jo
1,51). O Filho do Homem é, portanto, Jesus que, como homem, nasce de Maria, mas
que, porque Deus, é destinado a uma condição gloriosa que se manifestará nele
depois de ter passado pelo sofrimento (Lc 24,26). É segundo o sentido que esse
título messiânico contém, que Jesus explica aos seus apóstolos, depois que
estes professaram a sua messianidade, de que forma ele chegará a reinar. Os
apóstolos custam entender o sentido exato da condição gloriosa do Messias,
tanto é verdade que brigam entre si porque cada um deles ambiciona os cargos
mais altos quando Jesus restabelecer o reino de Israel. Mas Jesus insiste com
eles, por três vezes dizendo: “O Filho do homem deve sofrer muito e morrer”
(Mc. 8,31; 9,31; 10,33) e, depois da encenação dos filhos de Zebedeu, continua
dizendo: “O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a
sua vida em resgate de muitos” (Mt 20,28). Chegamos ao sentido pleno do termo
quando Jesus declara diante do Sinédrio: “Eu sou o Messias, o Filho do homem
que virá sobre as nuvens com todo poder e glória” (Mt 26,64). Jesus é,
portanto, o Cristo da forma que se revela a João no Apocalipse: aquele que tem
a voz da trombeta, a voz, portanto, de Iahweh quando da sua manifestação no
Monte Sinai, que veste as vestes sacerdotais e que é rei, de condição divina,
como o indicam seus cabelos brancos. Ele é a Glória de Iahweh que julga o mundo
porque todo permeado pelo Espírito. Com isso entendemos que Jesus, enquanto é o
Filho do Homem, da forma que o descrevem Ez 1,26-28 e Dn 10,5s, é o Verbo que
se fez carne, que se tornou o Senhor da Igreja após ter vencido a Morte. É
aquele que João canta desde a saudação que abre o Apocalipse: “Àquele que nos
ama, que nos lavou com seu sangue dos nossos pecados e fez de nós um reio e
sacerdotes para Deus Pai, a ele a glória e o domínio pelos séculos dos séculos”
(Ap 1,6).
Aquela que, em Ez 1, parecia ser uma
mera alegoria para descrever a Glória de Israel que vinha para julgar a Cidade
e condená-la por causa dos seus crimes, na verdade, com Jesus, se revela uma
figura messiânica, que o próprio Ezequiel não poderia sequer imaginar que se
atuaria pela própria Encarnação do Verbo de Deus. Ficamos extasiados em ver
como ela se atuou quando lemos a descrição da sua condição gloriosa no céu: "2Eis que havia um trono no
céu, e no trono, Alguém sentado. 3O que estava sentado tinha o
aspecto de uma pedra de jaspe e cornalina, e o arco-íris envolvia o trono com
reflexos de esmeralda. 9E cada vez que os Seres vivos dão glória,
honra e ação de graças àquele que está sentado no trono e que vive pelos
séculos dos séculos, 10os vinte e quatro Anciãos se prostram diante
daquele que está sentado no trono para adorar aquele que vive pelos séculos dos
séculos, depondo suas coroas diante do trono e proclamando: 11‘Digno
és tu, Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, pois tu
criaste todas as coisas; por tua vontade elas não existiam e foram
criadas.’" (Ap 4, 2-3.9-11). O que mais nos consola é saber que Jesus,
segundo essa condição, “entrou, por nós, como precursor” (Hb 6,20) nos céus.
Isto significa que a nossa glorificação constituir-se-á numa “ressurreição semelhante à sua”.
Perguntas
para uma reflexão:
1ª)
Em que sentido Jesus é um filho de homem?
2ª)
De que forma o filho de homem chega à glorificação?
3ª)
De que forma o Apocalipse nos descreve a figura do Filho do Homem?
Cristologia (7) – Cl 1,15-20
A
condição divina de Jesus, intuída pelos Apóstolos a partir da constatação da
tumba vazia e confirmada pelas aparições do Ressuscitado, levou os Apóstolos a
ver nele o Adão ideal que Deus, afinal, criara para si, verdadeira imagem do
Deus invisível. Pela sua doutrina, pela sua imolação e pela sua ressurreição,
Jesus revelava, como ninguém, quem era o Verdadeiro, a Caridade e a Santidade.
Como diz São João no prólogo do seu evangelho, ele nos fez a exegese daquele
que ninguém pode ver. Mas, pelo fato que nele se reflete a “Imagem do Deus
invisível”, ele é consubstancial ao Pai: “Resplendor da sua Glória, expressão
do seu Ser” (Hb 1,3).
Além
de ver em Jesus o Adão verdadeiro, São Paulo, neste hino, vê, em Jesus, a
encarnação da Sabedoria divina pela qual Deus criou todas as coisas (Pv
8,22-32). De Deus, Jesus é a Palavra que, na vida de Deus, está voltada para o
Pai e que dá origem a todas as coisas porque, por ela, é comunicado o Espírito
de vida. Tudo é obra da sua criação, até as temidas potências dos ares: Tronos,
Soberanias, Principados e Autoridades. Suposto que elas existam de forma
objetiva e, até, tenham que ser aplacadas para que não nos prejudiquem, elas
foram, contudo, subjugadas por Cristo que as arrastou, acorrentadas, no seu
cortejo triunfal (Cl 2,15). O autor da Carta aos Hebreus chega até a dizer que
não passam de servidores daqueles que devem herdar a salvação (Hb 1,14). Quanto
mais elevadas as categorias dos anjos, tanto mais nos servem para considerar a
grandeza divina de Jesus que, como Sabedoria do Pai, as concebeu e como Palavra
as suscitou na potência do Espírito.
Em virtude da sua condição divina Jesus exerce
uma função eficaz como Senhor da Igreja. A assembléia do povo de Deus estaria
acéfala, não o tivesse como Cabeça, porque nele está toda a força regeneradora
de uma humanidade decaída por causa do pecado. Com isso, é possível distinguir
em Jesus duas naturezas, a divina e a humana. Em força da natureza divina, a da
segunda Pessoa da Ssma. Trindade, a humanidade assumida pela Encarnação é capaz
de todas as operações divinas em benefício dos seus irmãos. O primeiro ato do
Verbo encarnado é o da reconciliação. O sacrifício oferecido sobre a Cruz foi o
gesto único daquele que sendo Deus, pela sua humanidade pôde nos comunicar a
plenitude do Espírito.
A análise do Hino (Cl 1,15-20) que
nos faz ver todos os aspectos do Plano de Deus, em vista da divinização do
homem, nos permite expressar uma reflexão agradecida diante dos imensos
benefícios que a sua atuação nos propicia. Não é tanto a graça da redenção que
nos comove quanto a dignidade que Deus nos concede, ao revelar, no Amado, pelo
qual nos tornamos seus filhos adotivos, toda a sua Caridade, numa forma
impensável e, portanto, surpreendente. O Deus, único existente, o Criador de
tudo, conseqüente com a sua Bondade que sempre o impele a agir no Amor, não
conhece limites na sua Sabedoria e Poder para propiciar à sua criatura, “criada
à sua imagem e semelhança”, portanto em condições de se tornar sua filha, a divinização,
embora isso implique o dom do seu próprio Filho ao mundo (Jo 3,17). Também,
antes mesmo de considerarmos o imenso dom a Redenção, nos surpreende a
dignidade de Jesus que, enquanto atua a Profecia na condição de Filho do Homem,
nos revela toda a sua “Glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade”
(Jo 1,14). Diante da sua dignidade divina, tudo o que é indevida exaltação de
qualquer que seja a criatura, deve desaparecer das nossas mentes. A respeito
dos anjos, portanto, temos que lembrar o que diz o autor da Carta aos Hebreus:
“Porventura, não são todos eles espíritos servidores, enviados ao serviço dos
que devem herdar a salvação?” (Hb 1,14). O diz exatamente no fim da sua
argumentação acerca de Jesus “abertamente constituído Filho de Deus com poder”
(Rm 1,4). Temos que considerar, enfim, para depois apreciarmos todo o valor da
nossa redenção, a dignidade daquele que se tornou o Senhor da igreja. Mantida a
sua condição divina, Jesus, assumiu a nossa condição humana para que, “levado à
perfeição pelo sofrimento, coroado de honra e gloria” (Hb 2,9), tornado nosso
Santificador, seja o Autor da salvação que no meio de nós, tornados seus
irmãos, exalta o nome do Pai pelo Memorial da sua Morte, “em plena assembléia”
(v.12). Levado por todas estas considerações, pelo seu hino Paulo expressa toda
a sua consolação diante da Redenção que se realizou pelo Filho, o Amado. Os
termos querem nos levar, necessariamente, ao quadro de Isaac imolado por
Abraão, no Monte Moriá (Gn 22). À luz do tudo realizado, entendemos que quem
doa o Filho em sacrifício, num desprendimento total, movido pelo seu amor sem
limites para com os homens é Deus e que o verdadeiro sacrifício que Deus espera
do homem é o obséquio da sua obediência e o reconhecimento da sua total dependência.
Perguntas para uma reflexão:
1ª) Quais são
as prerrogativas divinas de Jesus neste hino?
2ª) Em que
condição Jesus é o Senhor da Igreja?
3ª) Quais são
os elementos do Plano que Deus realizou em Cristo Jesus ?
Cristologia (8) – Ef 1,3-14
Este
trecho, interpretação de Cl 1,15-20, embora fale de Cristo Jesus mais segundo a
linha soteriológica, merece a nossa reflexão exatamente porque está ligado ao
Hino cristológico da Carta aos Colossenses. Jesus é o Amado, portanto, o Isaac
imolado (Gn 22) pelo qual recebemos a condição de filhos adotivos. O gesto de
Cristo ocorre dentro o Plano sapientíssimo do Pai que, por livre determinação
de sua vontade quis recapitular todas as coisas no Filho. A importância do
gesto de Cristo está no fato que, pela sua imolação de Cruz nos comunica o
Espírito que nos sela para a glorificação. O hino se compõe de quatro
elementos: o Pai com o seu Plano, Jesus Cristo com a sua imolação de Cruz, o
Espírito como penhor da nossa nova condição, a filiação divina que nos garante
a herança do Reino, em
Cristo Jesus.
v. 3. O tema do hino é apresentado através de
uma louvação motivada pelo recohecimento das “bênçãos espirituais” que o Pai
nos concedeu em Jesus
Cristo nosso Senhor. A Igreja, da qual Jesus é o Senhor eleva
a sua louvação a Deus motivada pelos benefícios que o Espírito lhe participou.
v. 4. É nossa responsabilidade
corresponder ao Plano de Deus vivendo de forma irrepreensível porque usufrui do
Espírito de caridade somente aquele que permanece em Cristo.
v. 5s. “Aquele que de antemão nos
conheceu, nos predestinou a sermos conformes à imagem do seu Filho” (Rm 8,29).
Chamados a usufruir desta graça, fomos justificados no Isaac imolado, para que
resplandecesse todo o Gratuito divino e, nisto, fosse o Pai glorificado.
v. 7. A nossa redenção aconteceu
porque o “Amado” (Gn 22,2.16) pagou o preço do nosso resgate com o seu sangue.
v. 8. A graça do Espírito veio a
nós em toda a sua plenitude, juntamente com os dons da sabedoria e do espírito
de revelação (v.18), de forma que podemos penetrar no Mistério que revela qual
é a vontade de Deus. Ele se torna mais claro quanto mais progredimos na virtude
em espírito de conselho.
v. 9s. O Mistério é Cristo que,
atuando o Plano do Pai, dele revela toda a Sabedoria e Bondade. Chegada a
Plenitude dos tempos, preparada pela profecia, o Adão verdadeiro recapitula
toda a história da humanidade e submete a si o mundo dos anjos (Cl 2,15).
v. 11. Cristo Redentor (o ‘Goel’,
aquele que paga o preço do resgate para libertar da escravidão alguém do seu
sangue) nos recebe do Pai como ‘herança’, para que o Pai, em nós, seja
glorificado.
v. 12b-13. São herança de Cristo
seja os que esperaram nele motivados pela Profecia, como, também os gentios que
se converteram pela pregação da “Palavra da verdade –o evangelho da salvação”.
Todos, no Amado, receberam o Espírito que os selou, tornando-os nova criatura.
v. 14. Todos aqueles que o Espírito
Santo santificou, se tornaram filhos adotivos em Jesus Cristo. O
Espírito que está neles como seiva que passa da Videira aos ramos, os torna
capazes de participar da vida gloriosa de Deus. Pelo Espírito houve uma
redenção que nos tornou herança de Deus, em Cristo, de forma que nos tornamos a
glória dele.
Deus,
segundo o seu sapientíssimo Plano, nos tornou motivo supremo da sua glória
enquanto se propôs realizar em nós o máximo
que o nosso ser poderia alcançar. Segundo o seu Plano somos destinados à
divinização que o glorifica ainda mais porque ela é obtida no máximo da
manifestação da sua Caridade: a Redenção. Nela resplandece a Caridade divina na
Misericórdia que se atua mediante o dom que Deus faz do seu Filho destinado a
nos tornar sua herança mediante a entronização na Cruz. O Espírito, que Cristo
Jesus nos mereceu pela sua imolação, é a riqueza da graça que atua o máximo da
nossa glorificação enquanto nos torna filho adotivos no Amado, conhecedores do
Mistério de Deus, que é Cristo Revelação do Pai, e herdeiros da vida eterna.
Perguntas para uma reflexão:
1ª) Qual é o Plano de Deus sobre
o homem?
2ª) De que forma Jesus Cristo é o
Mistério de Deus (Cl 1,26s; 2,2s)?
3ª) Quais são as riquezas que o
Espírito, merecido por Cristo na sua imolação, nos comunica?
Cristologia (9) - Fl 2,6-11
Trata-se de um hino a Jesus
Cristo, que a Igreja contempla glorificado em virtude da sua ressurreição e
celebra como seu Senhor. Os termos que definem a condição divina de Jesus são
claros, como, também, os que se referem à sua condição humana. A Pessoa divina
de Jesus, não reteve ciosamente para si o ser igual a Deus, mas humilhou-se,
assumindo a condição de servo. Para Paulo Jesus é uma pessoa que, concretamente,
existe como homem, cuja dignidade, contudo, depende da sua natureza divina. É
esta prerrogativa que torna possível uma Redenção, a qual se atua segundo a
condição humana, pelo fato que a Pessoa divina de Jesus assume a natureza
humana. Conseqüência da imolação de Jesus por uma morte de Cruz é a exaltação
pela qual ele chega a participar da Glória da Divindade. Quando Jesus é
glorificado em virtude da sua ressurreição, a Humanidade assumida pela
Encarnação participa plenamente da Glória da Divindade, da mesma forma que
desde sempre, dela participa a segunda Pessoa da Ssma. Trindade. Em virtude da
Encarnação, portanto, após a glorificação de Cristo pela sua Ressurreição, toda
a humanidade está em condições de participar da Glória da Divindade: Cristo
Jesus como Pessoa divina, nós, seus irmãos, com filhos adotivos que, de Cristo
Cabeça, receberam o Espírito sem medida. Para explicar os píncaros da
glorificação à qual chega a Humanidade de Cristo, São Paulo estabelece uma
comparação dele com os anjos, comparação que é desenvolvida, particularmente em
Hb 1,5-14. Anjos, Arcanjos, Tronos, Dominações, Principados e Potestades,
Querubins e Serafins,... são categorias de servidores de Deus, prontos para
executar a sua vontade. Não obstante toda a sua dignidade, porque manifestações
da Glória de Deus, eles são inferiores ao Filho que o Pai constituiu herdeiro,
e inferiores “àqueles que devem herdar a salvação” (Hb 1,14). Jesus, tornado
por um pouco inferior aos anjos, na sua condição de escravo, humilhado pela
morte de cruz (2,9), realizada a Redenção, sentou-se “à direita da Majestade,
tão superior aos anjos quanto o nome que herdou excede o deles” (1,3s). No
momento da ressurreição Deus constitui Jesus na condição de Filho (At 13,33),
abertamente manifestado Filho de Deus com poder (Rm 1,4)dizendo-lhe: “Tu és meu
Filho, eu hoje te gerei” (Sl 2,7). Ele é o Rei que celebra os esponsais com a
rainha vestida de brocados de ouro, ele mesmo vestido com vestes que exalam o
perfume da mirra e do aloé (Sl 45). Ele é aquele que tudo criou (Sl 102,26-28)
e que Deus chama a sentar à sua direita (Sl 110,1) e recebe em herança todos os
povos (Is 42;53; Sl 2,8). É dessa maneira que o autor da Carta aos Hebreus vê
Jesus na glória da divindade.
Perguntas para uma reflexão:
1ª) De que maneira distinguimos,
em Jesus, a natureza divina e a natureza humana?
2ª) Por que Jesus é capaz de
realizar a nossa redenção?
3ª) Qual condição de glorificação
Jesus alcança para si e para nós?
Cristologia (10) – A figura de Jesus em Mc
Sabemos
que os evangelhos foram escritos à luz do Senhor ressuscitado.
Conseqüentemente, embora a exposição dos ensinamentos dos Apóstolos aconteça
dentro de um esquema cronológico, os evangelhos querem ser uma cristologia.
Aquele que, pela sua ressurreição se manifestou abertamente Filho de Deus com
poder era o próprio Deus que, em virtude da sua encarnação, quis se manifestar
através de gestos humanos, com seu Poder e Glória. Para Marcos, Jesus realiza
em si a figura da Glória de Iahweh, anunciada pela voz que grita no deserto. Os
efeitos da sua ação superam de longe o que ela realizou em favor de Judá porque
se, então, atuou uma libertação da escravidão dos babilonenses, agora propicia
uma liberdade da escravidão do demônio. A Glória que agia então e tinha o
reflexo do seu poder nas obras realizadas, agora é Jesus Cristo que assumiu a
condição de servo e realiza uma obra que excede a todas. Por isso, quando chega
o momento decisivo da sua manifestação e que é o momento da Paixão, Jesus
assume o título de Filho do Homem, que evoca a figura da Glória de Iahweh de Ez
1 e de Dn 7,14. A ele será dado todo poder em virtude da sua imolação,
manifestação suprema do Filho de Deus. Para Marcos existe um embate gigantesco
entre Jesus e o demônio. De um lado, portanto, descreve toda a dignidade divina
de Jesus e, de outro lado, todo o mal que o espírito do mal operou no homem.
Jesus é digno de adoração, como professa o precursor João Batista. Ele batizará
no Espírito porque o Espírito está com ele. A condição divina de Jesus é
vislumbrada por Marcos, à luz da sua ressurreição, quando relembra o Batismo do
Senhor. Ele não realiza em si, simplesmente, a figura do Messias e sim, por ela
começa a atuar segundo a sua condição divina. Começa a redenção de Israel
porque ele é a figura do filho que Deus chama do Egito e enquanto a Voz do céu
que o anuncia, ao sair das águas do Jordão, é figura do Servo de Iahweh
destinado à morte, no qual o Pai se compraz pela sua imolação. Quando o Espírito
o impele para o deserto, Jesus, novamente, representa Israel que lá foi
conduzido para ser tentado e, pela provação, se tornar um povo forte, pronto
para entrar na terra prometida. Na sua condição divina, Jesus supera as
tentações que, ao contrário, levaram Israel ao fracasso. A pregação acontece na
figura de Jesus como o Profeta anunciado por Moisés, que Israel deve escutar,
mas ele é, como diz a Carta aos Hebreus, o Filho que nos fala nos últimos
tempos e nos anuncia o Reino. Com a autoridade divina que lhe é própria, chama
aqueles que serão os que continuarão a sua obra e aos quais outorgará o poder
de batizar, no momento da sua ascensão ao céu. A condição divina de Jesus
perspira por todos os seus gestos de maneira que ele é a Expressão do Ser de Deus,
na forma mais condizente ao homem, ele mesmo tendo-se feito homem.
A
sua condição divina se torna evidente quando exerce o poder que ele tem de
perdoar os pecados. Os adversários que lhe negam esse poder porque não o
consideram de condição divina, comprovam que Jesus, realmente queria, naquele
momento, mostrar que ele era Deus. Igualmente clara é a manifestação da sua
divindade quando diz que ele é o Senhor do sábado.
Esta
Pessoa divina age atuando em si tudo o que a Escritura profetizou, desvendando
o mistério de uma redenção que um membro da própria estirpe pecadora realizaria
e o anúncio do filho da Virgem, proclamado Emanuel, isto é, Deus conosco. Ao
proclamar-se o Esposo, Jesus anuncia que nele se realizam as Núpcias tão
solenemente profetizadas por Oséias, tudo se concretizando, da forma mais
admirável e surpreendente, pela Morte de Cruz, a ponto de levar o centurião a
exclamar: “De fato, este homem era Filho de Deus!” (Mc 15,39).
Para
Marcos, o anúncio do anjo da ressurreição, que tanto surpreendeu os Apóstolos,
é, no fim do seu Evangelho, o arremate de uma cristologia atentamente conduzida
pela lembrança de tudo o que Jesus fez e ensinou: Jesus de Nazaré é o Messias
que pela sua Ressurreição revela o destino do homem chamado a ser, como ele, o
adão que vence o Maligno pela obediência e imolação.
Perguntas
para uma reflexão:
1ª) Por que devemos ler os
evangelhos à luz da Ressurreição?
2ª) De que forma Jesus supera a
Profecia?
3ª) Quais são os gestos pelos
quais Jesus revela a sua condição divina?
Cristologia (11)
A
figura de Jesus Cristo em Mateus (1)
À luz da ressurreição do Senhor, o
Apóstolo Mateus tenta ilustrar toda a grandeza da Pessoa divina de Jesus
Cristo, a partir de uma genealogia que liga o Filho de Maria à vocação de
Abraão e à promessa feita a Davi. Dessa maneira, Jesus é o realizador do Plano
de Deus que visa à universalidade da salvação através da vocação de um povo,
dentre de uma descendência específica qual a de Davi. Por causa dessa estreita
ligação, Mateus interpreta a figura de Jesus à luz da profecia que se torna o
seu vocábulo teológico para falar da realidade nova que este apresenta através
da sua humanidade: a da sua divindade. Jesus é o Emanuel que realiza em si a
Descendência da Mulher. O mistério que estava escondido nas respectivas
profecias de Is 7,14 e Gn 3,15, agora está plenamente desvendado. Com o Messias
começa a vitória sobre o príncipe deste mundo para que a Luz da Estrela d´Alva
chegue a todos os povos; recomeça a história de Israel que Deus chamou do Egito.
Jesus é chamado a reinar como rebento da estirpe de Jessé, repleto do Espírito
Santo. Jesus é a Luz que brilha nas trevas e na sombra da morte, na condição
daquele que a Voz do Pai declara o Servo de Iahweh, o Amado, porque nele vai se
comprazer como Cordeiro imolado. Jesus é luz quando começa a sua pregação na
Galiléia. Anuncia o Reino que já inaugurou com o triunfo sobre o demônio ao
longo das tentações no deserto. Mateus redige uma primeira sistematização do
ensinamento de Jesus através do Discurso da Montanha, onde Jesus se apresenta
como Modelo daquilo que ensina como Mestre. Os discípulos que são chamados a
ser os que continuarão a sua obra, terão nele o Princípio de força para
implementar os seus ensinamentos. É, portanto, aquele que, em si, leva à
perfeição toda a Lei para se tornar Modelo para nós.
Oferece
os sinais da sua messianidade juntamente como os sinais da sua divindade, quais
o de perdoar os pecados e de dominar a natureza. Anuncia o Reino e o realiza na
condição do Filho do Homem que sobe a Jerusalém para ser posto a morte. Mas, a
sua obra será coroada pela ressurreição. A ligação da sua vida com a do seu
povo se torna ainda mais clara quando Jesus assume a figura do rei que entra em
Jerusalém, purifica o Templo e nele ensina. É sobretudo na Paixão que os fiéis
devem reconhecer em Jesus a realização do Messias para entender o valor da sua
Morte que aconteceu para que se cumpram as Escrituras.
O Senhor ressuscitado, aquele que os
discípulos conheceram nos fatos da sua vida terrena e, à luz da sua
ressurreição, reconheceram como Messias, sobretudo na sua Paixão, é o Anjo da
ressurreição, Aquele que o Pai enviou e que veio ao seu Templo. Aquele pelo
qual haverá um julgamento definitivo que condenará os maus.
Todo o poder que Jesus declara possuir no momento da sua
Ascensão revela a sua condição divina como Filho do Homem que participa a pleno
título da Glória da Trindade Santa. Este é o Senhor da Igreja que os fiéis
devem continuamente escutar.
Perguntas para uma reflexão:
1ª)
Quem é Jesus para Mateus?
2ª)
De que maneira Jesus realiza a sua missão?
3ª)
De que forma Jesus revela a sua condição divina?
Cristologia
(11b)
A figura de Jesus Cristo em Mateus (2)
A figura de Jesus Cristo em Mateus (2)
A
profecia de Isaias sobre o Emanuel, fundamental para entender a figura de Jesus
em Mateus, está incrustada num contexto teológico que vai de Is 6 até Is 12.
Trata-se de um contexto teológico, construído por um redator final através da
aproximação de profecias atribuídas ao profeta Isaias, distribuídas ao longo de
mais de um século. A coletânea visa elucidar a doutrina da confiança em Deus,
porque somente nele está a salvação de Israel. Essa doutrina é tipificada com a
história de Israel no tempo de Acaz, enquanto anuncia condições futuras do
próprio Reino de Judá.
O
primeiro ensinamento é dado por gestos que o próprio Iahweh, isto é o Deus de
Israel, que já se manifestou capaz de realizar o que anunciava, dita ao seu
profeta: é no fim do canal da piscina superior, isto é tendo à vista as águas
calmas e vitais, que Isaias e o seu filho Sear
Iasub (um resto voltará) terão que encontrar o rei Acaz. O nome profético
do filho de Isaias nos induz a ver nele um sinal profético, como também nas
águas calmas que voltarão a ser lembradas no momento em que Deus pronunciará o
castigo contra Acaz por não ter confiado nele. Em Deus, capaz de operar
prodígios, deve Israel confiar porque nele está a vida; o povo que nele não
confia perecerá; contudo, Deus, na sua misericórdia, salvará para si um Resto.
Estamos diante da doutrina já pregada por Oséias. Acompanhado por esses sinais
o profeta Isaias proclama, diante de Acaz, a ineficácia da ameaça dos reis da
Síria e do Reino do Norte.
Diante
da desconfiança do rei, se torna necessária uma segunda intervenção profética. Mas
a obstinação do rei se torna, agora, causa de um castigo merecido que, ao
acontecer, se constituirá em fundamento da própria profecia da “jovem que
conceberá e dará à luz um filho e por-lhe-á o nome de Emanuel”. Juntamente com
uma segunda prova, cuja realização ocorreu cedo, e que foi anunciada através de
um segundo filho de Isaias que, diante de testemunhas, recebe o nome de “Pronto
ao saque, Prestes aos despojos”, a destruição de Jerusalém, sustentará a
realização da prova que Deus prometeu.
A
reflexão teológica de quem compôs o Livro do Emanuel visa proclamar que,
certamente, acontecerá que “uma jovem dará à luz um filho e por-lhe-á o nome de
Emanuel”. A prova de que isso acontecerá são os dois fatos que Isaias
profetizou e que o judeu já reconhece atuados todas as vezes que lê o Livro do
Emanuel: a destruição de Samaria (722 a.C.) e a de Judá (587 a.C.).
O
anúncio profético tem como sinais os dois testemunhos de Isaias,
metaforicamente representados pelos nomes dos seus filhos. A destruição do
Reino do Norte logo acontece. A destruição de Judá e Jerusalém, também, acabou
se realizando, claramente mencionada: “Visto que este povo desprezou as águas
de Siloé, que corre mansa...” (Is 8,6-8). Em oposição ao fracasso de Israel
desencaminhado pelos seus reis e chefes, que abandona o seu Santo, a sua Pedra
de refúgio, Deus anuncia um filho que “traz o cetro do principado” para
estabelecer o Reino na Terra prometida. Ele tem títulos divinos (9,5) e sobre
ele repousará o Espírito do Senhor. Estabelecerá a paz (11).
“Grita jubilosa, ó Sião, a princesa,
porque é grande no meio de ti o Santo de Israel” (Is 12,6). É na perspectiva do
triunfo do Emanuel que deve ser considerada a jovem mãe. As prerrogativas dela
encontram uma inicial explicitação em Gn 3,15. Somadas à característica inicial
que lhe dá Isaias, de ser a Sião que, resgatada da sua culpa, volta a
rejubilar-se no seu Santo, repetida por Sofonias (3,14) e Zacarias, (2,14) e
reconhecidas por Lucas, revelam a sua condição dentro do Plano da Salvação que
Deus, na sua misericórdia, quer levar em frente de forma sapientíssima. É a
reflexão teológico-sapiencial da Igreja apostólica que descobrirá toda a
grandeza de Maria quando souber da condição divina de Jesus. Verá, então, todo
o sentido da interpretação da tradição judaica, até codificada na LXX, que
traduziu o termo hebraico almah (a
jovem) com a palavra grega parthenos (a
virgem).
Perguntas
para uma reflexão:
1ª)
Por que é importante a profecia em Is 7,14?
2ª)
Quais são as provas que ela se realizará?
3ª)
De que forma Mateus e Lucas a vêem realizada?
Cristologia (13) De qual Jesus
fala Mateus no seu Evangelho?
O
primeiro conceito que ajuda Mateus a falar de Jesus é aquele da Descendência.
Ele tem em mente sobretudo a profecia de Is 7,14 que fala do descendente que
honrará a estirpe de Davi, enquanto Acaz revela descrença no seu Deus. Pensa
então na Descendência que é guiada pelo Espírito. A Pessoa do Senhor da Igreja,
historicamente, pertence ao mundo dos hebreus porque é o realizador da sua
História, segundo a Profecia. João Batista dá testemunho dele. A grandiosidade
de Jesus está no fato de ser o realizador da profecia de Isaias fundamentada
sobre dois fatos fundamentais da História de Israel que Isaias profetizou e que
se realizaram: a deportação de Samaria para Nínive e de Judá para Babilônia. É
por isso que ele vem para anunciar o Reino. É o Chefe que vai reunir os dois
povos (Os2,2). Como profetizou Isaias ele é a Luz que brilha nas terras de
Zabulon e de Neftali.
Mateus
vê, também, em Jesus o Profeta que Moisés anunciou e que Israel deve escutar.
Ele sobe ao Monte para se encontrar com Deus e de lá traz a Nova Lei, levando à
perfeição a Lei dos antigos. A autoridade com que Jesus dita a sua Lei mostra
que Mateus o considera de condição divina, como, aliás, já ficava claro pela reflexão midrashica sobre a sua “origem”
e a interpretação teológica do seu Batismo ao Rio Jordão.
O
Jesus de Mateus é, portanto, o Senhor da Igreja, Aquele que no momento da sua
Ascensão afirma que estará sempre com os seus até o fim do mundo, mas que descreve
sempre na sua atuação dentro da sua condição de hebreu. Age como o Enviado para
as ovelhas da casa de Israel (Mt 10,6) e a elas se revela como taumaturgo, o
Messias que cura todas as suas enfermidades.
Os
que querem segui-lo são chamados a viver uma doutrina de grande realização da
qual o próprio Jesus é o Modelo. Deles Jesus exige a valorização máxima do
Reino, que são chamados a anunciar ao mundo. Se perseverarem nas tribulações e
derem testemunho dele diante do mundo, Jesus os reconhecerá diante do seu Pai
e, então, brilharão como o sol no reino do seu Deus porque ter-se-ão
preocupados com o Reino de Deus e a sua justiça.
O
heroísmo dos seus seguidores será posto a prova pelo mundo que hostiliza o
Reino. Corazim e Cafarnaum se revelaram indiferentes diante da pregação de
Jesus. Os escribas e fariseus chegaram até a caluniá-lo e a planejar a sua
morte. Da mesma forma serão tratados os discípulos do Senhor quando chegar a
sua “hora”.
A
partir de Mt 16, Jesus quer que os seus entendam perfeitamente qual é a
natureza da sua messianidade e do Reino que ele irá instaurar. Por três vezes
anuncia a sua Paixão e Morte coroadas pela sua Ressurreição e as ilustra com a
sua Transfiguração. Neles deve se desenvolver a fé ao menos da grandeza de um
grão de mostarda para poderem segui-lo carregando a sua cruz e entender que é
perdendo a sua vida por causa dele e do evangelho que possuirão o Reino.
É
segundo toda a doutrina exposta pelos seus ensinamentos que deve ser
interpretada a sua ação profética quando entra em Jerusalém, purifica o templo,
institui a Eucaristia e enfrenta a sua Paixão e Morte. Ele é o Filho do Homem
que consagrará o Novo Templo com a sua imolação e reinará com o Pai,
constituído Juiz do mundo. A sua Morte foi anunciada pelas Escrituras: é a morte
do Justo sofredor da qual fala a Sabedoria e o Sl 22. Ele verá o triunfo.
Esse
é o Jesus que a Igreja reconhece como Senhor, do qual faz memória pela
Eucaristia e que sempre mais conhece pelas Escrituras. A tumba vazia indica que
deve ser procurado na sua condição gloriosa que ele conquistou.
Perguntas para uma reflexão:
1ª) Qual função exerce a
Descendência na História da Salvação de Israel?
2ª) Qual é o sentido da
messianidade de Jesus?
3ª) De que forma a Igreja chega a
se identificar com Jesus?
Cristologia (14) - O Ensinamento de Jesus em Mateus
O
Senhor da Igreja, na condição de Novo Moisés, do Monte da Santidade, ao qual
subiu para se encontrar com Deus, e do qual desce para nos trazer a Lei levada
à perfeição, nos ensina, para que sejamos grandes no seu Reino, o verdadeiro
espírito da mesma (Mt 5-7). Os que não põem em prática a sua palavra serão como
os escribas e fariseus hipócritas que amam a casuística, são guias cegos,
sepulcros caiados, cheios de ódio e rapina e que chegam a perpetrar a morte do
Justo (Mt 23). Se tornarão a Jerusalém que o Filho do Homem destruirá porque
não a reconhecerá, merecedora do fogo eterno. A indignação dele será provocada
pela displicência qual demonstrada pelas cinco virgens estultas, pelo servo
infiel que não fez frutificar o talento recebido, e pelas arbitrariedades
perpetradas enquanto o dono da casa demorava em chegar. Enquanto Jesus dita as
Bem-aventuranças, se apresenta como Modelo, e, enquanto leva à perfeição a Lei,
mostra a qual grandeza pode chegar o seu discípulo. Por isso, embora seja
compassivo e longânime conosco, não deixa de ser extremamente exigente porque o
seu seguimento é condição de realização. No discurso da Missão (Mt 10), chega
até a nos advertir que não nos reconhecerá diante do seu Pai se não tivermos
dado testemunho dele diante dos homens. O Reino deve ser conquistado abdicando
a tudo para conquistar a Cristo. No discurso à Igreja (Mt 18), Jesus completa o
seu ensinamento nos exortando, depois de por em prática o seu ensinamento
moral, a viver o serviço, à semelhança dele que veio “não para ser servido, mas
para servir e dar a vida em resgate de muitos”. O ensinamento se torna ainda
mais vigoroso no discurso escatológico (Mt 24-25), momento em que aparece toda
a gravidade de uma Jerusalém que desprezou todas as visitas do seu Deus,
sistematicamente eliminando os profetas que lhe eram enviados. Os mestres da
Lei mostram em si toda a perversão de quem, por não se determinar em por em prática
os mandamentos de Deus, vão sempre mais degenerando até o ponto de se tornar os
algozes do Justo. O discípulo deve viver, portanto, na vigilância para não ser
surpreendido pelo dia do Senhor que, para os maus, virá como o dilúvio nos
tempos de Noé. O Filho do Homem que, para os justos será a Porta do céu,
consagrada pela imolação de Cruz, que dessedará os seus com a Água cristalina
do Espírito, virá sobre as nuvens dos céus, com todo poder e glória. Ele é o
Filho que os servos e as virgens devem esperar com suas lâmpadas acesas para
entrar com ele na sala do banquete das núpcias. Pela humilhação da sua Paixão e
Morte, resgatou o homem da sua condição de miséria. Por isso os discípulos
devem procurá-lo segundo a sua nova condição de ressuscitado e anunciar a
salvação no mundo inteiro.
No
fim do Discurso da Montanha, Jesus nos exorta a sermos discípulos que constroem
a sua casa sobre a rocha para que não desabe. Somente quem ouve as suas
palavras e as põe em prática superará a provação e será, então, reconhecido por
ele.
Perguntas para uma reflexão:
1ª) Qual é a importância do
Discurso da Montanha?
2ª) O que, de forma peculiar,
Jesus exige dos seus discípulos no discurso da missão?
3ª) A qual vigilância nos chama o
discurso escatológico?
Cristologia (15) - A figura de Jesus em Lucas
Lucas
é o nosso mistagôgo. É de origem pagã. Todavia, instruído por Paulo, se torna
capaz de penetrar no mundo da teologia hebraica, a ponto de sentir a
necessidade de escrever, ele também, um evangelho. Haure a diversas fontes,
particularmente ao texto de Mateus, conhecido, entre os cristãos desde antes o
ano 40 d.C. Dele amplia a reflexão teológica, expressada em narrativas
midrachico-aggádicas (Mt 2), com o seus sete quadros da Infância de Jesus (Lc
1-2). Como o foi para Mateus, assim o é para Lucas: ele escreve para consolidar
a fé dos que já conhecem a Jesus Cristo: Aquele que se revelou Senhor Deus pela
sua ressurreição dos mortos e que o Pai glorificou fazendo-o sentar à sua
direita. Ele é a Luz do alto que veio dar a vida aos que jazem nas sombras da
morte. Realizou tudo isso na condição de membro do povo de Israel do qual foi
figura no Batismo ao Rio Jordão, porque é o Filho, o amado, e, no deserto, o
verdadeiro Israel que permanece fiel ao seu Deus. No meio do seu povo anunciou
o Reino de Deus, na condição de Profeta, ungido pelo Espírito. Pela sua palavra
curou as enfermidades do espírito das multidões que a ele acorreram. Os
milagres foram o sinal do seu poder divino. Ao curar o paralítico até declarou
abertamente a sua condição divina porque proclamou a remissão dos pecados. A
confirmou ao se proclamar o Senhor do sábado e a revelou aos seus Apóstolos ao
apaziguar a tempestade. Enquanto apresenta a condição messiânica e divina de Jesus,
Lucas não deixa de trançar, com elas, a condição de fundador da Igreja que terá
a função de continuar a sua ação de evangelizador. Aliás, ao instituir outros
setenta e dois discípulos arautos do seu Evangelho diante da messe imensa que
proporcionará com a sua imolação, mostrou que muitos serão chamados para ser
anunciadores do Reino. Para Lucas, Jesus é, também, o novo Moisés que dita a
Nova Lei, que se caracteriza pela misericórdia. Como o Pai é misericordioso,
assim deve sê-lo o discípulo. Em relação ao Reino, terá que estar à altura da
sua missão de anunciador e pronto para o testemunho.
A
partir do momento em que Pedro o reconheceu como Messias, e Jesus o é porque
ungido pelo Espírito ao Batismo ao Rio Jordão, ele explicou de que forma
realizaria o Reino do Pai. Seria pela sua Morte, na condição de Servo de
Iahveh, para que triunfe na condição de Filho do Homem, Glória de Iahweh. Por
isso, os discípulos devem modificar a concepção que eles têm acerca do reino
messiânico. Dele participarão se, com ele, carregarem a cruz da obediência e da
humilhação. Aquele que é o maior tem que se tornar o menor e ser o servo de
todos. Uma visão difícil que nem a Transfiguração conseguiu lhes fazer
compreender. A compreenderão a partir do momento em que eles o contemplarão,
segundo as Escrituras, na condição de Senhor, ressuscitado dos mortos,
iluminados pelo próprio Espírito que Jesus lhes mereceu com a sua imolação. Ao
ler a Lei, os Profetas e os Salmos, à Luz do Espírito, entenderão como, em
Jesus, se realizaram as Escrituras que profetizavam que o Messias devia
ressuscitar dos mortos.
Lucas,
então, lembra que os discípulos têm uma grave responsabilidade com o seu
Senhor. Ele os julgará e os condenará se não tiverem vivido o Caminho que lhes
apresentou com a sua vida.
Perguntas
para uma reflexão
1ª) Quais são os sete quadros da
reflexão sapiencial de Lc 1-2?
2ª) De que forma Lucas apresenta
a condição messiânico-divina de Jesus?
3ª) Qual é o caminho para seguir
Jesus?
Cristologia (16) – O
Cristo do Evangelho de São João
À luz do Senhor ressuscitado, sob
inspiração do Espírito Santo, a Igreja apostólica deu início a uma longa
reflexão sobre o Jesus com o qual os Apóstolos tinham convivido e que conheceram
ressuscitado. João nos dá a reflexão, a mais aprimorada entre todos os
evangelistas, exatamente porque escrita já no fim do 1º século.
Cronologicamente, dizemos que, em primeiro lugar, a luz do ressuscitado
possibilitou a correta interpretação da própria Paixão e morte, vista como algo
que fazia parte do Plano de Deus para a redenção dos homens e que redundava em
glorificação do próprio Jesus. Ele não era só o Messias, era, também, o Filho
de Deus que, atuando em si os ideais do verdadeiro adão, pela sua obediência
até a morte e morte de Cruz, elevava a humanidade, assumida no tempo, à Glória
da divindade. A Igreja tinha, agora, nele, o seu Cabeça e Guia, no qual todo o
poder do Pai era manifestado. Em segundo lugar, foi possível entender o sentido
pleno da vida messiânica de Jesus: pelos sinais, se revelava cumpridor das
figuras messiânicas e antecipava o que realizaria com a sua imolação.
Com o prólogo, portanto, João
apresenta o Cristo Senhor, que a Igreja adora ressuscitado, por aquele que
realmente é: a Palavra desde sempre voltada para o Pai, que conhece o Pai, que
é criadora de tudo, e que, ao assumir a condição humana quer dar testemunho de
tudo o que sempre vê e conhece, para que, por ele, Luz do mundo, os homens
tenham a vida, saindo das trevas em que precipitaram por causa dos seus
pecados.
Através de João Batista, reconhecido
em Israel como profeta, toda a profecia pode ser aplicada a Jesus, com
segurança, reconhecendo nele o Cordeiro que tira o pecado do mundo, Aquele que
vem com o Espírito, e que existe desde sempre, que batiza no Espírito e que é o
Filho de Deus. Tudo está profeticamente contido nas Escrituras. Enquanto Jesus
as cumpre, delas revela o sentido e o sentido último da sua pessoa, nos abrindo
os horizontes para uma revelação definitiva da sua condição divina, que implica
um conhecimento da própria natureza trinitária de Deus.
A condição divina de Jesus terá a
sua plena manifestação na glorificação do Filho do Homem, mediante a atuação da
figura do Servo de Iahweh que oferece a sua vida em sacrifício, enquanto
carrega sobre si as nossas culpas. Pela sua imolação a humanidade será
desposada pela divindade e receberá a comunicação plena do Espírito Santo,
tornada, sobre Cristo Jesus pedra angular, o templo de Deus.
Enquanto a igreja vive na terra a expectativa
da manifestação gloriosa dos filhos de Deus, ela reconhece, no seu Mestre, o
seu Guia que a instrui pelo Espírito, lhe ensina as Escrituras, a guia, como
Moisés, no deserto enquanto a nutre com o alimento-sacramento do seu
sacrifício. Jesus é fonte para ela do Espírito, a água cristalina que comunica
a vida divina, é para ela a Luz do mundo, o Pastor, a Ressurreição e a Vida.
Um lugar já nos foi preparado. Para
quem vive segundo os mandamentos de Cristo já é dado de ter em si a vida da
Trindade santa, por meio do Espírito que faz dele um ramo da videira, que é
Cristo Jesus. Quando se manifestar o que somos, participaremos da mesma glória
que Cristo obteve, do Pai, com a sua imolação.
Perguntas
para uma reflexão:
1ª)
De que forma João aprimora a apresentação de Jesus em relação aos outros
Evangelistas?
2ª)
Qual é o sentido da Morte de Jesus, para João?
3ª)
Quais são os sinais na vida de Jesus que ilustram a graça alcançada pela sua
Morte de Cruz?
O Templo
O templo era uma construção que os
pagãos erigiam, em honra dos seus deuses enquanto Israel conheceu,
primeiramente, a Tenda da reunião, sacramento da presença de Deus no meio do
seu povo. Distinguia-se das outras tendas, mas era, ao mesmo tempo, uma entre
as muitas tendas do acampamento.
É segundo essa figura original pela
qual Deus significava a sua presença no meio do seu povo que devemos pensar em
Jesus como Templo. De fato ele é o Verbo que coloca a sua Tenda no meio de nós.
É presença santificante que, contudo, não tira a individualidade das tendas que
o circundam. (Ex 40,16-21.34-38: é levantada no primeiro dia do primeiro mês do
segundo ano. O seu levantamento estabelece um pacto entre Deus e o seu povo. O
Santuário é encoberto pela tenda. Nele está a Arca. A Glória de Iahweh envolve
a Tenda). É pela combinação das duas
figuras, da tenda e do povo com o qual Jesus forma um só corpo, que chegamos à
figura do Templo do qual Jesus é a Pedra viva sobre a qual somos edificados (Cl
2,6), tornados, nós mesmos, pedras vivas (1Pd 2,5) em virtude do Espírito que
Jesus nos comunica, como videira, da qual somos os ramos (Jo 15,1).
Aquele em quem "habita
corporalmente a Plenitude da divindade" (Cl 2,9), em virtude da sua
imolação, é o Templo do qual jorra a água da vida (Jo 7,37-39), realização da
profecia de Ezequiel: “Vi ali água que escorria de sob o limiar do Templo para
o lado do oriente, pois a frente do Templo dava para o oriente. A água escorria
de sob o lado direito do Templo, do sul do altar. (Ez 47,1). A figura de
Ezequiel revela que a água é figura do Espírito que vivifica as águas mortas e
faz prosperar as árvores que surgem nos ribeiros, fruto do sacrifício imolado
no Altar do Templo. Vivificados, formamos com ele o povo dos adoradores em
Espírito e Verdade que o Pai procura (Jo 4,23).
A construção do templo de Salomão,
além de manter as características do simbolismo da tenda no deserto, acrescenta
o conceito de Cristo que age nele como Rei-sacerdote, ao qual se une o povo na
celebração litúrgica do culto a Deus (1Rs 6-8): o templo é uma realidade
preciosa; nele estão os adoradores do Deus verdadeiro; a presença divina é
manifestada pela Nuvem que o envolve.
Enquanto o templo terreno pode ser
profanado seja pela idolatria, como pela cupidez do ouro, o Templo que está no
céu e que Jesus consagra com a sua morte (Jo 2; Ap 15-16), será habitado
somente por aqueles que lavaram suas vestes no sangue do Cordeiro (Ap 22,14)
Deus estará todo em todos e a Glória de Deus
que se manifestava na Tenda ou no Templo da terra, será contemplada pelos
santos na face de Nosso Senhor Jesus Cristo. O templo será Cristo Jesus, o
Verbo eterno que vive, para sempre, na humanidade, assumida pela Encarnação e
glorificada pela Ressurreição, e nós seremos suas pedras vivas: “22Não
vi nenhum templo nela, pois o seu templo é o Senhor, o Deus todo-poderoso, e o
Cordeiro” (Ap 21,22).
. Também, aqui na terra, dessa forma,
podemos entender como, pela liturgia, pela Escritura e pela vida, já podemos
ver a Deus e conhecê-lo (Jesus ressuscitado, o Espírito e, pelo Espírito de
Jesus ressuscitado, o Pai), nos tornando, assim, morada da Ssma. Trindade (Jo
14,23), os adoradores que o Pai procura.
"Deus de Israel, tu és o meu
Deus. A ti procuro. Minha alma tem sede de ti, minha carne desfalece por ti na
terra seca e sedenta, sem água. Por isso te contemplo no Templo, para ver teu
Poder e tua Glória" (Sl 63,2s).
Perguntas para uma reflexão:
1ª)
De que forma estamos relacionados a Cristo que colocou a sua Tenda entre nós?
2ª)
Qual é a figura do Espírito que nos é dado pela água que sai do lado aberto de
Cristo?
3ª)
Por que a Liturgia dominical nos torna adoradores em Espírito e Verdade?
Cristologia (18) -O Cordeiro imolado
"30Quando
Jesus tomou o vinagre, disse: 'Está consumado!' E, inclinando a cabeça,
entregou o espírito. 31Como era o dia da Preparação, os judeus, para
que os corpos não ficassem na cruz durante o sábado -porque esse sábado era um
grande dia!-, pediram a Pilatos que lhes quebrassem as pernas e fossem
retirados. 32Vieram, então, os soldados e quebraram as pernas do
primeiro e depois do outro, que fora crucificado com ele. 33Chegando
a Jesus e vendo-o já morto, não lhe quebraram as pernas, 34mas um
dos soldados traspassou-lhe o lado com a lança e imediatamente saiu sangue e
água. 35Aquele que viu dá testemunho e seu testemunho é verdadeiro;
e ele sabe que diz a verdade, para que vós creiais, 36pois isto
sucedeu para que se cumprisse a Escritura: Nenhum
osso lhe será quebrado. E outra Escritura diz ainda: Olharão para aquele que traspassaram.( Jo 19, 30-36)".
O
Filho do Homem que, com o Pai recebe, no céu, a mesma adoração, chegou à
glorificação da divindade pela sua imolação; a sua humanidade foi unida à
Glória da Divindade em virtude da sua plena caridade. Ele é o Cordeiro imolado
do qual não quebraram nenhum osso (v.36), princípio de libertação da escravidão
do Príncipe deste mundo (14,30) cuja figura, na história dos hebreus, é o
cordeiro pascal imolado a cada ano, no primeiro mês do ano, memorial da
libertação da escravidão do Egito (Ex 12,1-14). Jesus é o Cordeiro imolado no
qual o Pai já se comprazeu desde antes a criação do mundo (1Pd 1,19s) e sobre o
qual manifestou a sua complacência no momento do Batismo ao Rio Jordão, momento
em que o Filho, o Amado, é consagrado pelo Espírito para o sacrifício. Enquanto
a figura do cordeiro pascal se relaciona mais particularmente ao momento da
imolação de cruz, é a figura do Servo de Iahweh que ilustra os sentimentos do
Filho do Homem que caminha para a Cruz. Jesus é o Servo que viveu sempre atento
à voz do Pai, realizou a sua missão profética falando palavras de consolo aos
abatidos (Is 49) e se entregou voluntariamente aos seus algozes para expiar os
pecados de muitos, levado ao matadouro como um cordeiro que não abre a boca (Is
53).
Verbo
de Deus que assumiu a carne humana, depois de ter caminhado para a imolação na
humildade de filho de homem, realizada a redenção, se torna, na condição de
Cordeiro de Deus vitorioso, o Juiz dos vivos e dos mortos porque o Pai lhe
entrega todo poder. A sua morte foi uma elevação à condição régia, pela qual
Jesus agora governa todo o universo. O Cordeiro, que está sentado no trono com
o Pai (Ap 3,21; 5,13; 7,17; 22,1), julga, condena e destrói a Cidade terrena,
na condição de Leão da tribo de Judá, o Rebento de Davi que venceu, glorifica
os seus santos e os conduz às pastagens eternas (7,17). Na vida eterna, o
Cordeiro se torna o Esposo da Nova Jerusalém (21,22), e, sentado sobre o trono
da majestade divina com o Pai, a fonte do Espírito que sai, como água
cristalina, do trono da majestade divina (22,1).
“Digno
é o Cordeiro imolado de receber o poder, a riqueza, a sabedoria, a força, a
honra, a glória e o louvor...Àquele está
sentado no trono e ao Cordeiro pertencem o louvor, a honra a glória e o domínio
pelos sáculos dos séculos!" (5,13).
Perguntas
para uma reflexão:
1ª) Qual é a figura do AT que
ilustra Jesus na condição de Cordeiro imolado?
2ª) Por que a figura do Servo de
Iahweh completa a figura do cordeiro pascal?
3ª) Qual é a condição do Cordeiro
na vida eterna, segundo o Apocalipse?
A figura de Cristo na Carta aos Hebreus (19)
Num
contexto escatológico e no o intuito de exortar os fiéis a perseverar no fervor
da caridade, o autor da Carta aos Hebreus apresenta a figura de Jesus Cristo na
condição de Caminho “novo e vivo” (10,20) que o fiel deve percorrer. Ele é o
nosso irmão, na condição de adão verdadeiro que Deus Pai coroou “de honra e de
glória” (2,9), depois de tê-lo levado à perfeição, pelo sofrimento. No momento
da ressurreição, o consagrou Sumo Sacerdote segundo a ordem de Melquisedec,
quando respondeu aos seus clamores e súplicas, e a ele disse: “Tu és meu Filho,
eu hoje te gerei” (5,5). Um sacerdócio do qual o da Antiga Aliança era figura,
porque Jesus entrou uma vez por todas no Santuário do Céu, com o seu Sangue,
onde intercede por nós. Não era assim do antigo sumo sacerdote que, no Santo,
devia oferecer sacrifícios, primeiro, para os seus pecados, para entrar,
depois, a cada ano, no Santo dos Santos, com o sangue dos animais, que,
contudo, não é capaz de tirar os pecados. Coroado de honra e glória, Jesus,
realizada a redenção “sentou-se à direita da Majestade, no mais alto dos céus”
(1,3). Ele é o Filho que se tornou herdeiro de todas as coisas. Com ele
herdaremos os bens futuros se tornarmos a nossa vida um sacrifício semelhante
àquele que Cristo ofereceu sobre a Cruz. Para isso, não devemos “desertar as
nossas assembléias, como alguns costumam fazer” (10,25). Pelo contrário, é pela
contemplação de Jesus Cristo na sua glória, merecida pelos seus sofrimentos,
que evitamos de nos tornar lentos na compreensão e, conseqüentemente, nos
tornamos capazes de evitar o desânimo.
Se
existia no ânimo dos seus interlocutores, de origem judaica, um saudosismo pela
grandiosidade dos ritos do templo de Jerusalém, o Autor da Carta os exorta a
abandoná-lo e a considerar que é exatamente fora da Cidade que se encontram as
carnes do sacrifício do qual devemos nos alimentar (13,10-13). Em Jesus se
realizam as profecias porque ele é de condição divina, o “Resplendor da Glória
de Deus, a Expressão do seu Ser”, a Providência que sustenta o universo do qual
é o Criador (1,3). É nessa condição que leva à perfeição a humanidade assumida
e que a efusão do seu sangue obtém a remissão dos pecados, e nos purifica,
enquanto, respondendo à ação do Espírito Santo, cultivamos em nós os seus dons
até uma esperança que não será confundida. A dignidade do sacerdócio de Cristo
e a sua eficácia nos motivam profundamente a viver na perseverança, à
semelhança de muitos homens de fé que aceitaram até derramar o seu sangue,
certos de chegar à posse definitiva de bens superiores. Devemos ter o cuidado
de escutar Aquele que nos fala pelo Filho. Os que saíram do Egito, não obstante
tivessem visto as obras que Iahweh realizou em seu favor, por ter endurecido o
seu coração, não entraram no repouso prometido. Devemos evitar que isso
aconteça para nós. Herdeiros de um Reino inabalável, não podemos negligenciar
tão grande graça, anunciada, primeiramente pelo mesmo Jesus Cristo e, depois, a
nós transmitida pelos Apóstolos. Iluminados pelo Espírito, depois de ter
pressentido os bens futuros, enquanto degustávamos a Palavra de Deus, nossos
olhos fixos em Jesus que deu o seu testemunho até o derramamento do sangue,
corramos para o combate contra o pecado (12,1s), procurando nos purificar
sempre mais no Sangue de Cristo, a partir da celebração da sua Morte, pelo
louvor dos nossos lábios (13,15). Pela perseverança, chegaremos à esperança que
não será confundida, porque será como uma âncora lançada além do véu, “onde Jesus
entrou por nós, como precursor, feito sumo sacerdote para a eternidade, segundo
a ordem de Melquisedec” (6,20).
Perguntas para uma reflexão:
De que maneira o cristão percorre
o “Caminho novo e vivo” que Jesus traçou com a sua vida?
De que forma Jesus Cristo levou a
sua humanidade à perfeição?
Por que o sacerdócio de Cristo é
superior ao da Antiga Aliança?
Cristologia
(20) - O Cristo do Apocalipse (I)
No
Apocalipse temos a mais extensa descrição de Jesus Cristo na sua condição
gloriosa. Juntamente com os outros Apóstolos, João chegara, pela reflexão sobre
a tumba vazia, à visão do Senhor na glória da Ssma. Trindade. Os outros
Apóstolos, contudo, não tiveram a oportunidade de ilustrar, em toda a sua
extensão, a figura do seu Senhor, como, de fato, a teve João, ao expor a sua
escatologia.
A
condição gloriosa, segundo a qual devemos considerar Jesus Cristo partícipe,
segundo a natureza humana assumida, da vida da Trindade santa, é fundamental
para entender a figura do Senhor do Apocalipse. Jesus Cristo é, agora, o “Eu
sou, o Alfa e o Ômega,... o Senhor Deus, Aquele-que-é, Aquele-que-era e
Aquele-que-vem, o Todo-poderoso” (1,8). O vocábulo teológico que João utiliza
para expressar toda a dignidade divina de Jesus Cristo é o da “Glória de
Iahweh”, tirado de Ezequiel e que Daniel desenvolve. Em Ez 1, a Glória de
Iahweh é o próprio Deus que vem para julgar a Cidade (Ez 10,2), enquanto se
manifesta como núcleo de fogo numa nuvem grande, tempestuosa. O seu poder,
representado pelas figuras do homem, do leão, do touro e da águia, se estende
sobre toda a terra. O acompanha o Espírito de Deus, que está nele como fogo, do
qual se desprendem luzes que vão e voltam como fagulhas e que são semelhantes a
olhos que vigiam sobre toda a terra. Ez 1,26-28 vê essa Glória de Iahweh,
enquanto relacionada com a vida do próprio Deus no céu, como a figura de um
Filho do Homem, fogo dos quadris para baixo, fogo dos quadris para cima,
sentado sobre um trono de safira. Daniel desenvolve a figura de Ez 1,26-28
gancheada a Ez 40,3, e a torna o Anjo Gabriel que lhe explica as Escrituras:
“Um homem revestido de linho, com os rins cingidos de ouro puro, seu corpo
tinha a aparência do crisólito, e seu rosto, o aspecto do relâmpago, seus
olhos, como lâmpadas de fogo, seus
braços e suas pernas como o fulgor do bronze polido, e o som de suas palavras
como o clamor de uma multidão” (Dn 10,5s). Em Dn 7, a Glória de Iahweh é vista
na condição de Filho do Homem que vem sobre as nuvens, para receber do Pai todo
poder, que é, também, comunicado aos santos do Altíssimo (v.27). João, à luz de
tudo aquilo que lhe foi dado conhecer do seu Mestre, particularmente em virtude
da sua ressurreição, modifica a figura profética da Glória de Iahweh, Filho do
Homem, por meio da conotação do Cordeiro imolado que venceu, para ilustrar a
Pessoa divina do Senhor Jesus em todas as suas prerrogativas, enquanto o
contempla na Vida Trinitária (Ap 4-5). Ap 4 é o máximo da visão de Jesus Cristo
na glória da vida trinitária porque, aquele que, pela carne assumida, se fez
homem, no céu recebe a mesma adoração com Deus Pai.
O
Cordeiro imolado é, portanto, o Filho que o Pai enviou ao mundo e que, elevado
da terra, atrai todos os homens a si. Essa é a condição daquele que vem sobre
as nuvens (1,7): resume em si a condição humana de Jesus e a condição de Glória
de Iahweh, com o poder de julgar, porque foi glorificado em virtude da sua
imolação. De fato, a sua morte de Cruz, não foi somente o meio pelo qual Jesus
Cristo nos purificou dos nossos pecados e fez de nós um reino e sacerdotes para
Deus Pai; foi, também, a condição pela qual a sua Humanidade alcançou toda a
Glória do Pai, a sua Glória (Hb 2,3), “possuída desde antes a criação do mundo”
( Jo 17,5), e a efusão plena do Espírito sobre os seus irmãos.
Perguntas
para uma reflexão:
1ª) Qual é a figura profética que anuncia
Jesus como Glória de Iahweh-Filho do Homem?
2ª) Qual é a outra figura que completa a
primeira e que João adota para descrever Jesus na sua condição definitiva, no
céu?
3ª) O que Jesus mereceu para si com a sua
Morte de Cruz, além de merecer para nós a Redenção?
Cristologia
(21) - O Cristo do Apocalipse (II)
O
Cordeiro imolado que é o Filho do Homem, a Glória de Iahweh manifestada na
carne (Jo 1,14), e que, agora senta no trono da majestade divina “com o aspecto
de uma pedra de jaspe e cornalina, e um arco-íris envolvendo o trono com
reflexos de esmeralda” (Ap 4,3), é o Senhor das igrejas que os fiéis devem
escutar quando lhes fala pelo seu Espírito.
Ele
é Deus Criador, Senhor do mundo. Nessas condições, além de ser o Senhor das
igrejas é Aquele que julga os homens: condenará a Cidade terrena e as cidades
das nações, enquanto glorificará os santos. Já manifestou o seu poder ao
retirar do Antigo Israel a missão de anunciar a salvação para entregá-la aos
Apóstolos, constituídos novo Israel (10, 8-11). Ao termo de todas as provações
que a Igreja tem que sofrer pela ação do Dragão, “a antiga serpente, o chamado
Diabo ou Satanás, sedutor de toda a terra habitada” (12,9), glorificará os
santos, enquanto esmagará os maus no lagar da ira de Deus (14,19;19,15).
Em
Ap 15-16 Jesus, Glória de Iahweh, se apresenta na sua condição de Rei-Sacerdote
para fazer conhecer aos seus servos qual é o poder pelo qual a sua Morte vinga
os mártires. Por ela os maus têm que beber o cálice do furor de Deus, os reis
da terra são vencidos, enquanto o Templo que está no céu é consagrado para que
nele entrem os que venceram o Dragão “pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do
seu testemunho, pois desprezaram a própria vida até à morte” (12,11). É a visão
atualizada de Dn 7 onde o Filho do Homem recebe do Pai todo Poder (v.14) do
qual, a final, participa o povo dos santos do Altíssimo (v.27).
Ap
19,11-21,8 está em paralelo com Ap 15-16 porque representa a mesmo triunfo de
Jesus Cristo na condição de Verbo de Deus, revestido com o manto embebido de
sangue, enquanto o acompanha a Glória do seu poder, simbolizada por exércitos
do céu, vestidos de linho resplandecente. Desta Glória se revestirão os
mártires aos quais foi concedido de “vestir-se com linho puro resplandecente”
(19, 8.14), porque lavaram suas vestes no sangue do Cordeiro. Participarão,
também, do seu Espírito, porque, à semelhança da natureza da Glória de Iahweh
(Ez 1,13), “no tempo de sua visita resplandecerão e correrão como fagulhas no
meio da palha” (Sb 3,7).
O
Cordeiro imolado que, no fim do Apocalipse resume em si, de forma
incontestável, todas as prerrogativas da Glória de Iahweh, é a figura que mais
plenamente inclui em si, todos os aspectos d´ “Aquele que nos ama, e que nos
lavou de nossos pecados com seu sangue e fez de nós uma realeza de sacerdotes
para Deus, seu Pai” (1,5). É por ele que se realizam os esponsais que o Deus de
Israel prometeu ao seu povo, por meio de Oséias (Os 2,20-22). Para a Cidade
santa, no céu, ele se torna, com Deus Pai, a Lâmpada, a fonte da água viva que sai
do trono onde está sentado com o Pai. Esse é o Senhor ao qual a Igreja quer
unir-se. Prepara o seu encontro movida pelo Espírito, enquanto celebra o seu
Senhor em cada dia de domingo, contempla a sua grandeza pelas Escrituras e vive
no fervor da caridade, na sã doutrina, na prática das boas obras e no
testemunho.
Perguntas para uma reflexão:
1ª) De que forma João caracteriza a condição
divina de Jesus?
2ª) Qual é a função do Filho do Homem em
relação à Igreja e à Cidade terrena?
3ª) O que são os esponsais do Cordeiro com a
Nova Jerusalém?
Cristologia
(22) - O Cristo do Apocalipse (III)
O
Cristo do Apocalipse é uma figura amadurecida e ditada pelo amor profundo que
João sente pelo seu Mestre. O fundamento da teologia da Pessoa daquele que, em
virtude da sua vitória sobre a morte é, agora, Senhor, é sempre a experiência
histórica que dele o apóstolo teve. Aliás, é ela a motivação do hino que a
Igreja na terra eleva ao seu Senhor, juntamente com a Igreja celeste: “Àquele
que nos ama e que nos lavou dos nossos pecados com o seu sangue, a ele a glória
e o domínio pelos séculos dos séculos” (Ap 1,5s). Nessa linha, a primeira
característica que João lembra de Jesus é aquela de ter sido a ‘Testemunha
fiel’. Assim é celebrado o Senhor da Igreja em cada primeiro dia da semana.
Mas, porque se tornou Senhor, ele é, também, o Filho do Homem que venceu e que,
portanto, está sentado no trono da majestade com o Pai. Em Jesus glorificado se
realiza a figura da Glória de Iahweh de Ezequiel. Nessa condição, no céu,
recebe, com o Pai, a mesma adoração e, em relação à Cidade terrena se torna o
Juiz que a condena. A figura do Filho do Homem e do Cordeiro se identificam. De
fato, quem lida o culto das Igrejas aos domingos é o Filho do Homem descrito
com as prerrogativas régias e sacerdotais e a sua condição de Deus; quem ceifa
e esmaga os maus é ainda o Filho do Homem, o mesmo que, na condição de Cordeiro
imolado, na sua ira destrói a Cidade terrena. Jesus é a Glória de Iahweh, o
Filho do Homem que julga a História e o faz com a sentença que pronuncia do
alto da Cruz: ‘Está consumado’. É o Servo de Iahweh que, glorificado por ter
dado a sua vida em resgate de muitos, vinga os seus mártires destruindo
definitivamente a Cidade das nações. O julgamento já está em ato, o que é de
grande consolo para os fiéis chamados a suportar uma tribulação superior às
suas forças. E eles têm o Senhor que os admoesta pelo seu Espírito enquanto
acena à recompensa destinada àqueles que ouvem o que o Espírito diz às igrejas:
a árvore da vida, a coroa, o nome na pedrinha branca, a Estrela da manhã, a
veste branca, a morada no Templo do céu, o trono do Pai. Na condição de
Cordeiro, Jesus desposará a Igreja, tornada a Nova Jerusalém, revestida de
linho resplandecente.
O
ápice da condição gloriosa de Jesus Cristo, Senhor da Igreja é apresentado pelo
título de Verbo de Deus (19,13), que inspirará, mais tarde, o prólogo do
Evangelho de São João. De fato, tudo o que diz respeito a Jesus Cristo está
resumido na alegoria do Cavaleiro que vem montado sobre um cavalo branco, com a
espada da verdade, a coroa com muitos diademas, o manto embebido de sangue, o
nome de ‘Verbo de Deus’ inscrito na sua coxa. Ele esmaga as nações com seu
cetro de ferro e as entrega em pasto às aves do céu.
Num
crescendo que partiu da condição humana de Jesus Cristo, a ‘Testemunha fiel’,
Jesus foi, aos poucos se revelando o ‘Primogênito dentre os mortos’, esperança
dos que morrem por causa da Palavra, e ‘Príncipe dos reis da terra’, porque o
Pai lhe entregou o poder de julgar. A sua condição divina que o título ‘Verbo
de Deus’ ilustra de forma única, porque o representa como a Palavra criadora, a
Sabedoria, desde sempre voltada para o Pai, a ‘Expressão do seu Ser’ (Hb 1,3),
se desdobra nos títulos de Filho do Homem e Cordeiro que ilustram a condição de
Jesus como Verbo de Deus que se fez carne e que deu a sua vida sobre a Cruz.
Pela sua Morte consagrou o Templo que está no céu, onde entram os que praticam
a justiça, e condenou os maus ao lago de fogo.
Cada
comunidade local está em condições de celebrar todos esses mistérios e renovar
a sua vigilância, na expectativa da vinda do seu Senhor, a cada domingo,
meditando a Profecia e fazendo memória daquele que esteve morto, mas que agora
está vivo e tem as chaves da Morte e dos Hades.
Perguntas
para uma reflexão:
1ª) Por que João começa a celebração do
Senhor com o título de “Testemunha fiel”?
2ª) Qual é a função do Senhor, na condição de
Filho do Homem-Glória de Iahweh, em relação ao mundo?
3ª) Por que o título de “Verbo de Deus” é o
ápice do reconhecimento de Cristo Senhor?
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